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Cresce busca por profissionais que tenham experiência pública
Aumento dos gastos do governo promovido por causa da crise estimula empresas a montar estruturas específicas para fazer negócios com o setor público
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A política anticíclica já atingiu um alvo diferente do consumo, que o governo pretende estimular: o perfil dos profissionais procurados pelas empresas. Nos escritórios especializados em busca de executivos, a
demanda por profissionais com
experiência no relacionamento
com o governo aumentou entre
5% e 10%, desde o início do ano.
"Pode parecer pouco, mas,
em muitos mercados, a queda
na busca por executivos foi de
40% a 50%", diz Carlos Eduardo Altona, diretor da empresa
de recrutamento Michael Page.
Além disso, afirma Altona,
muitas empresas também aumentaram suas contratações
preparando-se para participar
de obras ligadas ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ou para levar adiante
construções financiadas pelo
BNDES. Apenas na Michael
Page, são feitas entre 300 e 400
contratações por mês estimuladas por verbas públicas.
Nessa busca, há desde grandes corporações, já acostumadas a prestar serviços e a vender produtos para o governo,
até as menores, que nunca trabalharam com o setor público.
Uma delas é a empresa de filtração e tratamento de água
Tech Filter. Com clientes como
a Petrobras e a AmBev, a companhia pretende estruturar, até
maio, um departamento para
vender seus produtos às esferas
municipais, estaduais e federal.
"Além das obras ligadas ao
PAC, que criarão um enorme
mercado, há toda a área de saneamento, com demandas urgentes e antigas", afirma Fernando Damasceno, diretor-geral da Tech Filter.
Segundo Damasceno, a área
da Tech Filter que atende ao setor privado não tem conhecimento para lidar com o governo. Isso porque cada esfera pública tem particularidades e
processos decisórios diferentes. Mais do que conhecimento
técnico, diz ele, o vendedor precisa saber como se mexer e
quais pessoas procurar.
Foi exatamente esse conhecimento que levou o administrador de empresas Fernando
Fagundes ser contratado pela
empresa de terceirização de
processos TCI BPO. Com 25
anos de experiência no setor
público e em empresas privadas que fornecem ou não para o
governo, Fagundes tornou-se
diretor comercial da companhia, que tem 90% de sua receita provenientes do governo.
"Trabalhei por dois anos com
gestão de saúde em modernização em hospitais na Bahia, e a
experiência ajudou muito no
que faço hoje", diz Fagundes.
"Por já ter estado no papel de
gestor público, sei quais as dificuldades que enfrentam."
À frente de uma equipe de 20
pessoas, Fagundes afirma que
seus vendedores têm de conhecer os técnicos, que não mudam com as trocas de governo.
A TCI faz gestão de documentos e suprimentos e acaba de
ser contratada pela prefeitura
de Natal para gerir remédios.
"O ganho das secretarias com
o fim das perdas de medicamentos por vencimento de prazo de validade paga o custo do
projeto em um ano", diz ele.
Mesmo assim, há no negócio
as dificuldades no relacionamento com o setor público.
Feito sem licitação, por ter sido
decretada situação de calamidade na Saúde de Natal, o contrato de R$ 2,5 milhões tem sido questionado pela oposição.
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