São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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Trio de empresários começou ascensão na década de 80

MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO

Protagonistas da criação da maior fabricante de cerveja do mundo, os empresários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles são temidos, admirados e odiados no ramo dos negócios.
Nos anos 80 e 90, eles personalizaram o estilo agressivo que caracterizou a ascensão do Banco Garantia, fundado por Lemann em 1971 e que se tornou a principal instituição de investimentos do país. A obsessão por resultados e um modelo de administração inovador levaram o banco a ser descrito pela revista norte-americana "Forbes" como a versão brasileira do Goldman Sachs (EUA).
Nos anos 90, fundaram a GP Investimentos (1993), inicialmente uma administradora de "private equity" (fundos formados para comprar empresas ou participações). Companhias eram compradas, valorizadas e vendidas a um preço maior. Em alguns casos, como no da rede de supermercados Sé, a aquisição e a venda ocorreram no mesmo ano (1997).
Mas a compra da Brahma, em 1989, talvez tenha sido o caso mais emblemático. O então presidente Karl Hubert Gregg estava temeroso de uma possível vitória do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais daquele ano e vendeu para Lemann, por US$ 60 milhões, uma empresa que tinha um faturamento de cerca de US$ 15 milhões por ano. Após seis anos, ela faturava US$ 260 milhões.
Muito do espírito empreendedor se deveu a Lemann, 64. Filho de suíços, nascido no Rio, formou-se em economia em Harvard e dedicou-se primeiro ao tênis: foi campeão suíço e chegou a disputar o Torneio de Wimbledon e a Copa Davis.
Conhecido no exterior -foi citado como o 514º colocado no último ranking da "Forbes" com todos os bilionários do planeta, com cerca de US$ 1,1 bilhão-, sempre esteve atento às novidades de Wall Street.
Em meados dos anos 70, Lemann introduziu no Brasil os empréstimos sindicalizados (em que instituições se associam para dar empréstimos).
Telles, 54, e Sicupira, 55, foram dois dos melhores discípulos de Lemann e assumiram postos estratégicos: o primeiro foi para a Brahma, e o segundo, para a Lojas Americanas, a primeira aquisição de Lemann, no início dos anos 80.
Mas nem sempre o sucesso acompanhou o trio: na esteira das crises asiática e russa, o Garantia perdeu mais de US$ 100 milhões em 1997 e foi vendido ao Credit Suisse First Boston por US$ 675 milhões em 1998.


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