São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2008

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Nordeste e Sul terão mais 4 usinas nucleares, diz Lobão

Além da construção de novas usinas, obras de Angra 3 serão retomadas neste ano

Lobão disse que estudos para definir detalhes estão em fase final; cada região deverá ter duas usinas, mas localização não foi revelada


VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) disse à Folha que o governo "vai construir mais quatro usinas nucleares no Nordeste e no Sul do país", além de retomar as obras de Angra 3 ainda neste ano.
Segundo Lobão, já há uma predefinição do governo pela construção das novas usinas nucleares e muito provavelmente "serão duas no Nordeste e duas no Sul". "Estamos na fase final do processo de estudos para definir detalhes, como a localização das novas usinas", revelou o ministro, que defende a energia nuclear como fonte segura para o país.
A escolha do Sul e do Nordeste se deve ao fato de que as regiões enfrentam atualmente dificuldades no abastecimento de energia e dependem das usinas situadas no Sudeste.
O governo decidiu optar pela construção de usinas nucleares para evitar falta de energia no país a partir de 2011 e 2012, gargalo que deve surgir no cenário brasileiro caso sejam mantidas as taxas de crescimento na casa de 5% nos próximos anos.
Lobão acredita que hoje o uso da energia nuclear sofre menos resistências do que no passado, principalmente depois que a França desenvolveu um processo de reaproveitamento do lixo atômico. "Havia muito preconceito em relação à energia nuclear, mas ela é supersegura e o problema do lixo foi equacionado", afirmou.
Questionado se a decisão seria criticada pelo ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), que é contrário a esse tipo de energia, Lobão afirmou que "ele é um sujeito muito sensato, vai fazer o que é bom para o país, e isso [a energia nuclear] é bom para o país".
Quanto à retomada das obras de Angra 3, o ministro avalia que dentro de "dois a três meses" o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concederá a licença para o reinício da construção.
Angra 3 deve entrar em operação em 2013, com investimentos de R$ 7,2 bilhões e potência para gerar 1.350 megawatts. As obras, paralisadas há mais de 20 anos, serão tocadas pela construtora Andrade Gutierrez, vencedora da licitação ainda no governo militar.

Baixo investimento
Ao defender as usinas nucleares, Lobão lembrou que, apesar de esse tipo de energia custar o dobro da gerada por hidrelétricas, há a compensação por conta do baixo investimento nas linhas de transmissão.
"Uma coisa compensa a outra. Como as usinas são localizadas perto dos centros consumidores, você nem precisa investir em linhas de transmissão para fazer chegar a energia às empresas e às residências."
A ex-ministra Marina Silva era contra a retomada de Angra 3, defendida pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Antes de assumir, Minc disse que respeitaria a decisão do governo.


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