São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

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BANCOS

Nossa Caixa prevê ampliar crédito a estatais paulistas

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de pagar R$ 2,1 bilhões pela folha de pagamento do Estado de São Paulo, em 2007, a Nossa Caixa prepara mais uma investida no setor público. Só que, desta vez, os esforços serão dirigidos às empresas fornecedoras do governo e das estatais.
"Vamos intensificar as ações comerciais junto aos fornecedores do Estado e prestadores de serviços que já recebem pela Nossa Caixa", diz Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Nossa Caixa. "A intenção é abrir linhas de capital de giro, empréstimos e adiantar os recebíveis do governo."
Com a iniciativa, o banco espera aumentar sua carteira de crédito à pessoa jurídica, que no ano passado foi de R$ 1,8 bilhão, em 58%. Ao ano, o Estado movimenta, por meio da Nossa Caixa, R$ 80 bilhões. Desse total, R$ 28,5 bilhões são provenientes da folha de pagamento.
"Visitei os presidentes de DER, Dersa, CPTM e Metrô e vou à Sabesp para estreitar essas parcerias", diz. "A partir do momento em que o banco sabe das prioridades e dos projetos aprovados por cada estatal, pode direcionar melhor seus esforços."
Isso significa, diz Melo, oferecer empréstimos com taxas competitivas, pois a garantia de recebimento é alta.
Dos 300 mil clientes pessoas jurídica da Nossa Caixa, cerca de 80% são ou já foram fornecedores do Estado de SP. Os pagamentos do governo só ocorrem por meio do banco e é necessário manter nele uma conta corporativa.
A Nossa Caixa também pretende aumentar as linhas de financiamento a importação e exportação. A meta é dobrar a carteira de câmbio, que no ano passado foi de US$ 60 milhões.
"Criamos uma plataforma para a pessoa jurídica", diz Melo. "Nos últimos dois meses de 2007, nossa carteira de crédito a empresas aumentou 13%."
O banco também espera contratar, nas próximas semanas, cinco ou seis empresas que vendem crédito a pessoas físicas. A perspectiva é aumentar essa carteira, hoje de R$ 7 bilhões, em 50%.
Segundo Melo, o banco tem conseguido melhorar o retorno com a folha de pagamento do Estado. Hoje, os 600 mil correntistas rendem à Nossa Caixa em média o dobro do que há um ano.
Investidores e analistas, no entanto, têm penalizado o banco desde a aquisição. "A expectativa era que a folha viesse para o banco sem custo, o que não aconteceu", afirma Maria Laura Pessoa, analista da Fator Corretora.
Outro problema, diz ela, é o fato de o Estado já ter manifestado a intenção de usar R$ 1 bilhão em depósitos judiciais feitos no banco.
"Mesmo estando no Novo Mercado [da Bovespa], há riscos ao acionista minoritário de que o banco seja usado com fins políticos", diz. "O governo põe em cheque as boas práticas de governança corporativa e a Nossa Caixa precisa conquistar de novo a confiança do acionista."


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