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Folhainvest
Ganho da poupança já supera alguns fundos
Corte da Selic para 10,25% faz com que só fundos com taxa de administração máxima de 1,5% superem caderneta, diz estudo
Pequeno investidor que tem mais dificuldade de obter taxas de administração menores em bancos pode migrar para poupança
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova redução na taxa básica Selic estreitou ainda mais a
diferença dos ganhos dos fundos que pagam juros e a caderneta de poupança. No atual cenário, apenas os fundos que cobram as taxas de administração
mais baixas conseguem ainda
bater a poupança.
Estudo realizado pelo professor e economista José Dutra
Vieira Sobrinho mostra que somente os fundos de investimento que cobram taxa de administração máxima de 1,5%
conseguem dar rentabilidade
líquida igual ou maior que a
oferecida pela poupança.
Para o pequeno investidor, a
notícia não é boa: os fundos dedicados a investidores de baixo
poder aquisitivo costumam cobrar taxas mais elevadas, que
costuma oscilar em uma faixa
entre 2% e 3%, podendo chegar
a 4%. Ou seja, o temido cenário
de risco de migração de recursos dos fundos para a poupança
é mais real do que nunca.
"A queda dos juros afetou
pouco a rentabilidade da poupança e fez com que os fundos
passassem a ter maior dificuldade para superá-la em rentabilidade. No atual cenário, uma
taxa de administração de 1,5%
se tornou o limite para que o
fundo não perca para a poupança", diz Vieira Sobrinho.
Como a expectativa do mercado é a de que a taxa básica de
juros (que serve de parâmetro
para os fundos) vai seguir em
queda, o retorno dos fundos irá
encolher ainda mais. No caso
da poupança, o impacto da baixa da Selic é diferente, pois a
aplicação tem uma rentabilidade fixa de 0,5% ao mês mais a
TR (Taxa Referencial).
Os cálculos do professor levaram em conta uma alíquota
de IR de 20%, que incide sobre
as aplicações em fundos que
são mantidas por até 360 dias.
A grande vantagem da poupança é que sua rentabilidade é líquida, não sofrendo descontos
de IR e taxa de administração,
que engolem parte cada vez
mais relevante dos fundos no
cenário de juros em queda.
A poupança pagou 0,55% em
abril. Com a atual taxa básica
Selic de 10,25% e descontando
IR e taxa de administração de
1,5%, a rentabilidade mensal de
um fundo de renda fixa ficaria
também em 0,55%, segundo o
estudo. No caso de a taxa de administração ser de 2%, o retorno já seria inferior, de 0,52%.
Para um fundo que cobrasse taxa de 4%, que não são difíceis
de serem encontrados, a rentabilidade líquida cairia para apenas 0,39% no mês.
Diante desse cenário, o governo estuda uma forma de alterar o retorno da poupança e
assim evitar que, em breve, os
investidores comecem a sacar
seus recursos dos fundos em
busca da rentabilidade oferecida pela caderneta.
Uma das funções da taxa de
administração é remunerar os
gestores pelo seu trabalho. Se o
governo não alterar as regras da
poupança, restaria às instituições financeiras diminuírem a
taxa que cobram, como forma
de melhorar o retorno final.
"Não acredito que os bancos
mexam na taxa de administração. A não ser que comecemos
realmente a ver saques nos fundos", diz Vieira Sobrinho.
Para o administrador de investimentos Fábio Colombo, "a
poupança está interessante para os investidores que não têm
acesso a fundos DI ou de renda
fixa com taxas de administração inferiores a 2%", especialmente para quem não vai permanecer por prazos muito longos na aplicação. Isso porquê se
o investidor mantiver suas aplicações inalteradas por um prazo superior a 2 anos conseguirá
pagar um IR menor, de 15%, o
que trará uma melhora para a
rentabilidade final.
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