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País está mais preparado para turbulência
Para analistas, dívida externa menor e reservas internacionais elevadas deixam país em situação mais confortável perante crises
Fundo de investimento
afirma que mercado
brasileiro continua um
dos mais atrativos no
universo dos emergentes
DA REPORTAGEM LOCAL
A turbulência que atingiu as
Bolsas em todo o mundo na semana passada causou estragos
no mercado brasileiro, mas não
deve afetar a economia nem
afastar os investidores estrangeiros do país. Para analistas, o
Brasil está mais bem preparado
para enfrentar instabilidades
-a dívida externa é cada vez
menor, o nível das reservas internacionais avança e a relação
dívida/PIB está em queda.
"Nunca vi uma situação externa tão positiva para o país. O
Brasil tem produzido um superávit em conta corrente [saldo
das transações do país com o
exterior] de 1,5% do PIB, nossa
balança está melhorando e o investimento está crescendo",
afirma Luiz Fernando Figueiredo, diretor do Banco Central
de 1999 a 2003 (leia entrevista
à pág. B3).
"Se as reservas internacionais daqui até o final do governo Lula chegarem a US$ 140 bilhões [na semana passada, superaram os US$ 100 bilhões], o
que é um cenário possível, ao
mesmo tempo em que a dívida
externa se reduzir, o impacto
de uma mudança no ambiente
internacional é completamente diferente do que se tinha",
diz Fabio Giambiagi, economista do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (leia entrevista à pág. B6).
"Nestes dias de turbulência,
o BC comprou mais de US$ 2
bilhões para acumulação de reservas. Se considerar do início
do ano até agora, as compras
somam mais de US$ 13 bilhões.
Isso não é sinal de nenhuma
crise", afirma Figueiredo.
Mercado atrativo
Apesar da queda de 7,9% da
Bolsa de Valores de São Paulo
na semana passada, o mercado
brasileiro continua um "dos
mais atrativos no universo dos
emergentes". Essa a opinião de
Christian Deseglise, responsável pela área de investimentos
em mercados emergentes do
HSBC Asset Management.
Há menos de duas semanas,
ele comemorava o fato de um
dos fundos sob sua responsabilidade ter atingido, pouco menos de três anos após ser lançado, a marca de US$ 1 bilhão. Foi
o HSBC GIF Brazil, criado para
investir no mercado local.
Deseglise diz que nada mudou em relação à política de investimentos do fundo no Brasil. Ao contrário, afirma o gestor, "nós vemos a fraqueza
atual como uma oportunidade
de compra".
Desde 2002, as principais
Bolsas mundiais não registram
perdas. A despeito da trajetória
de alta, ele diz que há muitas
oportunidades de investimentos. Também há apetite por ativos do Brasil, do que seria prova
o US$ 1 bilhão arrecadado pelo
fundo para investir no país.
Deseglise justifica o apetite
pelo país: "Os juros estão em
queda, as exportações em alta e
as perspectivas são de crescimento". A Bovespa registrou
alta de 33% em 2006, o que não
deve impedir, caso se concretizem as projeções para a economia brasileira, que ela tenha
outro ano positivo, diz ele, que
estima existir espaço para uma
alta perto de 25% neste ano.
Há quem se preocupe com o
tamanho do mercado brasileiro. Os anos de bons resultados
também foram anos em que as
empresas redescobriram o
mercado de capitais e em que
voltaram a abrir capital na Bolsa. Alguns analistas chegaram a
apontar que não haveria dinheiro e investidores suficientes para todos os papéis.
Para Deseglise, os investidores estrangeiros podem ser a
saída "para alargar o mercado,
criar liquidez". Há bons ativos,
e a regulação do mercado brasileiro, diz ele, não preocupa os
investidores internacionais.
Otimista em relação à evolução dos ativos brasileiros e da
maioria dos de emergentes, ele
diz acreditar que os tempos de
turbulência, como os dos últimos dias, devem passar. "Nós
acreditamos que o que estamos
vendo é a espuma sendo eliminada, mais do que o começo de
uma sinistra fase de quedas nos
mercados."
(MARCELO BILLI)
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