São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2004
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SOSSEGA MERCADO Após turbulência financeira, ministro da Fazenda dá entrevista, nega divergências internas e mostra otimismo Política monetária não muda, diz Palocci
SÍLVIA MUGNATTO INFLAÇÃO - As pressões inflacionárias estão muito concentradas
em fatores sazonais como aumento de escola, transporte coletivo e
produtos influenciados pelo clima. Esses preços têm mostrado
uma repercussão maior. Não
quer dizer que não possa ser outro nível de problema. SELIC - O governo pode adotar
uma postura mais conservadora?
Não vejo o porquê. Existe uma expectativa em termos de crescimento, em termos de política monetária para o ano e não há indicação de que isso deva mudar. O
próprio Copom [Comitê de Política Monetária] publicou nota dizendo que havia suspendido temporariamente o processo de queda das taxas de juros. Não retirou
a perspectiva de uma curva de
queda. JUROS NOS EUA - Não é uma piora verde-amarela [dos indicadores, por causa de uma eventual alta das taxas de juros nos EUA].
Houve uma desvalorização em
todos os países emergentes e um
aumento do risco. Esse é um efeito esperado quando o Fed dá esse
sinal. Eu recebi muito uma pergunta antes da guerra no Iraque:
Quais são as medidas drásticas
que o ministro vai tomar diante
da possibilidade da guerra? Os indicadores melhoraram com o início da guerra porque eles já estavam precificados. O Brasil estaria
preparado para as mudanças? Só
temos feito isso nesse último período. Melhoramos o perfil da
nossa dívida, reduzimos nossos
compromissos cambiais, estamos
melhorando nossas reservas e fizemos um acordo preventivo
com o Fundo Monetário Internacional. As coisas já estão mais calmas. Peço licença para não ser
pessimista. FOGO AMIGO - Não há, na verdade, um questionamento da política econômica dentro do governo.
Há a expectativa de que, com o
Brasil melhorando, nós possamos
fazer mais. Acho que esse sentimento é positivo. Mas é preciso
equilibrar a nossa vontade, pois,
se o país fizer mais do que o que é
possível, ele constrói uma conta a
ser paga. Mudar de rota nesse
momento seria incompreensível. DÍVIDA E SUPERÁVIT - Às vezes as
aparências nos trazem uma fotografia da dívida mais preocupante
do que ela é. Ela aumentou pouco
mais de 3,5%, enquanto a inflação
foi de pouco mais de 9% em 2003.
Não há motivos para acreditar
que a dívida não possa cair neste
ano. Se o Brasil tivesse feito um
esforço fiscal nos oito anos anteriores a 2002, a dívida seria de até
26,5% do PIB [Produto Interno
Bruto] no final de 2002 [hoje é de
58,2%]. Algumas pessoas olham o
valor nominal da dívida no final
do ano passado e acham que o esforço deu pouco resultado. Mas
ela teve um comportamento bom
no ano passado e neste ano começará a ser reduzida depois de dez
anos. |
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