São Paulo, segunda, 4 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO
Filhos substituem batedeira de bolo e liquidificador por pacote turístico; Buenos Aires é opção procurada
Mães vão ganhar viagem de presente

Evelson de Freitas/Folha Imagem
A cabeleireira Diva Tavares Campos ganhou este ano dos seus três filhos uma viagem para Buenos Aires e embarca no Dia das Mães


FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

A uma semana do Dia das Mães, o comércio quase não sentiu o movimento do que deveria ser o segundo mais importante evento do ano, depois do Natal. Mas há um setor que já tem algo a comemorar: as agências de viagens.
A guerra de preços entre as companhias aéreas e as promoções das agências em razão da baixa temporada, quando cai a procura por viagens, acabaram favorecendo as mães.
Neste ano, a demanda por pacotes de viagens para presenteá-las chega a surpreender as agências de turismo.
Muitas vezes cansadas de ganhar eletrodomésticos e produtos afins, geralmente usados por toda a família, as mães estão sendo mais convidadas pelos filhos e parentes a comemorar o dia em um local especial, até mesmo fora do país, e pelo preço de um aparelho eletroeletrônico.
A Tiger's Tour, agência de viagem, não esperava, mas vendeu até o meio da semana passada 27 passagens para Buenos Aires, capital argentina, em forma de presente para o Dia das Mães.
Sem passaporte
No pacote, que custa em promoção R$ 397 por pessoa e pode ser dividido em cinco prestações de R$ 79,40, estão incluídos a passagem São Paulo-Buenos Aires-São Paulo, duas noites de hospedagem em hotel quatro estrelas, com café da manhã, show de tango e transporte.
"É o primeiro ano em que sentimos uma demanda por pacotes de viagem para as mães. A visita a Buenos Aires acabou sendo uma opção interessante, porque agrada especialmente a quem tem mais de 40 anos, além de não ser preciso ter passaporte para ir à Argentina", diz Eduardo Terovydes Jr., gerente da Tiger's.
A agência de viagem Soft Travel informa que já vendeu 32 pacotes para as mães e parentes que vão acompanhá-las. A maior procura também foi para Buenos Aires.
Na promoção da empresa, o pacote de três dias, com saídas diárias, custa R$ 400. "Boa parte dos clientes vai entregar a passagem no Dia das Mães", diz Magda Nassar, diretora.

Comércio
O comércio de eletrodomésticos já percebeu que o liquidificador, a batedeira de bolo, a geladeira e a televisão são de fato bons presentes, mas para a família.
Como o consumidor já comprou muito desses produtos, devido às facilidades de pagamento oferecidas pelas lojas, a expectativa de venda nesse período não é nada otimista.
"As mães vão ganhar pacote de viagem. É o que estamos percebendo neste ano", diz Giácomo Dalla Vecchia, diretor da Lojas Cem, com 75 pontos-de-venda.
A empresa, diz ele, não vê a menor possibilidade de faturar neste ano mais do que em 97.
A previsão para abril, diz Dalla Vecchia, era vender 20% a mais do que em igual mês do ano passado, mas o faturamento está 6% menor. Para estimular o consumo, a empresa decidiu até trabalhar com cheque pré-datado em até quatro vezes.
"É preciso fazer sempre promoção para movimentar as lojas", diz Luiza Helena Trajano Rodrigues, diretora do Magazine Luiza. Só assim, diz ela, a rede está conseguindo manter um ritmo de faturamento 10% maior do que o do ano passado.
Ainda resiste a esperança de o movimento do comércio se intensificar na última hora, dois ou três dias antes do Dia das Mães.
"Ainda assim, o faturamento das lojas deve ser, no máximo, igual ao do ano passado", afirma Nabil Sahyoun, presidente da Alshop, associação que reúne os lojistas de shopping centers.
Sorteio de carro
Para inverter esse ritmo de vendas, os shoppings estão sorteando carros, viagens, linhas de crédito, caiaques, bicicletas, eletrodomésticos, entre outros produtos, para quem abrir o bolso e comprar presente para as mães.
"Os shopping centers estão anunciando que vão faturar mais neste mês. Mas o fato é que o comércio passa por um momento difícil por causa da inadimplência e do desemprego", diz Sahyoun. "Um movimento de compra sempre vai existir, mas ainda deixa a desejar."
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo prefere nem fazer previsão de venda, pelo menos por enquanto, para a data.
"Vamos esperar chegar mais perto do final de semana", diz Mônica Hage, economista da federação.
O último levantamento feito pela entidade mostrava que, na primeira quinzena de abril, as vendas para 57% das lojas consultadas estavam até 10% menores do que as de igual período do ano passado.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.