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Investidor busca ganhadores do real forte
Empresas que têm custos ou dívida em dólar e as que usam componentes importados tendem a ganhar com a alta da moeda local
Exportadoras são as mais afetadas pelo movimento do câmbio, pois têm receitas total ou parcialmente compostas por dólares
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a queda de 10% do dólar
de dezembro para cá, o investidor garimpa ações de empresas
para identificar quem se beneficia do real cada vez mais forte.
Companhias que tendem a
ganhar com a apreciação da
moeda doméstica são aquelas
que têm em dólar custos, dívidas ou que usam componentes
importados em seus produtos.
Alguns exemplos são companhias aéreas, que ainda ganham com o aumento das passagens vendidas para o exterior
na trilha do real forte, e empresas ligadas a consumo, como
Lojas Renner e Lojas Americanas. Elas tendem a ter vantagens ao negociar com fornecedores, uma vez que podem optar por importados.
Exportadoras, por sua vez,
são as mais afetadas pela valorização da moeda doméstica,
porque suas receitas são total
ou fortemente em dólares.
Alguns analistas já adotam
como um cenário de análise
possível o dólar cotado a R$
1,70. A projeção que muitos
bancos faziam para o dólar no
fim do ano, de R$ 1,90, já foi alcançada. Na sexta-feira passada, o câmbio fechou a R$ 1,906.
Dentre as maiores vítimas
está o setor de papel e celulose.
As maiores companhias do setor têm entre 80% e 100% das
receitas atreladas ao dólar, enquanto não mais que 20% dos
custos são naquela moeda.
Mineração e siderurgia também sofrem, mas, em alguns casos, o prejuízo cai pela alta de
preços internacionais de commodities que comercializam.
A mineradora Companhia
Vale do Rio Doce é um bom
exemplo de quem tem muito o
que comemorar, apesar do
câmbio. O níquel subiu 35% no
mercado internacional neste
ano, e o minério de ferro, 9,5%.
"Uma elevação que mais do
que compensa a queda do dólar", diz Walter Mendes, do
Itaú. Para 2008, a expectativa
de analistas é a de reajuste de
15% para o minério de ferro.
O setor de autopeças é outro
que tende a ser perdedor. Montadoras podem comprar peças
no exterior e barganham.
Mesmo vivendo de exportações, o quanto essas empresas
são prejudicadas pelo dólar
cambaleante depende do percentual de receitas, de custos e
de dívidas em dólar.
"Há siderúrgicas com boa
parte de suas dívidas em dólar.
Elas se beneficiam do real valorizado pelo lado dos insumos,
como o minério de ferro: quanto mais o real se apreciar, melhor, diminui o efeito da alta do
insumo", diz Patrick Conrad,
da Mauá Investimentos.
As petroquímicas perdem
como exportadoras porque
seus preços são referenciados
em dólar, mas se beneficiam
por terem custos em dólar.
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