São Paulo, sábado, 04 de abril de 2009

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Com garantia, banco pequeno capta mais

Em três dias, instituições pequenas e médias fecham 60 operações garantidas pelo BC e obtêm R$ 210 mi

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos pequenos e médios conseguiram captar R$ 210 milhões desde que começaram a vender títulos com garantias autorizadas pelo governo federal. Segundo dados da Cetip, responsável pelo registro, foram fechadas 60 operações desde que o sistema começou a operar, na quarta-feira, até o final da tarde de ontem.
A taxa de juros também caiu em relação ao que essas instituições vinham pagando. Antes da oferta com garantia, a melhor taxa que os pequenos e médios bancos conseguiam captar ficava 20% acima do CDI, que é o custo do dinheiro no mercado financeiro. Agora, variou entre 10% e 15% acima do CDI, de acordo com sondagens feitas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), responsável pelas garantias.
"Outras medidas tiveram peso em momentos diferentes. Mas considero que essa tenha sido a mais significativa para melhorar a liquidez desses bancos. Foi um movimento interessante para os primeiros dias", diz Antonio Carlos Bueno, diretor-executivo do FGC.
O resultado vem sendo comemorado no governo, que considera a retomada da oferta de empréstimos por esses bancos como um efeito da crise internacional que ainda não foi resolvido.
O BC (Banco Central) havia liberado recursos dos depósitos compulsórios -dinheiro que fica retido pelo governo- para aumentar o caixa dessas instituições. Também autorizou grandes bancos a comprarem carteiras de crédito dos pequenos e médios -o valor gasto nessas compras pode ser descontado do total que os grandes bancos recolhem ao BC. Mas nada disso mudou a situação.
"Os investidores ainda estão aprendendo a usar esse produto. Estão testando o preço que os bancos estão oferecendo. Esse mercado estará bastante dinâmico em duas semanas e resolverá o problema de captação dos bancos", diz Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos, que representa as instituições menores.
Fundos de pensão, administradores de fundos de investimentos, de grandes fortunas e até empresas em busca de uma gerência mais agressiva do dinheiro de seus caixas são compradores típicos dos CDBs emitidos por instituições menores.
Esses bancos pagam juros mais altos que os grandes e podem significar uma aplicação com rendimento melhor.
Com a autorização do governo na semana passada, o FGC também poderá garantir uma espécie de CDB que seja emitida pelos bancos pequenos até o limite de R$ 20 milhões por cliente. Eles pagarão 1% sobre o valor dos papéis emitidos e terão um teto de R$ 5 bilhões.
O FGC é um fundo privado, formado com dinheiro dos próprios bancos, e que serve para dar garantia aos depositantes. Em caso de quebra de instituições financeiras, o FGC devolve aplicações de até R$ 60 mil a cada correntista.


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