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General de Angola é sócio de empresa aérea brasileira
Ex-ministro de obras do país africano, Higino Carneiro se une a ex-empresário de livro infantil para viabilizar a Puma Air
Após adquirir 20% do capital do grupo do Pará, Carneiro planeja transformá-lo em companhia internacional e voar para Angola até junho
MARIANA BARBOSA
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
Por anos o presidente Lula
desejou ver uma companhia
aérea nacional voando para o
continente africano. O problema era a falta de interesse das
grandes empresas brasileiras,
como TAM, Gol e OceanAir.
O sonho do presidente agora
ganha asas, graças ao general
Higino Carneiro, um dos homens mais ricos de Angola.
Apelidado em seu país de Bulldozer ("trator"), Carneiro era,
até o início do ano, ministro de
Obras Públicas.
Após adquirir uma fatia de
uma empresa regional paraense, a Puma Air, Carneiro prepara-se para transformá-la em
uma companhia aérea internacional -a empresa pretende
até junho voar para Angola.
A façanha veio da união entre
uma das várias empresas de
Carneiro, a Angola Air Services,
e o empresário brasileiro Gleison Gambogi de Souza -até
2005, dono de um negócio de
franquia de livros infantis.
Formalmente, Gambogi detém 80% da empresa. A participação da AAS, de Carneiro, ficou limitada a 20%, o teto legal
para a participação de estrangeiros no setor.
Gambogi conta que conheceu Carneiro em Angola, onde
viveu os últimos cinco anos. O
empresário foi para o país africano pela primeira vez em
2004 "prestar consultoria" para a empreiteira Metro Europa.
Virou sócio e vice-presidente
da empreiteira. Foi quando estreitou laços com Carneiro.
"Chegamos a ter uma carteira de US$ 1 bilhão em obras em
Angola", disse Gambogi. "Fiz
minha vida empresarial em Angola e, para o Brasil, estou nascendo agora. Mas vocês vão ouvir falar muito de mim."
Para ganhar tempo, a Puma
decidiu por não montar uma
estrutura operacional, mas alugar da Gol/VRG um Boeing-
767, com tripulação e tudo, numa modalidade de aluguel conhecida como "wetlease".
Confiantes de que terão todas as autorizações concedidas
pela Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil), os sócios da Puma já providenciaram a pintura
do avião, que se encontra no
hangar de manutenção da Gol
em Belo Horizonte.
Como as regras brasileiras
não permitem que uma empresa se aventure no espaço aéreo
internacional sem que tenha
experiência no mercado doméstico, a Puma foi obrigada a
montar primeiro uma operação doméstica e passar pelo
processo de certificação para
realizar voos regulares com
aviões de grande porte.
Como já tinha base no Pará, a
Puma escolheu a rota Guarulhos-Macapá-Belém. O voo
também será feito com um
avião da Gol, um Boeing-737.
Por conta do risco envolvido
no negócio, os contratos firmados entre a Gol e a Puma, segundo a Folha apurou, preveem pagamento antecipado.
A Puma nasceu com capital
social de R$ 5 milhões. Gambogi diz ter investido R$ 25 milhões, sendo 20% de Angola e o
restante "do próprio bolso."
Dentro dos pleitos feitos pela
Puma ao governo brasileiro está a dispensa de apresentar um
atestado de segurança operacional chamado Iosa, concedido pela Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).
"Como a operação será feita
pela Gol/VRG, entendemos
que podemos voar com o Iosa
da VRG. A Iata já deu o aval dela; cabe à Anac dizer sim ou
não", disse Gambogi.
A Anac confirma que recebeu a solicitação da Puma para
voar com o Iosa da VRG, mas
informa que só vai começar a
analisar o caso depois que a Puma obtiver a autorização e iniciar a operação no mercado doméstico. O Iosa é o mais abrangente compêndio de segurança
aérea do mundo.
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