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Juro alto reduz o lucro dos bancos,
diz BC
Levantamento mostra que ganhos de instituições que atuam no país caíram 26% no terceiro trimestre em relação ao segundo
Mas queda não significa que o setor esteja enfrentando grandes dificuldades, pois
o lucro acumulado de julho
a setembro somou R$ 9,8 bi
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antes mesmo do agravamento da crise internacional, o lucro dos bancos que operam no
Brasil encolheu no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Pressionados
pelos maiores custos impostos
pela alta da taxa Selic, os ganhos apurados pelas instituições financeiras recuaram 26%
nesse período.
Os números constam de levantamento feito pelo Banco
Central a partir das demonstrações financeiras fechadas pelos
101 bancos comerciais que
atuam no país. Mas isso não significa que o setor bancário como um todo esteja enfrentando
grandes dificuldades, já que o
lucro acumulado entre julho e
setembro ainda é expressivo:
somou R$ 9,8 bilhões, levando
o resultado dos primeiros nove
meses do ano para R$ 35,4 bilhões, com alta de 12% em relação ao mesmo período de 2007.
O que os números indicam é
que no terceiro trimestre já se
observavam casos -alguns
mais graves que outros- de
instituições financeiras que enfrentavam dificuldades para
equilibrar suas contas depois
que o BC retomou seu processo
de alta dos juros. E, quando a
crise se intensificou, no final de
setembro, esses problemas se
agravaram ainda mais.
Entre os dez maiores bancos
do país, por exemplo, a redução
no lucro no terceiro trimestre
foi de 13%. Já entre as instituições que estão entre a 11ª e a
40ª posições da lista do BC, a
queda foi de 58%.
Foi em abril que o Copom
(Comitê de Política Monetária
do BC) começou a elevar a taxa
Selic, o que não ocorria desde
2005. Os juros, que estavam em
11,25% ao ano, chegaram a
13,75% em setembro -nível em
que se encontram até hoje.
A alta levou ao aumento no
custo de captação dos bancos.
No terceiro trimestre, as instituições que operam no país gastaram R$ 47,5 bilhões para conseguir recursos no mercado financeiro, valor 44% maior do
que no trimestre anterior.
Essas despesas estão atreladas a operações feitas pelos
bancos para captar dinheiro.
Bancos maiores têm mais facilidade para obter dinheiro com
clientes, por meio de depósitos
em conta corrente, por exemplo. Mas instituições menores
são mais dependentes de lançamentos de CDBs e de empréstimos oferecidos por outros bancos, que ficaram mais caros
com o aperto feito pelo BC.
Em tese, esse custo maior pode ser compensado com juros
mais altos nos empréstimos e
com a negociação de títulos públicos, que ficam mais rentáveis com a Selic mais alta.
A cobrança de tarifas, item
que normalmente ajudaria a
reforçar o lucro dos bancos, registrou queda no terceiro trimestre. Entre julho e setembro, a receita obtida pelas instituições com a prestação de serviços totalizou R$ 13,7 bilhões,
4,7% menos do que o valor apurado entre abril e junho.
O recuo no faturamento com
tarifas pode ser explicado por
dois fatores. Nas operações
com pessoas físicas, regras
mais rígidas para esse tipo de
cobrança impostas pelo governo em abril podem estar limitando os ganhos dos bancos.
Já entre as empresas, a queda
nas Bolsas e o maior nervosismo dos investidores entre
agosto e setembro fizeram algumas companhias adiarem
seus planos de lançar ações ou
de emitir títulos no mercado
internacional, o que reduz os
ganhos com a cobrança de comissões por parte dos bancos.
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