São Paulo, quarta, 4 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO IMOBILIÁRIO
Demanda cresceu até 40% após desmoronamento do Palace 2; risco pequeno reduz preço da apólice
Efeito Sersan eleva procura por seguro

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

O desabamento do Palace 2, no Rio de Janeiro, alertou as pessoas para o risco de acordarem sem casa e está movimentando o mercado de seguros de residência.
Após o acidente com o prédio da construtora Sersan, aumentou substancialmente a demanda por esse tipo de seguro, de acordo com cinco grandes empresas do setor ouvidas pela Folha.
"As consultas de pessoas querendo se informar sobre o produto cresceram cerca de 30% após o desabamento", diz Álvaro Novaes, vice-presidente da Sul América, maior seguradora do país.
Ele estima que o desabamento resultará em crescimento de 10% a 15% na venda de apólices.
A Unibanco Seguros, uma das mais ativas em seguro residencial, registrou crescimento de 40% em suas vendas desde o acidente.
"É muito comum o aumento da procura por determinado tipo de seguro após o acontecimento de uma grande tragédia", diz o superintendente técnico da Marítima Seguros, Cláudio Saba, que também registrou aumento da procura pelo produto.
Embora o sonho da casa própria seja perseguido pela maioria, poucas pessoas têm a preocupação de fazer um seguro do seu imóvel.
"Além de ser um risco menor do que o roubo ou batida de carro, as pessoas têm a idéia de que o seguro de residência é muito caro porque tomam como base o preço do seguro de automóvel", diz José Roberto Haym, diretor da Unibanco.
Preço do seguro
Ao contrário disso, chega a causar surpresa o custo de um seguro para casa. Na Marítima, por exemplo, um seguro com indenização de R$ 120 mil em caso de incêndio e R$ 18 mil em caso de roubo custa R$ 384 ao ano (R$ 24,00 para incêndio e R$ 360,00 para roubo).
A explicação para esse preço baixo, se comparado ao seguro de automóvel, está no risco muito inferior que envolve uma casa ou apartamento. É muito mais raro a ocorrência de algum tipo de acidente com um imóvel.
Desinformação
Justamente por ser pouco difundido -o seguro residencial e de condômínio não representam nem 1% do mercado total de seguros- há muita desinformação envolvento o tema.
José Roberto Haym diz que a maioria das pessoas não sabe ao certo contra o que está protegida depois que contrata uma apólice de seguro residencial. "É muito comum recebermos reclamações depois que ocorre o incidente porque o cliente não leu o contrato", diz Saba, da Marítima.
A maioria dos seguros residenciais, segundo as seguradoras, tem como cobertura básica o incêndio. As demais coberturas, como roubo, alagamento e danos elétricos, têm que ser contratadas à parte, ao gosto do cliente.
A proteção contra desmoronamento, por exemplo, que ficou evidenciada pela tragédia ocorrida no Carnaval, é raramente oferecida pelas seguradoras.
Entre as empresas procuradas pela Folha, apenas Sul América, Marítima e Unibanco têm o produto.
E quem quiser se proteger de um desmoronamento como o ocorrido no Rio dificilmente conseguirá encontrar o produto adequado, segundo o diretor da Unibanco.
"Os seguros que existem no mercado, inclusive o nosso, não protegem contra desabamentos provocados por erros na execução da obra, como é o caso do Palace 2. Esses casos constam da apólice como exceções. Os desabamentos cobertos são aqueles provocados, por exemplo, por deslizamento de um morro próximo ao edifício ou queda de avião", diz Haym.
Na Marítima, o seguro contra desabamento custa 0,2% do valor da indenização. Na Sul América, o custo varia entre 0,6% e 1,5% do valor da indenização.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.