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Indústrias têm o melhor começo de ano desde 2003
Levantamento de confederação mostra receita 10,9% maior e 5% mais emprego
CNI informa recuo do uso da capacidade instalada, o que indicaria risco menor de pressão na inflação pela restrição de oferta
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O setor industrial registra o
melhor início de ano desde
2003. Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), no primeiro bimestre a
indústria teve altas de 10,9% no
faturamento, de 7,8% nas horas
trabalhadas, de 7,2% na massa
de salários e de 5% no emprego.
O bom desempenho é reforçado pelo recuo do uso da capacidade instalada, que indica maturação de investimentos, segundo a entidade.
O nível de utilização do parque fabril recuou de 83,1% em
janeiro para 82,9% em fevereiro. "Não há pressão no setor industrial pelo lado da oferta.
Não vemos necessidade de contenção da demanda", afirmou o
economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, ao comentar a possibilidade de elevação
dos juros por parte do Banco
Central no dia 16. "Consideramos precipitada a eventual decisão de elevar os juros", disse.
Ao apresentar dados do setor
industrial de março no início
desta semana, a FGV apontou
risco de descasamento entre
oferta e consumo caso a indústria cresça acima de 6%. A previsão da CNI para a expansão
do PIB industrial é de 5%.
O uso da capacidade instalada é um dos indicadores analisados pelo Banco Central nas
decisões de política monetária.
A despeito de a indústria estar
acelerando a produção com
menor uso do parque fabril,
conforme o indicador apurado
pela CNI, alguns analistas avaliam que o recuo no uso da capacidade instalada pode não
impedir o BC de elevar os juros.
O economista Bráulio Borges, da Consultoria LCA, diz
que a pressão do valor das commodities nos preços industriais
e o efeito dos preços no varejo
devem ser considerados pelo
BC. Segundo ele, essa pressão
só não é maior porque há folga
nas linhas de montagem.
Borges traça um cenário favorável: os investimentos iniciados em 2006 estão sendo
concluídos e permitirão menor
pressão sobre o parque fabril.
Cálculo feito pela LCA com
base na produção industrial
pesquisada pelo IBGE e no uso
da capacidade instalada apurado pela CNI indica ampliação
de 7% no parque fabril. "O que
vemos é que os investimentos,
que se tornaram mais fortes no
início de 2007, agora se traduzem em ganhos", disse Borges.
Ele avalia que a produção industrial continuará se expandindo, mas deve apresentar
menores taxas de crescimento
porque a partir de março os indicadores começam a ser comparados com bases elevadas.
Ao comentar o resultado do
primeiro bimestre, Castelo
Branco informou que o bom
desempenho decorreu da ampliação da renda e do crédito e
da necessidade de as empresas
recomporem estoques.
Em fevereiro, em relação a
igual mês de 2007, a indústria
apurou aumento de 11,5% no
faturamento, de 8,8% nas horas
trabalhadas, de 4,9% no emprego e de 7,2% na massa salarial.
Entre os subsetores da indústria, os que apresentam os
melhores desempenhos são:
montadoras de veículos, fábricas de máquinas e equipamentos, de eletroeletrônicos, de
produtos de metal, fábricas de
minerais não-metálicos, metalúrgicas, fábricas de vestuário e
indústrias de papel e celulose.
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