São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Lula pode cortar investimentos na Bolívia

O governo brasileiro já decidiu que irá mesmo endurecer com a Bolívia caso o presidente Evo Morales decida pagar apenas o valor contábil entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões pelas duas refinarias da Petrobras que passarão a ser controladas pela YPFB (Yacimentos Petrolíferos Fiscales Bolivianos). A Petrobras quer receber de US$ 160 milhões a US$ 200 milhões pelas duas refinarias.
A Petrobras já recebeu o sinal verde do Palácio do Planalto para tomar medidas duras contra o governo de Morales. Além de levar o caso para um tribunal internacional de arbitragem, já se discute a possibilidade, dentro do governo, de a Petrobras suspender os investimentos na Bolívia. Seria um tiro no pé de Evo Morales.
O governo brasileiro chegou à conclusão de que Morales já estaria passando dos limites ao oferecer o valor contábil pelas duas refinarias e, por isso, teria que responder à altura a mais um ato contrário aos interesses da Petrobras. Há duas semanas, numa reunião de cúpula em Caracas, Lula já tinha dado o recado a Evo Morales de que poderia endurecer nas negociações com o seu governo.
O fato é que o Brasil depende do gás boliviano, mas a Bolívia também precisa dos investimentos e dos impostos brasileiros. Os dois países têm cartas na manga para negociar de igual para igual e ambos sairiam perdendo num eventual cenário de ruptura.
As refinarias foram adquiridas pela Petrobras da Bolívia em 1999 em estado caótico, por cerca de US$ 100 milhões. Localizadas em Cochabamba e Santa Cruz, as duas refinarias abastecem mais de 90% do mercado interno de derivados de petróleo.
O consultor Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, disse que o governo não pode mesmo continuar sendo passivo na relação com Evo Morales. "O que a Bolívia quer chama-se expropriação", diz.
Segundo ele, já foi muito ruim o fato de a Petrobras ter concordado em ser mera prestadora de serviços da Bolívia na distribuição de gás. Também foi ruim, depois de ter concordado com a mudança nas regras do jogo, a Petrobras ter dito que sua atuação continuava rentável. "Ao dizer isso, a Petrobras acaba dando razão a Morales", diz Pires.
O fato é que, no ano passado, o balanço da Petrobras já acusou uma queda no lucro de 38% nas suas atividades internacionais, principalmente em razão da Bolívia. Se as duas refinarias forem vendidas pelo valor contábil, a queda pode ser ainda maior.

MOI NON PLUS
O chef Luiz Emanuel, do Allez, Allez!, se prepara para abrir um novo restaurante em São Paulo. Desta vez, inspirado pela música, Emanuel fez parceria com Edgar Scandurra, guitarrista da banda de rock Ira!. A dupla escolheu uma pequena casa no bairro da Vila Madalena para abrigar o Le Petit Trou. Batizada com o nome de uma das canções do músico francês Serge Gainsbourg, a casa terá um ambiente para homenageá-lo, onde se poderão ouvir as músicas de Gainsbourg e encontrar fotos de artistas da época. Também há uma estátua do cantor, compositor e cineasta francês. "É uma casa pequena, como o próprio nome diz. Prefiro. Até o investimento é menor", diz o chef. Segundo ele, o ponto para o novo negócio "apareceu". A cozinha, diferente do Allez, Allez!, terá foco no Noroeste da França, na Bretanha e na Normandia. "Será uma cozinha de raiz, rústica, típica desta região."

PILOTO
Três aviões agrícolas Ipanema, movidos a álcool, produzidos pela Neiva, subsidiária integral da Embraer, serão entregues hoje, na Agrishow Ribeirão Preto 2007. Trata-se de uma das maiores entregas feitas ao mesmo tempo pela empresa. Líder no setor de aviação agrícola, a perspectiva da Embraer com relação às entregas para este ano é a de que possam chegar às 30 unidades.

PRATO FURADO
A juíza federal substituta da 21ª Vara, Raquel Soares Chiarelli, intimou a Caixa Econômica Federal a se manifestar, no prazo de 48 horas, sobre uma liminar impetrada contra a instituição por conta do processo de licitação para contratação de fornecedor de vale-refeição. A juíza tomou a decisão "diante da possibilidade de infringência ao princípio do julgamento objetivo e da alegada discrepância entre o valor do contrato e o patrimônio mínimo exigido das licitantes". A Caixa não faz exigência de comprovação de solidez financeira compatível para quem vai receber mais de R$ 1 bilhão de dinheiro público. Três competidores pediram anulação da licitação. A Caixa informou que recebeu a notificação e se manifestará no prazo previsto.

VIRTUAL
O site Licitações-e do Banco do Brasil fez 12 mil licitações eletrônicas, de janeiro a abril. Foram negociados R$ 2 bilhões, volume 54% superior ao contratado no mesmo período de 2006. Estão habilitados para utilizar a ferramenta 1.400 entidades públicas e privadas e 88 mil fornecedores.

PRORROGADO
Está fazendo água a mais disputada concorrência publicitária do país. A Petrobras suspendeu novamente a licitação para a escolha das três agências para cuidar de sua conta. São 14 na disputa e a verba em jogo é de R$ 250 milhões por ano. A Petrobras decidiu também prorrogar os contratos com as agências Duda Mendonça, F-Nazca e Quê Propaganda até o dia 1º de agosto. A estatal alegou que tinha compromissos assumidos com o Pan e a Fórmula 1 e por isso foi obrigada a prorrogar os contratos. O mercado publicitário não engoliu muito a desculpa.

INCORPORAÇÃO
A Klabin Segall cria três novas diretorias neste ano. Paulo Pôrto, ex-Embratel e Telemar, assume vendas e marketing. Fernando Nascimento, ex-Rossi, dirigirá a área de incorporação. E Flavio Staudohar, após três anos na JonhsonDiversey, irá para área de RH.

CABELO
A Unilever investiu R$ 19 milhões para o lançamento da linha Clear, um cosmético contra caspa. Faz parte do portifólio global da empresa.


com ISABELLE MOREIRA e JOANA CUNHA

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