São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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Montadoras querem US$ 34 bilhões do governo dos EUA

GM afirma que precisa de US$ 4 bilhões ainda neste mês e que empréstimo é "crucial" para financiar suas operações

Vendas das montadoras nos EUA chegaram no mês passado ao menor nível em 26 anos; quedas de GM e Chrysler superam os 40%


DA REDAÇÃO

Em meio a uma das piores crises da história do setor, com as vendas atingindo o menor nível em 26 anos, a GM, a maior montadora mundial, pediu US$ 18 bilhões ao governo dos EUA e disse que US$ 4 bilhões são necessários ainda neste mês, em clara indicação dos seus graves problemas. Já a concorrente Ford solicitou ao governo metade daquele valor.
A Chrysler pediu US$ 7 bilhões, o que fez com que o total de pedidos chegasse a US$ 34 bilhões (1% do PIB alemão), quase 50% mais que o valor que o Congresso estudava emprestar às três grandes montadoras.
A GM afirmou que precisa de US$ 4 bilhões neste mês para continuar operando, aumentando ainda mais os temores de concordata. "Os primeiros US$ 4 bilhões são cruciais", disse o presidente operacional da GM, Frederick Henderson. "Sem o apoio [do governo], a empresa simplesmente não consegue financiar as suas operações."
No início do mês passado, a GM disse que, no final do terceiro trimestre, contava com US$ 16,2 bilhões em caixa, pouco acima dos US$ 11 bilhões que ela diz ser o mínimo necessário.
A empresa, que promete fazer cortes profundos de trabalhadores, fábricas e salários de executivos para conseguir o apoio do Congresso, disse que precisa de mais US$ 10 bilhões para 2009, além de uma linha de US$ 6 bilhões que seria usada caso a situação piore mais.
Os US$ 18 bilhões representam pouco menos que o PIB uruguaio e 10% do que a General Motors faturou em 2007.
A Ford, a segunda maior montadora dos EUA, disse que não pretende usar os US$ 9 bilhões (cerca de 5% da sua receita em 2007), a não ser que a crise do setor automotivo piore. "Os empréstimos governamentais serviriam como importante precaução ou salvaguarda contra a piora das condições", afirmou em comunicado.
Ela afirmou que está mais bem preparada para enfrentar a crise do que a GM e a Chrysler, mas que seu futuro está atrelado ao das rivais. A empresa disse que não espera passar por crise de liquidez no próximo ano, "salvo um pedido de concordata por um dos nossos competidores domésticos ou uma retração econômica mais grave, que debilite ainda mais as vendas automotivas".
Os dirigentes de GM, Ford e Chrysler serão ouvidos novamente amanhã e na sexta-feira pelo Congresso americano, em busca de empréstimos para o setor. Depois das críticas por viajarem em jatinho das empresas, eles devem ir de carro e prometem, se receberem o empréstimo, trocar salários milionários por US$ 1.
A presidente do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, afirmou que "concordata não é uma opção. Todo mundo sai perdendo com a concordata, inclusive a nossa economia".
As vendas continuaram despencando no mês passado nos EUA, atingindo o menor nível desde 1982. GM e Chrysler tiveram quedas nas vendas superiores a 40%, e as de Toyota e Ford recuaram mais de 30%.


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