São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2010

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Fluxo de dólares fica negativo pela 1ª vez em 11 meses

Decisão de exportador de deixar dinheiro no exterior influencia, e US$ 399 mi saem do país em fevereiro

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão de alguns exportadores de deixar o dinheiro de suas vendas fora do país por mais tempo, por causa da queda recente do dólar, afetou o fluxo de moeda estrangeira para o Brasil em fevereiro. Por outro lado, a economia brasileira continuou a receber investimentos, principalmente de longo prazo, apesar das turbulências no cenário externo.
Segundo dados do Banco Central, no mês passado, a saída de dólares do país superou a entrada em US$ 399 milhões. Foi o primeiro resultado negativo em 11 meses, quando a crise financeira deixou de afetar o fluxo de moeda para o Brasil.
Esse número é dividido em duas partes. No segmento financeiro, que inclui não só os investimentos estrangeiros em Bolsa e títulos mas também recursos diretos para empresas, o resultado ficou positivo em US$ 1,9 bilhão.
Do outro lado da conta, houve saída de recursos. As operações de importação superaram as de exportação em US$ 2,3 bilhões. O número está pior do que o registrado pela balança comercial, já que os contratos de câmbio para comércio exterior não coincidem com as operações de embarque.
Segundo analistas, a queda recente do dólar pode ter levado alguns exportadores a adiar a transferência de dinheiro para o país. Por outro lado, importadores aproveitam a taxa favorável para antecipar o fechamento de contratos de câmbio.
Para a economista-chefe do banco ING, Zeina Latif, o resultado não representa reversão no fluxo de dinheiro para o país iniciado em abril de 2009. Pelo contrário. O dado positivo na área financeira mostra que o país continua atraindo capitais, principalmente de longo prazo, por conseguir se diferenciar de economias em dificuldade, como a Grécia.
"O resultado negativo deve ser transitório, está relacionado à decisão do exportador de manter o dinheiro lá fora e não é nada que mexa com a perspectiva de fluxo de capitais."
Enquanto a Bolsa registrou saída de estrangeiros no primeiro bimestre, o indicador do BC para o fluxo de dólares na área financeira, que é mais abrangente, ficou positivo.
Uma explicação para isso são os dados divulgados na semana passada sobre as contas externas. Houve em fevereiro aumento no fluxo de dólares para empresas, incluindo empréstimos e novos investimentos. Além disso, as remessas de lucros e o envio de dinheiro para pagamento de juros caíram.
O sobe e desce no mercado de câmbio em fevereiro fez o BC praticamente ficar fora das negociações. Foram comprados apenas US$ 350 milhões, a menor intervenção desde que a instituição voltou a atuar para segurar a queda do dólar, em maio do ano passado.


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