|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO IMOBILIÁRIO
Demanda cresceu até 40% após desmoronamento do Palace 2; risco pequeno reduz preço da apólice
Efeito Sersan eleva procura por seguro
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
O desabamento do Palace 2, no
Rio de Janeiro, alertou as pessoas
para o risco de acordarem sem casa e está movimentando o mercado de seguros de residência.
Após o acidente com o prédio da
construtora Sersan, aumentou
substancialmente a demanda por
esse tipo de seguro, de acordo com
cinco grandes empresas do setor
ouvidas pela Folha.
"As consultas de pessoas querendo se informar sobre o produto
cresceram cerca de 30% após o desabamento", diz Álvaro Novaes,
vice-presidente da Sul América,
maior seguradora do país.
Ele estima que o desabamento
resultará em crescimento de 10% a
15% na venda de apólices.
A Unibanco Seguros, uma das
mais ativas em seguro residencial,
registrou crescimento de 40% em
suas vendas desde o acidente.
"É muito comum o aumento da
procura por determinado tipo de
seguro após o acontecimento de
uma grande tragédia", diz o superintendente técnico da Marítima
Seguros, Cláudio Saba, que também registrou aumento da procura pelo produto.
Embora o sonho da casa própria
seja perseguido pela maioria, poucas pessoas têm a preocupação de
fazer um seguro do seu imóvel.
"Além de ser um risco menor do
que o roubo ou batida de carro, as
pessoas têm a idéia de que o seguro de residência é muito caro porque tomam como base o preço do
seguro de automóvel", diz José
Roberto Haym, diretor da Unibanco.
Preço do seguro
Ao contrário disso, chega a causar surpresa o custo de um seguro
para casa. Na Marítima, por exemplo, um seguro com indenização
de R$ 120 mil em caso de incêndio
e R$ 18 mil em caso de roubo custa
R$ 384 ao ano (R$ 24,00 para incêndio e R$ 360,00 para roubo).
A explicação para esse preço baixo, se comparado ao seguro de automóvel, está no risco muito inferior que envolve uma casa ou
apartamento. É muito mais raro a
ocorrência de algum tipo de acidente com um imóvel.
Desinformação
Justamente por ser pouco difundido -o seguro residencial e de
condômínio não representam
nem 1% do mercado total de seguros- há muita desinformação envolvento o tema.
José Roberto Haym diz que a
maioria das pessoas não sabe ao
certo contra o que está protegida
depois que contrata uma apólice
de seguro residencial. "É muito
comum recebermos reclamações
depois que ocorre o incidente porque o cliente não leu o contrato",
diz Saba, da Marítima.
A maioria dos seguros residenciais, segundo as seguradoras, tem
como cobertura básica o incêndio.
As demais coberturas, como roubo, alagamento e danos elétricos,
têm que ser contratadas à parte, ao
gosto do cliente.
A proteção contra desmoronamento, por exemplo, que ficou
evidenciada pela tragédia ocorrida
no Carnaval, é raramente oferecida pelas seguradoras.
Entre as empresas procuradas
pela Folha, apenas Sul América,
Marítima e Unibanco têm o produto.
E quem quiser se proteger de um
desmoronamento como o ocorrido no Rio dificilmente conseguirá
encontrar o produto adequado,
segundo o diretor da Unibanco.
"Os seguros que existem no
mercado, inclusive o nosso, não
protegem contra desabamentos
provocados por erros na execução
da obra, como é o caso do Palace
2. Esses casos constam da apólice
como exceções. Os desabamentos
cobertos são aqueles provocados,
por exemplo, por deslizamento de
um morro próximo ao edifício ou
queda de avião", diz Haym.
Na Marítima, o seguro contra
desabamento custa 0,2% do valor
da indenização. Na Sul América, o
custo varia entre 0,6% e 1,5% do
valor da indenização.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|