São Paulo, sábado, 04 de abril de 2009

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Investidor do UBS é preso nos EUA

Milionário é acusado de evasão fiscal; ação é resultado de acordo do banco com autoridades americanas

Segundo a SEC, que equivale à CVM nos EUA, o banco manteve bilhões de dólares de clientes no exterior sem haver registro na agência


DA REDAÇÃO

Um cliente norte-americano do banco suíço UBS foi preso ontem pelas autoridades dos Estados Unidos acusado de evasão fiscal, na primeira ação desse tipo desde que a instituição financeira chegou a um acordo para divulgar uma lista de milionários suspeitos de sonegação de impostos.
O cliente, Steven Michael Rubinstein, que trabalha em uma companhia internacional que ajuda milionários a comprar, vender e fabricar iates, foi preso na Flórida acusado de declaração falsa e fraudulenta do Imposto de Renda.
De acordo com os documentos apresentados ontem pelas autoridades, ele transferia dinheiro de uma conta "offshore" no UBS para contas em outro banco em Mônaco e em Nova York. Essas transferências foram feitas por meio de uma entidade chamada de Hybridge International Limited, que ele abriu em 2001 nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe.
Os promotores norte-americanos acusam Rubinstein de omitir seus ativos na "offshore" em sua declaração de Imposto de Renda de 2007. Na conta no UBS, ele, que tem passaportes norte-americano e sul-africano, teria pelo menos US$ 6 milhões, incluindo ações e moedas de ouro avaliadas em US$ 2 milhões.
Ainda segundo a acusação, Rubinstein se encontrou regularmente com executivos do banco suíço em feiras de arte, shoppings e restaurantes no Estado da Flórida.
A prisão de Rubinstein é o primeiro reflexo de um acordo feito há dois meses pelo UBS com as autoridades dos EUA. Após ser acusada de ajudar milionários americanos a sonegar impostos, a instituição financeira concordou em pagar US$ 780 milhões de multa e entregar uma lista com centenas de milionários suspeitos de fraude -quebrando uma tradição histórica de segredo bancário das instituições financeiras suíças.
A investigação do UBS veio à tona em 2007, quando um ex-executivo da instituição Bradley Birkenfeld disse ao governo dos EUA que o banco afirmava a clientes americanos havia cinco anos que não era obrigado a revelar os nomes dos titulares das contas à Receita. De lá para cá, vários clientes entregaram seus nomes à Justiça para evitar processos.
Segundo a SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), o UBS manteve bilhões de dólares de clientes desde pelo menos 1999 em contas na Suíça e em outros países (paraísos fiscais como Liechtenstein e Panamá) sem estar registrado na agência norte-americana.
Além da lista apresentada pelo banco suíço, as autoridades dos Estados Unidos entraram com processo na Justiça para forçá-lo a revelar os nomes de 52 mil clientes americanos suspeitos de manter contas secretas para sonegar impostos.


Com o "New York Times"


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