|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OÁSIS
Ocorrência de chuvas na hora certa e prevenção a doenças devem elevar colheita e produtividade durante a safra atual
Bahia vai contra a maré e eleva produção
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
Em todo o país, a safra deste ano
vai cair em relação à passada. Exceto no cerrado nordestino, especialmente no oeste baiano, onde
até a produção de soja vai aumentar -a despeito da redução da
área plantada.
"É basicamente o regime de
chuvas deste ano que pode explicar a produtividade do oeste baiano", afirmou Deives Faria, 25,
analista de mercado da FNP
Agroinformativos.
Enquanto em outras regiões do
país a chuva veio em excesso,
atrapalhando a colheita, no cerrado baiano ela aconteceu na época
certa para florescer os grãos e parou no momento de colher.
Além disso, lembra o analista,
os produtores de soja locais se
preveniram contra a ferrugem
asiática, pois na safra passada tiveram as maiores perdas do país
com a doença, que neste ano atingiu em cheio especialmente as lavouras goiana e paranaense.
O resultado aparece no último
boletim de previsão de safra da
Conab: somente o cerrado nordestino -formado ainda pelo sul
do Piauí e do Maranhão- vai ver
sua produção de soja crescer.
"O oeste da Bahia apresenta um
potencial de ocupação grande",
informa Eduardo Trevisan, 41, gerente técnico da Campo Companhia de Promoção Agrícola.
Estudo recente da Campo em
parceria com a Secretaria de Agricultura local mostra os efeitos da
ocupação mais intensiva da área
nos últimos dez anos. No final dos
anos 80, um hectare de terra na
região era avaliado entre R$ 25 e
R$ 75. Hoje, o preço está variando
de R$ 1.000 a R$ 2.000 o hectare da
terra bruta ou de R$ 2.000 a R$
3.500 o da terra aberta e cultivada.
E nem só de soja/grãos vive o
cerrado baiano. "A produção
também é importante em fibras e
frutas, e a presença do café é crescente", diz Trevisan, da Campo.
Além disso, a pecuária vem se desenvolvendo na região -já faz
dois anos que o rebanho ultrapassou o 1,5 milhão de cabeças, e o
município de Barreiras já atraiu
um grande frigorífico.
O curioso é que as condições
naturais da área não seriam exatamente as ideais para tanto desenvolvimento, diz Trevisan. "A região não dispõe dos melhores solos, pois tem uma terra amarela,
arenosa, e não possui o melhor regime normal de chuvas." A única
vantagem que ele destaca é a topografia. "A altitude é boa, favorece o cultivo de grãos."
E é justamente a produção de
grãos nesta safra que destaca a região: 114,2% a mais de caroço de
algodão e algodão em pluma
-com incremento de 111% na
área plantada- e a elevação de
47,5% na produtividade de soja
-apesar de haver 3,4% a menos
de área plantada.
Com isso, a produção de soja
deve alcançar nesta safra, pela estimativa da Conab, 2,2 milhões de
toneladas -ainda pouco se comparado aos 14,5 milhões de Mato
Grosso ou aos 10,2 milhões do Paraná. Mas com uma vantagem:
com acréscimo, e não redução,
em relação à safra passada da
"jóia da coroa" agrícola atual.
Agrishow
A capitalização da região permitiu também a promoção de uma
edição da Agrishow em Luís
Eduardo Magalhães. A feira, a primeira versão Nordeste do evento,
ocorrerá entre os dias 8 e 12 de junho. Foi investido
R$ 1 milhão na criação do parque
para abrigar o evento, um complexo de 200 hectares. A previsão
é atrair cerca de 50 mil pessoas e
gerar negócios de R$ 500 milhões.
Texto Anterior: Comércio: Europa abre propostas aos poucos Próximo Texto: Acorrentado Índice
|