São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2007

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Investidor busca ganhadores do real forte

Empresas que têm custos ou dívida em dólar e as que usam componentes importados tendem a ganhar com a alta da moeda local

Exportadoras são as mais afetadas pelo movimento do câmbio, pois têm receitas total ou parcialmente compostas por dólares

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a queda de 10% do dólar de dezembro para cá, o investidor garimpa ações de empresas para identificar quem se beneficia do real cada vez mais forte.
Companhias que tendem a ganhar com a apreciação da moeda doméstica são aquelas que têm em dólar custos, dívidas ou que usam componentes importados em seus produtos.
Alguns exemplos são companhias aéreas, que ainda ganham com o aumento das passagens vendidas para o exterior na trilha do real forte, e empresas ligadas a consumo, como Lojas Renner e Lojas Americanas. Elas tendem a ter vantagens ao negociar com fornecedores, uma vez que podem optar por importados.
Exportadoras, por sua vez, são as mais afetadas pela valorização da moeda doméstica, porque suas receitas são total ou fortemente em dólares.
Alguns analistas já adotam como um cenário de análise possível o dólar cotado a R$ 1,70. A projeção que muitos bancos faziam para o dólar no fim do ano, de R$ 1,90, já foi alcançada. Na sexta-feira passada, o câmbio fechou a R$ 1,906.
Dentre as maiores vítimas está o setor de papel e celulose. As maiores companhias do setor têm entre 80% e 100% das receitas atreladas ao dólar, enquanto não mais que 20% dos custos são naquela moeda.
Mineração e siderurgia também sofrem, mas, em alguns casos, o prejuízo cai pela alta de preços internacionais de commodities que comercializam.
A mineradora Companhia Vale do Rio Doce é um bom exemplo de quem tem muito o que comemorar, apesar do câmbio. O níquel subiu 35% no mercado internacional neste ano, e o minério de ferro, 9,5%.
"Uma elevação que mais do que compensa a queda do dólar", diz Walter Mendes, do Itaú. Para 2008, a expectativa de analistas é a de reajuste de 15% para o minério de ferro.
O setor de autopeças é outro que tende a ser perdedor. Montadoras podem comprar peças no exterior e barganham.
Mesmo vivendo de exportações, o quanto essas empresas são prejudicadas pelo dólar cambaleante depende do percentual de receitas, de custos e de dívidas em dólar.
"Há siderúrgicas com boa parte de suas dívidas em dólar. Elas se beneficiam do real valorizado pelo lado dos insumos, como o minério de ferro: quanto mais o real se apreciar, melhor, diminui o efeito da alta do insumo", diz Patrick Conrad, da Mauá Investimentos.
As petroquímicas perdem como exportadoras porque seus preços são referenciados em dólar, mas se beneficiam por terem custos em dólar.


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