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Fluxo de dólares fica
negativo pela 1ª
vez em 11 meses
Decisão de exportador de deixar dinheiro no exterior
influencia, e US$ 399 mi saem do país em fevereiro
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão de alguns exportadores de deixar o dinheiro de
suas vendas fora do país por
mais tempo, por causa da queda recente do dólar, afetou o
fluxo de moeda estrangeira para o Brasil em fevereiro. Por outro lado, a economia brasileira
continuou a receber investimentos, principalmente de
longo prazo, apesar das turbulências no cenário externo.
Segundo dados do Banco
Central, no mês passado, a saída de dólares do país superou a
entrada em US$ 399 milhões.
Foi o primeiro resultado negativo em 11 meses, quando a crise financeira deixou de afetar o
fluxo de moeda para o Brasil.
Esse número é dividido em
duas partes. No segmento financeiro, que inclui não só os
investimentos estrangeiros em
Bolsa e títulos mas também recursos diretos para empresas, o
resultado ficou positivo em
US$ 1,9 bilhão.
Do outro lado da conta, houve saída de recursos. As operações de importação superaram
as de exportação em US$ 2,3 bilhões. O número está pior do
que o registrado pela balança
comercial, já que os contratos
de câmbio para comércio exterior não coincidem com as operações de embarque.
Segundo analistas, a queda
recente do dólar pode ter levado alguns exportadores a adiar
a transferência de dinheiro para o país. Por outro lado, importadores aproveitam a taxa favorável para antecipar o fechamento de contratos de câmbio.
Para a economista-chefe do
banco ING, Zeina Latif, o resultado não representa reversão
no fluxo de dinheiro para o país
iniciado em abril de 2009. Pelo
contrário. O dado positivo na
área financeira mostra que o
país continua atraindo capitais,
principalmente de longo prazo,
por conseguir se diferenciar de
economias em dificuldade, como a Grécia.
"O resultado negativo deve
ser transitório, está relacionado à decisão do exportador de
manter o dinheiro lá fora e não
é nada que mexa com a perspectiva de fluxo de capitais."
Enquanto a Bolsa registrou
saída de estrangeiros no primeiro bimestre, o indicador do
BC para o fluxo de dólares na
área financeira, que é mais
abrangente, ficou positivo.
Uma explicação para isso são
os dados divulgados na semana
passada sobre as contas externas. Houve em fevereiro aumento no fluxo de dólares para
empresas, incluindo empréstimos e novos investimentos.
Além disso, as remessas de lucros e o envio de dinheiro para
pagamento de juros caíram.
O sobe e desce no mercado de
câmbio em fevereiro fez o BC
praticamente ficar fora das negociações. Foram comprados
apenas US$ 350 milhões, a menor intervenção desde que a
instituição voltou a atuar para
segurar a queda do dólar, em
maio do ano passado.
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