|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Padrão de expansão da indústria foi quebrado, diz Iedi
Produção de bens duráveis, como carros e eletrodomésticos, não terá como continuar sustentando crescimento do setor, avalia instituto
Entidade de empresários diz que meta de investimentos está comprometida e pede mais ações do governo para reanimar economia do país
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O padrão de crescimento do
setor industrial nos últimos
anos foi quebrado em outubro
pela crise financeira internacional, avalia o Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Segundo
Rogério Cesar Souza, economista do instituto, já eram esperadas quedas na atividade da
indústria em outubro, mas os
efeitos da crise de crédito global foram muito mais generalizados do que se supunha.
De acordo com ele, já era previsto que segmentos muito dependentes do crédito, como o
automobilístico, tivessem sido
afetados, mas o resultado de
outubro revelado ontem pelo
IBGE demonstra que o impacto atingiu setores inteiros, como a indústria de bens duráveis
(como eletrodomésticos e veículos), de bens intermediários
(insumos industriais) e de bens
de capital (máquinas e equipamentos) -esta a que apresentava desempenhos mais fortes.
"O padrão de crescimento da
indústria nos últimos tempos
estava concentrado nos setores
de bens duráveis e bens de capital. A indústria de bens não-duráveis, que é grande empregadora e reúne o vestuário e o calçado, já não estava bem. Agora,
com a queda dos setores que seguravam o crescimento, o governo precisa tomar medidas
corretas para fazer essa indústria voltar a produzir", afirmou
Souza. Nos últimos meses, as
indústrias de bens de capital e
de bens duráveis já respondiam
por mais de 40% do crescimento industrial.
Para Souza, o governo já tomou medidas corretas para fomentar o crédito, mas a ação
chegou atrasada. A partir de
agora, o governo deve manter
políticas de crédito, fiscal e monetária corretas para reverter o
resultado de outubro, diz. O Iedi avalia que a meta de investimento da indústria também está comprometida.
Desânimo
A queda de confiança já foi
capturada num dos mais importantes setores da economia:
a construção civil. A redução
dos lançamentos imobiliários
afetou as decisões de investimento da indústria fabricante
de material de construção. Sondagem mensal da Abramat (Associação Brasileira da Indústria
de Materiais de Construção)
mostra que a expectativa de investimentos nos próximos 12
meses entre o empresariado
voltou a cair em novembro para
58% dos entrevistados.
Em abril, 72% do empresariado confirmava as pretensões
de investimentos no período de
um ano. O percentual dos industriais interessados em investir havia caído para 61% entre setembro e outubro.
De acordo com Melvyn Fox,
presidente da Abramat, o setor
acredita ainda num bom desempenho de vendas neste ano,
mas não nutre a mesma esperança para 2009.
Texto Anterior: Paulo Rabelo de Castro: Temeridade em dobro Próximo Texto: Mais empresas param produção no mês passado Índice
|