São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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Folhainvest

Ganho da poupança já supera alguns fundos

Corte da Selic para 10,25% faz com que só fundos com taxa de administração máxima de 1,5% superem caderneta, diz estudo

Pequeno investidor que tem mais dificuldade de obter taxas de administração menores em bancos pode migrar para poupança

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A nova redução na taxa básica Selic estreitou ainda mais a diferença dos ganhos dos fundos que pagam juros e a caderneta de poupança. No atual cenário, apenas os fundos que cobram as taxas de administração mais baixas conseguem ainda bater a poupança.
Estudo realizado pelo professor e economista José Dutra Vieira Sobrinho mostra que somente os fundos de investimento que cobram taxa de administração máxima de 1,5% conseguem dar rentabilidade líquida igual ou maior que a oferecida pela poupança.
Para o pequeno investidor, a notícia não é boa: os fundos dedicados a investidores de baixo poder aquisitivo costumam cobrar taxas mais elevadas, que costuma oscilar em uma faixa entre 2% e 3%, podendo chegar a 4%. Ou seja, o temido cenário de risco de migração de recursos dos fundos para a poupança é mais real do que nunca.
"A queda dos juros afetou pouco a rentabilidade da poupança e fez com que os fundos passassem a ter maior dificuldade para superá-la em rentabilidade. No atual cenário, uma taxa de administração de 1,5% se tornou o limite para que o fundo não perca para a poupança", diz Vieira Sobrinho.
Como a expectativa do mercado é a de que a taxa básica de juros (que serve de parâmetro para os fundos) vai seguir em queda, o retorno dos fundos irá encolher ainda mais. No caso da poupança, o impacto da baixa da Selic é diferente, pois a aplicação tem uma rentabilidade fixa de 0,5% ao mês mais a TR (Taxa Referencial).
Os cálculos do professor levaram em conta uma alíquota de IR de 20%, que incide sobre as aplicações em fundos que são mantidas por até 360 dias. A grande vantagem da poupança é que sua rentabilidade é líquida, não sofrendo descontos de IR e taxa de administração, que engolem parte cada vez mais relevante dos fundos no cenário de juros em queda.
A poupança pagou 0,55% em abril. Com a atual taxa básica Selic de 10,25% e descontando IR e taxa de administração de 1,5%, a rentabilidade mensal de um fundo de renda fixa ficaria também em 0,55%, segundo o estudo. No caso de a taxa de administração ser de 2%, o retorno já seria inferior, de 0,52%. Para um fundo que cobrasse taxa de 4%, que não são difíceis de serem encontrados, a rentabilidade líquida cairia para apenas 0,39% no mês.
Diante desse cenário, o governo estuda uma forma de alterar o retorno da poupança e assim evitar que, em breve, os investidores comecem a sacar seus recursos dos fundos em busca da rentabilidade oferecida pela caderneta.
Uma das funções da taxa de administração é remunerar os gestores pelo seu trabalho. Se o governo não alterar as regras da poupança, restaria às instituições financeiras diminuírem a taxa que cobram, como forma de melhorar o retorno final.
"Não acredito que os bancos mexam na taxa de administração. A não ser que comecemos realmente a ver saques nos fundos", diz Vieira Sobrinho.
Para o administrador de investimentos Fábio Colombo, "a poupança está interessante para os investidores que não têm acesso a fundos DI ou de renda fixa com taxas de administração inferiores a 2%", especialmente para quem não vai permanecer por prazos muito longos na aplicação. Isso porquê se o investidor mantiver suas aplicações inalteradas por um prazo superior a 2 anos conseguirá pagar um IR menor, de 15%, o que trará uma melhora para a rentabilidade final.


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