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MERCADO DE TRABALHO
Especialistas e sindicalistas dizem que governos adotam políticas erradas no combate ao desemprego
Qualificação deve priorizar as pequenas
MAURICIO ESPOSITO
enviado especial a São Pedro
Os governos estão errando no
combate ao desemprego ao não
priorizarem a qualificação profissional voltada para o trabalho em
pequenas empresas.
Especialistas em mercado de trabalho e sindicalistas reunidos nesta semana em seminário internacional sobre o assunto afirmam
que as pequenas empresas têm potencial para gerar vagas e absorver
os trabalhadores demitidos pelas
grandes indústrias.
O seminário, que ocorre em São
Pedro (210 km a noroeste de São
Paulo), é organizado pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (Central Única dos
Trabalhadores) e contou com cerca de 70 sindicalistas estrangeiros,
de mais de 20 países.
O consultor Fernando Casanova, do Centro Interamericano de
Investigação e Documentação sobre Formação Profissional, do
Uruguai, afirma que, de cada 100
novos postos de trabalho criados
na América Latina, 85 são no setor
informal da economia, onde predominam microempresas.
"Programas de treinamento e
capacitação de desempregados,
por exemplo, têm que ser voltados
para o setor informal", afirma.
Segundo o consultor, o modelo
brasileiro de formação profissional do sistema S (Senai e Senac)
está ultrapassado, assim como órgãos semelhantes existentes na
América Latina.
A razão é que esses sistemas,
criados nas décadas de 40 e 50, são
voltados para empresas de grande
porte, segundo o consultor.
Atualmente, disse Casanova,
não há nem mesmo a preocupação
dos governos de melhorar a qualidade das ocupações que são criadas no setor de serviços.
"Dependendo do país, de 65% a
95% das vagas criadas no setor de
serviços são informais", disse ele.
Essa discussão também está presente no Brasil, segundo Delúbio
Soares de Castro, presidente do
Codefat, órgão tripartite que gerencia os recursos do FAT (Fundo
de Amparo ao Trabalhador).
"Todos os anos fala-se em destinar mais recursos do FAT a setores médios e pequenos da economia, que são os responsáveis pela
geração de renda do demitido da
grande empresa", afirmou.
Segundo o presidente do Codefat, que é o representante da CUT
no conselho, o sistema S, com orçamento anual de cerca de R$ 2,8
bilhões para a formação profissional, "ainda é um monopólio dos
empresários e não trabalha com as
pequenas e microempresas".
Segundo ele, mesmo com o repasse de recursos do FAT, o
BNDES financia pouco os pequenos empresários.
Na Suécia, uma experiência desenvolvida por um sindicato junto
a pequenas e microempresas tem
contribuído para diminuir o desemprego, segundo relato da delegação sueca de sindicalistas presente ao seminário.
O sindicato, que representa profissionais liberais com formação
escolar superior, como engenheiros, economistas e advogados, iniciou um mapeamento de pequenas empresas em determinadas regiões do país.
A procura, segundo o dirigente
Ulf Sarlém, era por pequenas empresas com idéias economicamente viáveis, mas que enfrentassem
problemas de falta de mão-de-obra qualificada.
Após análise dos casos levantados, o sindicato oferecia àquelas
empresas mão-de-obra qualificada, majoritariamente demitida de
grandes indústrias.
"Cerca de 80% dos desempregados que participaram do programa arrumaram uma colocação",
relatou o sindicalista.
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