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Nordeste e Sul terão mais 4 usinas nucleares, diz Lobão
Além da construção de novas usinas, obras de Angra 3 serão retomadas neste ano
Lobão disse que estudos
para definir detalhes estão
em fase final; cada região deverá ter duas usinas, mas localização não foi revelada
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Edison Lobão
(Minas e Energia) disse à Folha que o governo "vai construir mais quatro usinas nucleares no Nordeste e no Sul do
país", além de retomar as obras
de Angra 3 ainda neste ano.
Segundo Lobão, já há uma
predefinição do governo pela
construção das novas usinas
nucleares e muito provavelmente "serão duas no Nordeste
e duas no Sul". "Estamos na fase final do processo de estudos
para definir detalhes, como a
localização das novas usinas",
revelou o ministro, que defende a energia nuclear como fonte segura para o país.
A escolha do Sul e do Nordeste se deve ao fato de que as regiões enfrentam atualmente
dificuldades no abastecimento
de energia e dependem das usinas situadas no Sudeste.
O governo decidiu optar pela
construção de usinas nucleares
para evitar falta de energia no
país a partir de 2011 e 2012, gargalo que deve surgir no cenário
brasileiro caso sejam mantidas
as taxas de crescimento na casa
de 5% nos próximos anos.
Lobão acredita que hoje o
uso da energia nuclear sofre
menos resistências do que no
passado, principalmente depois que a França desenvolveu
um processo de reaproveitamento do lixo atômico. "Havia
muito preconceito em relação à
energia nuclear, mas ela é supersegura e o problema do lixo
foi equacionado", afirmou.
Questionado se a decisão seria criticada pelo ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), que
é contrário a esse tipo de energia, Lobão afirmou que "ele é
um sujeito muito sensato, vai
fazer o que é bom para o país, e
isso [a energia nuclear] é bom
para o país".
Quanto à retomada das obras
de Angra 3, o ministro avalia
que dentro de "dois a três meses" o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis)
concederá a licença para o reinício da construção.
Angra 3 deve entrar em operação em 2013, com investimentos de R$ 7,2 bilhões e potência para gerar 1.350 megawatts. As obras, paralisadas há
mais de 20 anos, serão tocadas
pela construtora Andrade Gutierrez, vencedora da licitação
ainda no governo militar.
Baixo investimento
Ao defender as usinas nucleares, Lobão lembrou que,
apesar de esse tipo de energia
custar o dobro da gerada por hidrelétricas, há a compensação
por conta do baixo investimento nas linhas de transmissão.
"Uma coisa compensa a outra. Como as usinas são localizadas perto dos centros consumidores, você nem precisa investir em linhas de transmissão
para fazer chegar a energia às
empresas e às residências."
A ex-ministra Marina Silva
era contra a retomada de Angra
3, defendida pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Antes
de assumir, Minc disse que respeitaria a decisão do governo.
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