São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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Ações de empresa menor sobem mais

Chamadas de "small caps", elas tiveram alta média de 32,6% em abril na Bolsa paulista, contra os 15,5% do Ibovespa

Investidor busca diversificar após ganho com grande empresa; plano habitacional estimula construtoras, que sobem até 104% em abril

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Papéis que mais perderam com a crise, as ações de empresas pouco negociadas, com liquidez restrita na Bolsa, foram as que mais despertaram o interesse dos investidores e lideraram a valorização em abril. Enquanto o Ibovespa subiu 15,55% no mês, o índice setorial Small Caps [baixa capitalização] da Bolsa, que mede o desempenho do segmento, teve alta de 32,64%.
Para analistas, a valorização das chamadas ações de segunda linha representa a correção de parte das perdas que esses papéis tiveram nos últimos meses. Foi também resultado da recuperação do volume de negócios e do retorno dos investidores estrangeiros a investimento de risco no Brasil.
Mas essa correção só se deu porque a recuperação dos papéis de primeira linha, vistos como de menor risco, já tinha acontecido. Ou seja: o mercado tem dúvidas se há muito mais espaço para a valorização das ações líderes da Bolsa brasileira, como Vale e Petrobras; assim, foi procurar valorização em ações ainda baratas.
No mundo das ações de segunda linha estão os papéis de mais de 60 empresas de diferentes portes e dos mais variados setores -construção civil, alimentos, varejo, indústria, seguros, bancos pequenos e as aéreas Gol e TAM, entre outras.
O único critério é não fazer parte da elite de negócios da Bolsa, as chamadas "blue chips" [fichas azuis, do pôquer], como Vale, Petrobras, bancos e siderúrgicas de capital nacional. O segmento é dominado por novatas na Bolsa, que abriram o capital em 2006 e 2007 e têm relacionamento recente com os investidores.
As ações com maior valorização em abril foram as de construtoras devido ao pacote habitacional do governo -os papéis da Rossi Residencial subiram 104%; os da Gafisa, 62,92%.
Também tiveram forte recuperação as ações de empresas maiores como Aracruz (72,08%) e VCP (76,02%), por conta da fusão e da reversão das perdas com derivativos no fim do ano passado. "Essas ações tinham caído muito. Quando Vale e Petrobras começaram a subir demais, o pessoal foi procurar outras coisas para diversificar", disse André Oda, do Laboratório de Finanças da USP.
"As "small caps" sofreram muito lá atrás. Esse descolamento positivo [do Ibovespa] corrigiu uma distorção no outro sentido. É difícil dizer que o pior já passou, mas ainda há espaço para mais valorização. A correção ainda não foi total.

Queda nos juros
Como a taxa de juros está caindo, o investidor começa a olhar com um pouco mais de carinho para o mercado de ações", disse Marcelo Allain, responsável pelo fundo iShare Small Cap, negociado como uma ação na Bolsa e que teve alta de 34,42% em abril. Como um todo, os fundos de ações de segunda linha acumulavam valorização de 17,9% nos últimos 30 dias até o dia 27, segundo a Anbid.
A valorização das ações de segunda linha também possibilitou aos fundos multimercados de perfil mais agressivo retomarem estratégias arriscadas no mercado acionário, como a aposta simultânea na alta de papéis de segunda linha e na baixa do Ibovespa. No caso, o fundo ganha com a combinação desses dois cenários, sendo que também diminui eventuais perdas em caso de reversão no atual cenário da Bolsa.
O problema é que também aumentaram as apostas de que o Ibovespa possa devolver parte dos ganhos obtidos nas últimas semanas, dizem analistas.


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