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COMÉRCIO MUNDIAL
Documento ameaça "isolar" os países que não concordarem
EUA insistem em Alca abrangente
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Os EUA continuarão perseguindo uma Alca (Área de Livre Comércio das Américas) mais
abrangente possível, apesar da
"resistência" de países como o
Brasil, e agora ameaçam abertamente impor retaliações comerciais à China caso o país não acelere a abertura de seu mercado.
Em documento enviado ontem
ao Congresso dos EUA, o USTr
(United States Trade Representative), órgão máximo de comércio,
reforça a chamada "doutrina
Bush" de "políticas agressivas" na
área comercial e ameaça com
"isolamento" os países que não se
alinharem às ambições norte-americanas.
"Por meio de uma agenda comercial ambiciosa, os EUA estão
empenhados em garantir todos os
benefícios da abertura de mercados para as famílias, fazendeiros,
trabalhadores e consumidores
norte-americanos", diz Robert
Zoellick, representante comercial
dos EUA, no documento enviado
ao Congresso.
Em relação à Alca, a "Agenda
Comercial da Presidência" para
2004 insiste na obtenção de vários
pontos com os quais o Brasil já
mostrou total discordância com
as ambições norte-americanas.
O documento deixa claro que o
USTr perseguirá acordos ""com
todos os países envolvidos" em
áreas como investimentos, compras governamentais, serviços e
propriedade intelectual.
A posição brasileira tem sido a
de deixar essas áreas de fora à medida que os norte-americanos
não aceitam negociar na Alca o
fim de seus subsídios agrícolas e
políticas antidumping que barram o acesso de empresas brasileiras aos EUA.
"Algumas delegações [que negociam a Alca] vêm questionando
esses princípios e objetivos, propondo que a Alca fique concentrada apenas no acesso a mercados (...). A Alca deve ser abrangente e incluir um conjunto comum de direitos e obrigações a
ser aplicado para todos os países
em todas as áreas que estão sendo
negociadas", diz o documento.
Zoellick reafirma a disposição
dos EUA de procurar acordos bilaterais e multilaterais com outros
países participantes da Alca que
quiserem "ir além".
O documento reforça que os
EUA também pretendem aumentar em 2004 a ofensiva para garantir o respeito ao direito de propriedade intelectual.
Anualmente, o Brasil é citado
negativamente e de modo amplo
em relatório do USTr que acusa o
país de ser "leniente" com a pirataria e de desrespeitar patentes.
A mensagem ao Congresso afirma ainda que a administração
Bush considera ""ampla e muito
adequada" a proposta dos EUA
feita aos negociadores da Alca em
fevereiro de 2003.
Na ocasião, o Brasil e o Mercosul reagiram negativamente ao serem colocados "no final da fila"
dos países que serão beneficiados
com a abertura do mercado dos
EUA caso a Alca seja criada.
China
O documento do USTr também
faz uma ameaça clara à China e
afirma que o país "desacelerou"
em 2003 o "compromisso" de
abrir seu mercado a produtos
norte-americanos.
"A China deve aumentar o nível
de abertura de seu mercado e tratar os produtos dos EUA de forma
justa se quiser continuar mantendo o acesso que dispõe hoje ao
mercado norte-americano."
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