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Alta do petróleo faz GM fechar 4 fábricas
Consumidores norte-americanos estão dando preferência por modelos de veículos que consumam menos combustível
Presidente da empresa diz que aumento da gasolina provocou "virada estrutural"
em consumidores e que mudança veio para ficar
DO "NEW YORK TIMES"
Em resposta a uma mudança
nas preferências dos consumidores, que agora desejam veículos que propiciem mais eficiência no uso de combustível,
a General Motors anunciou que
deixará de produzir picapes e
utilitários esportivos de grande
porte em quatro linhas de montagem na América do Norte e
que está estudando vender a
sua marca Hummer.
As decisões, anunciadas na
pelo presidente do conselho,
Rick Wagoner, vão reduzir em
500 mil unidades a produção
geral da montadora e abrirão
caminho para o aumento do investimento em carros pequenos e veículos de passageiros.
Dentro de três anos, disse ele,
picapes e utilitários responderão por menos de 40% dos veículos produzidos pela GM na
América do Norte -hoje, eles
são cerca de metade.
Wagoner afirmou que a alta
nos preços da gasolina provocou uma "virada estrutural" no
comportamento dos consumidores americanos, que estão rejeitando as picapes e os utilitários produzidos pela GM. "Os
preços estão gerando mudanças -e mudanças rápidas- no
comportamento dos consumidores", disse, ao anunciar os
cortes. "Não acreditamos que
seja uma tendência temporária
ou um simples acidente estatístico. Acreditamos que a mudança tenha vindo para ficar."
Ele classificou as decisões como "difíceis", e anunciou que a
GM fechará até 2010 duas unidades nos EUA, uma no México
e outra no Canadá. Os cortes
afetarão cerca de 8.000 operários nas quatro fábricas, embora nem todos eles devam perder seus empregos. Alguns poderão encontrar vagas criadas
por aposentadorias antecipadas de outros trabalhadores ou
por esquemas de incentivo a
demissões voluntárias.
Wagoner disse que era "improvável" que as fábricas viessem a ser reabertas com novos
produtos no futuro, mas se recusou a oferecer detalhes sobre
a transferência de trabalhadores para outras unidades.
As grandes montadoras de
Detroit foram fortemente prejudicadas pela alta nos custos
de combustível, que reduziu
substancialmente a demanda
por picapes e utilitários esportivos grandes. A transição para
veículos menores e mais leves
que tenham menor consumo é
um problema para as montadoras americanas porque elas oferecem menos desses modelos
do que rivais asiáticas como a
Toyota e a Honda.
Um corte na produção de utilitários da GM era esperado,
depois que a Ford anunciou
medidas semelhantes. A montadora recentemente reduziu
em um turno de trabalho a produção em quatro de suas fábricas de utilitários e ampliou o
período de parada de verão em
diversas de suas unidades a fim
de reduzir estoques.
Embora os cortes de produção da GM tenham sido mais
profundos do que os analistas
do setor antecipavam, a decisão
de considerar a venda da marca
Hummer sublinha a dolorosa
realidade que a GM tem de enfrentar. No passado considerada um ícone e com potencial de
avançar no mercado mundial, a
Hummer se tornou sinônimo
do declínio dos utilitários esportivos de grande porte e alto
consumo de combustível.
Wagoner disse que os diretores da GM aprovaram uma "revisão estratégica" da marca
Hummer que poderia incluir a
sua "venda total ou parcial".
No total, a GM reduzirá sua
produção na América do Norte
de 4,2 milhões para 3,7 milhões
de veículos, e os cortes devem
propiciar redução adicional de
custos da ordem de US$ 1 bilhão, que se somariam à meta
existente de diminuir os gastos
em US$ 5 bilhões até 2011.
Além de reduzir a produção de
picapes e utilitários, a montadora acrescentará terceiros
turnos de trabalho em algumas
das unidades que produzem
veículos menores.
Wagoner afirmou ainda que
que o conselho da empresa
também aprovou versões de
nova geração para dois carros
pequenos, bem como um novo
e eficiente motor turbo de
1.400 cilindradas.
A GM também estabeleceu
um cronograma para a produção do Chevrolet Volt, seu modelo elétrico, agora com alcance ampliado. Wagoner disse
que o Volt, acionado por baterias e por um pequeno motor a
gasolina, estará no mercado no
máximo até o fim de 2010.
"Em outras palavras, o Chevrolet Volt será lançado", afirmou o executivo. "Acreditamos
que esse seja o maior passo, até
o momento, na transição do
nosso setor para deixar a dependência histórica e virtualmente completa quanto a motores a petróleo." O preço da gasolina, que está perto dos US$ 4
por galão (3,785 litros), é uma
das grandes preocupações do
consumidor americano.
Os efeitos do preço do combustível e da escolha das montadoras americanos por carros
maiores (e que consomem
mais) se refletiram nas vendas
de veículos nos EUA em maio.
As vendas da GM caíram 28%
(só as de picapes e utilitários diminuíram 37%), as da Chrysler,
25%, e as da Ford, 16%. A Toyota teve queda de 4,3% -a Honda registrou alta de 16%.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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