São Paulo, quinta-feira, 04 de junho de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

"Custo Brasil" é maior entrave para exportador

A valorização cambial não é o principal entrave para as exportações brasileiras. O que realmente reduz a competitividade da indústria nacional é o "custo Brasil", que representa as perdas das empresas pela precariedade da infraestrutura logística brasileira, pela burocracia e pelos altos encargos incidentes no país.
A opinião é de Renato Amorim, sócio da consultoria Carnegie Hill Global Advisors, ex-diplomata e ex-diretor de relações internacionais da Vale.
Para Amorim, as ações para conter a alta do real geram apenas um ganho de curto prazo aos exportadores brasileiros.
Para justificar sua análise, o consultor cita o exemplo da China. O país vem introduzindo a valorização paulatina do yuan desde 2006, mas não perdeu competitividade internacional por ter uma moeda mais forte, afirma.
O que fez a diferença, efetivamente, para colocar a China em um patamar mais favorável no mercado internacional foram investimentos em infraestrutura, ações de desburocratização e de desoneração fiscal.
A continuidade das compras de commodities pela China provocou uma expansão de mais de 50% nas exportações brasileiras ao país de janeiro a abril em relação ao mesmo período de 2008.
Para Amorim, o pacote de investimentos do governo chinês e a manutenção do crescimento do mercado interno do país justificam as compras. A formação de estoques em um momento de preços internacioanis baixos é outra razão.
No fluxo comercial inverso, as importações de produtos chineses caíram 20% no Brasil no quadrimestre. Para Amorim, o resultado da balança é mais um motivo de preocupação do que de comemoração para a economia brasileira.
Como a pauta de importados chineses inclui grande número de máquinas e bens de capital, a redução das compras aponta uma retração nos investimentos da indústria, afirma.

TOQUE DE VERMELHO
A joalheria SYZ, especializada em prata, lança nesta semana uma coleção com 30 peças banhadas em ouro rosé, com preços entre R$ 250 e R$ 500. Romy Dryzun, sócia da SYZ, afirma que a técnica, hoje usada apenas em peças de ouro, levou seis meses para ser desenvolvida. Segundo Dryzun, o movimento da joalheria caiu com a crise, mas a venda de peças de maior valor, compradas por pessoas que migraram do mercado de joalheria em ouro, compensou as perdas.

EM CASA
No acumulado até abril, a rentabilidade dos investimentos em imóveis no Plano de Benefícios 1 da Previ alcançou 10,14%, ante meta atuarial, no mesmo período, de 3,62%. O patrimônio do Plano 1 da Previ é de cerca de R$ 121 bilhões. Em 2008, a rentabilidade dos imóveis alcançou 21,61%, ante meta atuarial de 12,60%. A carteira de imóveis resulta da valorização das unidades e das rendas e aluguéis.

CONTRAINDICAÇÕES
A Bayer criou um site contra a pirataria de medicamentos, chamado Bayer Contra Pirataria, com informações sobre como identificar produto falsificado, cuidados para a compra on-line, link para denúncias e outros.

SUSTENTÁVEL
Os empresários brasileiros estão divididos entre lucro e sustentabilidade, segundo pesquisa da Grant Thornton International com 7.200 empresas de 36 países, que mostra que 43% dos brasileiros estão dispostos a diminuir rentabilidade dos negócios para preservar o ambiente.

CALCULADORA
A onda de demissões que a crise causou nas empresas pode sair cara, segundo Elaine Restier, responsável pela unidade de gestão de conhecimento da NetDS, especializada na área. Restier calcula que um funcionário de cinco anos de casa, com salário de R$ 5.000, represente perda de R$ 55 mil para a empresa. Segundo ela, quando se demite o funcionário, perde-se tudo o que se investiu nele em desenvolvimento, além do custo para repô-lo depois.
TANQUINHO
O banco Nossa Caixa passa a oferecer financiamento para compra de eletrodomésticos da linha branca. O pagamento poderá ser feito em até 60 vezes com taxas a partir de 1,52% ao mês. Por enquanto, o empréstimo poderá ser obtido por funcionários públicos estaduais, municipais e federais. Mas o banco pretende estender a linha aos demais clientes.

NO BALDE
O Iceport, terminal frigorífico do porto de Navegantes, economizou R$ 400 mil em um ano com reúso da água da chuva e degelo da câmara fria.

CHINÊS
A chinesa SDLG anuncia hoje a entrada no mercado de equipamentos de construção da América Latina. A SDLG Latin America quer conquistar 10% de participação no mercado brasileiro de "simple-tech" até 2010.

MOTOR
O preço médio do álcool fechou o mês de maio a R$ 1,28/litro em São Paulo, uma queda de 3% sobre abril. Gasolina, GNV e diesel não tiveram variações significativas em seus preços médios no mês -R$ 2,427; R$ 1,721 e R$ 2,165, respectivamente. Já o custo do biodiesel subiu 1,3%, para R$ 2,19.

MURALHA
Os maiores especialistas mundiais em China se reúnem, em 30 de junho, em SP, para debater o impacto da expansão chinesa nos países latino-americanos, em conferência promovida pelo Conselho Empresarial Brasil-China. O evento receberá nomes como Daniel Lederman, economista sênior do Banco Mundial, Jiang Shixue, diretor do Instituto Latino-Americano da Academia Chinesa de Ciências Sociais, e executivos das maiores empresas brasileiras com negócios na China.

AEROPORTO
Nelson Jobim (Defesa) será sabatinado em almoço-debate do Lide, em 8 de junho, em SP. Na pauta, a infraestrutura aeroportuária.

LIÇÕES DO PASSADO
O livro "O Crash de 1929 -As Lições que Ficaram da Grande Depressão" (editora Globo, 448 págs., R$ 49), do autor neozelandês Selwyn Parker, chega às bancas na próxima semana. A obra relata a série de ações e fatos por trás da crise de 1929 que acarretaram mudanças econômicas, políticas e sociais. O livro também sugere uma reflexão ao abordar as soluções que levaram a economia a se reerguer.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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