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Ações de empresa menor sobem mais
Chamadas de "small caps", elas tiveram alta média de 32,6% em abril na Bolsa paulista, contra os 15,5% do Ibovespa
Investidor busca diversificar após ganho com grande empresa; plano habitacional estimula construtoras, que sobem até 104% em abril
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Papéis que mais perderam
com a crise, as ações de empresas pouco negociadas, com liquidez restrita na Bolsa, foram
as que mais despertaram o interesse dos investidores e lideraram a valorização em abril.
Enquanto o Ibovespa subiu
15,55% no mês, o índice setorial
Small Caps [baixa capitalização] da Bolsa, que mede o desempenho do segmento, teve
alta de 32,64%.
Para analistas, a valorização
das chamadas ações de segunda
linha representa a correção de
parte das perdas que esses papéis tiveram nos últimos meses. Foi também resultado da
recuperação do volume de negócios e do retorno dos investidores estrangeiros a investimento de risco no Brasil.
Mas essa correção só se deu
porque a recuperação dos papéis de primeira linha, vistos
como de menor risco, já tinha
acontecido. Ou seja: o mercado
tem dúvidas se há muito mais
espaço para a valorização das
ações líderes da Bolsa brasileira, como Vale e Petrobras; assim, foi procurar valorização
em ações ainda baratas.
No mundo das ações de segunda linha estão os papéis de
mais de 60 empresas de diferentes portes e dos mais variados setores -construção civil,
alimentos, varejo, indústria, seguros, bancos pequenos e as aéreas Gol e TAM, entre outras.
O único critério é não fazer
parte da elite de negócios da
Bolsa, as chamadas "blue
chips" [fichas azuis, do pôquer],
como Vale, Petrobras, bancos e
siderúrgicas de capital nacional. O segmento é dominado
por novatas na Bolsa, que abriram o capital em 2006 e 2007 e
têm relacionamento recente
com os investidores.
As ações com maior valorização em abril foram as de construtoras devido ao pacote habitacional do governo -os papéis
da Rossi Residencial subiram
104%; os da Gafisa, 62,92%.
Também tiveram forte recuperação as ações de empresas
maiores como Aracruz
(72,08%) e VCP (76,02%), por
conta da fusão e da reversão das
perdas com derivativos no fim
do ano passado. "Essas ações tinham caído muito. Quando Vale e Petrobras começaram a subir demais, o pessoal foi procurar outras coisas para diversificar", disse André Oda, do Laboratório de Finanças da USP.
"As "small caps" sofreram
muito lá atrás. Esse descolamento positivo [do Ibovespa]
corrigiu uma distorção no outro sentido. É difícil dizer que o
pior já passou, mas ainda há espaço para mais valorização. A
correção ainda não foi total.
Queda nos juros
Como a taxa de juros está
caindo, o investidor começa a
olhar com um pouco mais de
carinho para o mercado de
ações", disse Marcelo Allain,
responsável pelo fundo iShare
Small Cap, negociado como
uma ação na Bolsa e que teve alta de 34,42% em abril. Como
um todo, os fundos de ações de
segunda linha acumulavam valorização de 17,9% nos últimos
30 dias até o dia 27, segundo a
Anbid.
A valorização das ações de segunda linha também possibilitou aos fundos multimercados
de perfil mais agressivo retomarem estratégias arriscadas
no mercado acionário, como a
aposta simultânea na alta de
papéis de segunda linha e na
baixa do Ibovespa. No caso, o
fundo ganha com a combinação
desses dois cenários, sendo que
também diminui eventuais
perdas em caso de reversão no
atual cenário da Bolsa.
O problema é que também
aumentaram as apostas de que
o Ibovespa possa devolver parte dos ganhos obtidos nas últimas semanas, dizem analistas.
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