São Paulo, sábado, 4 de abril de 1998

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EUA
Pela primeira vez em dois anos, taxa sobe para 4,7%; Dow Jones bate os 9.000 pontos
Alta do desemprego faz Bolsa subir

ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

A taxa de desemprego subiu 0,1 ponto percentual nos EUA em março depois de atingir o recorde de 4,6% em fevereiro. É a primeira vez que essa taxa sobe em dois anos e atinge a marca de 4,7%.
Esse número representa a perda de 36 mil postos de trabalho no mês de março, provocada basicamente por dispensas no setor de construção civil. "Esse setor vinha contratando muito e foi um dos principais responsáveis pelas baixas taxas de desemprego. Agora, fez um ajuste", disse o analista econômico Richard Segal, do banco Santander.
Esse aumento, no entanto, significa muito pouco nos EUA. "A taxa de desemprego continua muito baixa", afirmou Segal.
De acordo com o representante para a América Latina do Lehman Brothers Inc., Carlos Guimarães, mais importante do que o aumento do desemprego será o índice de preços ao consumidor que será divulgado em duas semanas.
"Se esse índice vier alto, pode significar um aumento da inflação e também o aumento a curto prazo das taxas de juros. Para isso, precisamos saber se o volume de exportações de produtos asiáticos que entraram nos EUA foi alto, porque a demanda interna está muito forte. Se foi baixo, pode ter pressionado a inflação. Mas isso tudo é a curto prazo. A médio prazo, a expectativa é apenas de juros e inflação baixos", disse.
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York bateu ontem os 9.000 pontos, pela primeira vez na sua história, pela manhã. Depois caiu e fechou o dia em 8.983 pontos.
Segundo Segal, alguns analistas já falavam ontem em superaquecimento, mas o estado geral era de animação.
Há algum tempo, já vem-se falando que os altos índices vão provocar uma crise, mas, de acordo com Segal, isso é encarado na Bolsa de Nova York como uma "eventualidade de alguma dificuldade daqui a três anos".
Até agora, a posição dos investidores é de otimismo e até confiança baseada na história da Bolsa dos últimos dez anos, que teve uma média de crescimento de 15% ao ano.



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