São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2000


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SISTEMA FINANCEIRO
Compra do Bandeirantes amplia participação do banco na Grande São Paulo e no Nordeste do país
Número de clientes do Unibanco cresce 22%

DA REPORTAGEM LOCAL

A aquisição do Bandeirantes vai engordar significativamente a posição do Unibanco. O número de clientes crescerá, de uma só tacada, 22%, atingindo 2.774.000.
Outros números chegam a impressionar ainda mais. O total de ativos do banco aumentará 27%, para R$ 43,4 bilhões, segundo informações do Unibanco. Já os depósitos totais saltarão 28% para R$ 10,8 bilhões, enquanto os depósitos em poupança crescerão 42%, para R$ 4,08 bilhões.
"A compra do Bandeirantes significa a expansão de nossos negócios em uma área estratégica", afirmou Pedro Moreira Salles, presidente do conselho do Unibanco.
O Bandeirantes reforça a atuação do Unibanco na Grande São Paulo. "Em São Paulo, o Bradesco e o Itaú têm uma presença bem maior", disse Joaquim Francisco de Castro Neto, presidente do Unibanco.
Mas o principal, é a força que o Bandeirantes dará ao Unibanco no Nordeste do país. Quando ainda pertencia ao banqueiro Gilberto Faria, o Bandeirantes comprou o Banorte e, por isso, tem atuação marcante na região. Tem 99 agências no Nordeste, três vezes o que tem o Unibanco na região.
E essas agências no Nordeste, segundo Castro Neto, são "selecionadas". Porque o Bandeirantes já peneirou as melhores e fechou as que eram deficitárias.
A compra do Bandeirantes pelo Unibanco deve estar concluída por volta de setembro.
O Unibanco tem até o final de agosto para analisar as contas do Bandeirantes. Isso feito, o Unibanco fará uma emissão de novas ações no Brasil e no exterior para entregar à Caixa Geral de Depósitos como pagamento.
Uma parte da operação é fixa e envolve ações ordinárias (com direito a voto) da Unibanco Holding. A CGD receberá 10% dessas ordinárias, que valem cerca de R$ 400 milhões.
A outra parte é móvel e pode levar a operação a um total de R$ 1,2 bilhão. Essa outra parte será paga nas chamadas "units" do Unibanco, um tipo de papel especial que agrega uma ação preferencial (sem direito a voto) da holding e outra do banco.
Se for pago o valor máximo, o Unibanco estará dando pelo Bandeirantes duas vezes o seu valor patrimonial (incluindo a seguradora e outras subsidiárias).
Para o analista Thomas Awad, do Chase, o preço "é justo". "Trata-se de um banco privado, já saneado e que não deve dar trabalho como daria um Banespa", disse.
Com a emissão de novas ações, todos os acionistas do banco terão suas participações diluídas. No caso da Unibanco Holding, que controla o banco, a família Moreira Salles verá sua participação cair de 74% para 67%. Os demais acionistas também serão diluídos em cerca de 10%. O alemão Commerzbank ficará com 9% da holding e o japonês Dai-Ichi com 6,2%.
Com sua entrada no capital do Unibanco, a CGD terá de vender a participação estratégica que tem no Itaú -4% do capital total e 8% do capital votante. "Se ficasse assim haveria um conflito. A CGD vai ter de tomar essa decisão", disse Pedro Moreira Salles.
O conflito ocorreria porque a CGD teria um conselheiro em cada um dos dois bancos, que são concorrentes.
(VANESSA ADACHI)



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