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SOSSEGA MERCADO
Risco-país termina o dia em ligeira queda, aos 511 pontos
Investidores dão trégua, Bolsa tem alta e dólar recua
SANDRA BALBI
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro viveu ontem um dia de correção geral de
preços, com queda do risco-país,
alta da Bolsa e recuo dos juros no
mercado futuro. Parte da melhora, segundo analistas, deve-se ao
tom "tranqüilizador" da entrevista dada pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
A reação, porém, foi principalmente um "ajuste técnico" feito
pelo mercado depois de uma semana em que o risco-país subiu
97 pontos e a Bovespa recuou
10,7%. Ontem, a Bolsa fechou
com alta de 2,27%, e o risco-país
caiu 14 pontos, fechando em 511
pontos. O C-Bond, principal título da dívida, subiu 0,83%, cotado
a 97,812% do valor de face.
Depois de sete altas seguidas, o
dólar recuou 0,78% e fechou a R$
2,9190. A exemplo da véspera, o
BC não interveio comprando dólares, como fazia regularmente
desde janeiro.
"O mercado está voltando à
normalidade, a piora dos últimos
dias foi resultado de muito barulho por pouca coisa", avalia Walter Mundel, vice-presidente da
Sul América Investimentos.
A fala de Palocci teve impacto
apenas no mercado futuro de juros, segundo os analistas. "Houve
um recuo marginal da taxa de juro dos contratos de DI de um ano
[vencimento em janeiro de
2005]", diz Octávio de Barros,
economista-chefe do Bradesco.
Essa taxa recuou de 15,82% ao
ano, no fechamento da segunda,
para 15,66% ontem. O movimento significa que o mercado aposta
na queda do juro básico da economia, a Selic, hoje em 16,5% ao ano.
Após a última reunião do Copom -e a divulgação da ata da
reunião apontando uma retomada da inflação para justificar a
"suspensão temporária" dos cortes dos juros-, os agentes financeiros começaram a rever seus cenários e a realocar aplicações. "Isso derrubou os preços dos ativos", diz Jorge Simino, da MS
Consult.
Esse movimento, aliado a uma
possível recuperação das taxas de
juro americanas ainda no primeiro semestre, levou os "hedge
funds" a "vender Brasil", no jargão do mercado. A saída desses
investidores, no final de janeiro,
ajudou a chacoalhar a Bolsa e o
câmbio.
O que deverá dar o tom da movimentação financeira nas próximas semanas são os novos indicadores de inflação. "São esses dados que darão a sinalização de
quando o BC voltará a cortar os
juros", diz Eduardo Rezende, da
Mellon Global Investment.
Os analistas também vão ficar
de olho nos dados sobre desemprego nos EUA, que serão divulgados na sexta-feira. "Se esse indicador sair ruim, o Fed [o BC americano] poderá postergar a alta
dos juros, o que terá impacto nos
mercados emergentes como o
Brasil", diz David Beker, economista para a América Latina da
corretora Merrill Lynch.
Para Walter Mendes, do Itaú, a
leitura do mercado é que, se houver aumento dos juros americanos, é sinal de que o crescimento
do país está forte, o que beneficiará países que exportam para os
EUA -como México, Coréia do
Sul e Taiwan. "Os investidores de
mercados emergentes migrarão
para aqueles países, reduzindo
exposição em Brasil."
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