São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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MERCADO FINANCEIRO
BC garante juros a 22% até 20 de agosto

da Reportagem Local

O Banco Central interveio ontem no mercado de juros para subir as taxas de curto prazo, no over, e para baixar as taxas nos mercados futuros. O BC vem atuando desta forma para aproximar os juros da TBC, a taxa básica da economia, fixada por ele em 21,75% ao ano.
Com as incertezas trazidas pela crise russa, o BC não está conseguindo vender títulos com juros prefixados. Os bancos pedem taxas consideradas altas demais e o BC se recusa a pagá-las. O resultado é que os bancos não têm onde investir e acaba sobrando dinheiro no mercado.
O BC entrou tomando dinheiro no over a 21,10% ao ano e conseguiu segurar as taxas de juros do curto prazo em 20,98%, mesmo assim abaixo da TBC, o piso dos juros do dia-a-dia.
Os boatos sobre novas pesquisas eleitorais com Lula na frente de FHC contribuíram e os juros no mercado futuro bateram em 25,57% ao ano nos contratos para vencimento em agosto, contra 24,75% do fechamento de anteontem. Ao oferecer empréstimos a 22% ao ano até agosto, o BC volta a tentar acalmar esse mercado. Desde o início da crise russa, na semana retrasada, é a terceira vez que o BC garante empréstimo de dinheiro a 22% ao ano para preparar os ânimos do mercado financeiro antes de um leilão de títulos públicos.
Hoje, o Banco Central vai vender LBCs, Letras do Banco Central, que não eram colocadas no mercado desde junho de 94, antes do Plano Real. Esses títulos foram ressuscitados pois pagam juros pós-fixados, indexados no over. Os analistas consideram que os papéis terão boa aceitação.
A Bolsa de Valores de Nova York, que teve queda de 0,98%, pesou negativamente nos mercados brasileiros, principalmente o de ações. A Bolsa de São Paulo caiu 2,90%.
O mercado de câmbio à vista foi o que apresentou maior tranquilidade, ontem, com o dólar comercial colado no piso da minibanda, a faixa informal de variação. O dólar para a compra subiu pouco, de R$ 1,1510, anteontem, para R$ 1,1512, ontem.
Nos mercados futuros, as projeções de desvalorização cambial para junho pularam de 0,91% no fechamento de anteontem para 0,98% ontem.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)



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