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Economia de luz pune consumidor
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
Boa notícia: com o racionamento, o consumidor residencial
aprendeu a economizar energia.
Má notícia: o gasto inferior deve
ter como consequência um reajuste maior nas tarifas.
No ano passado, no Estado de
São Paulo, o consumo de energia
das casas foi 2% menor do que em
2001 -ano em que começou o racionamento, no 2º semestre.
Segundo os dados da Secretaria
de Estado da Energia, o consumo
de luz dos paulistas como um todo ficou praticamente estável em
2002, ao apresentar leve alta de
0,8%, puxada principalmente pelas indústrias, que consumiram
2,2% a mais do que em 2001.
Bom para uns, ruim para outros: como os consumidores residenciais pagam tarifa mais alta, a
economia acabou por reduzir a
rentabilidade das redes das distribuidoras.
"A rede de distribuição é a mesma, mas, com o consumo menor,
ela fica subutilizada, e o retorno é
menor. Quando esse dado é analisado na hora do reajuste, chega-se
à conclusão de que a tarifa deve
subir mais", afirmou Sergio Tamashiro, 38, analista do setor de
energia do Unibanco.
Isso porque, segundo Tamashiro, a fórmula para o cálculo do
reajuste leva em conta a remuneração que a distribuidora obtém.
"Se ela não é adequada para o
equilíbrio da empresa, isso é compensado no reajuste da tarifa."
Então, o consumidor é punido
por economizar? "Infelizmente, o
consumidor não tem benefício ao
poupar. É uma perversidade do
modelo", disse Tamashiro.
Essa "perversidade" pode ser
traduzida nos números das distribuidoras. Na comparação dos períodos de 1º de janeiro a 30 de setembro de 2001 e de 2002, a Eletropaulo verificou aumento de
6,8% no total de clientes residenciais, queda de 8,3% no consumo
dessa classe e elevação de 25% na
receita.
Planejamento
Embora não esperassem por
uma volta do consumo aos níveis
pré-racionamento, as empresas
foram pegas de surpresa com esse
nível de economia ainda maior do
que o da época de restrição.
Marco Antonio Siqueira, 45, diretor de planejamento de comercialização da CPFL, diz que a empresa se preparava para uma recuperação do consumo das residências, não um decréscimo em
relação ao racionamento.
"Nosso planejamento se baseou
numa recuperação parcial do
consumo nos setores residencial e
comercial", afirmou. Na área de
concessão da CPFL, as casas gastaram 1% a menos de luz em 2002
do que nos 12 meses anteriores.
"A elevação da tarifa em reais e a
crise de renda pela qual o país
passou em 2002 colaboraram para essa situação [retração do consumo de luz". Mas esse consumidor representa 20% ou mais do
mercado. Então, o planejamento
vai para o vinagre", disse Siqueira.
Na área da Elektro, embora as
residências tenham gasto mais no
ano passado, a elevação do consumo nessa classe ficou aquém do
que a empresa planejava, informou sua assessoria de imprensa.
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