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ANÁLISE
Desde a posse de Bush, 2,4 milhões de empregos desapareceram
DAVID LEONHARDT
DO "NEW YORK TIMES"
Para George W. Bush, começou a corrida para escapar
de comparações com Herbert
Hoover, que presidiu o país de
1929 a 33. Com o desaparecimento de 2,4 milhões de empregos
desde que assumiu o governo em
janeiro de 2001, Bush enfrenta o
risco de ser o primeiro presidente
desde Hoover a administrar uma
queda no nível de emprego.
Os economistas discordam sobre a parcela de culpa, se alguma,
que cabe a Bush, mas mesmo assessores da Casa Branca consideram a economia uma das poucas
ameaças graves na campanha para a reeleição. O verdadeiro teste
para o governo Bush vai começar.
Bush disse que o recém-aprovado corte de impostos é o principal
motivo para otimismo, e membros do governo se referiram repetidamente a ele como um plano
de "empregos e crescimento", para salientar seu objetivo.
"Escutem, estou interessado em
uma coisa", disse o presidente durante um comício no mês passado
para promover o corte. "Estou interessado em ajudar as pessoas a
encontrar trabalho."
Segundo a previsão da Casa
Branca, o aumento de gastos dos
consumidores e investimentos
das empresas, juntamente com o
crescimento subjacente da economia, facilmente colocarão em números positivos o histórico de
empregos no governo Bush. Mesmo que a economia aumente os
postos no índice médio dos últimos 50 anos, o histórico de Bush
ficará próximo do de outros presidentes republicanos da era moderna, que ocuparam o cargo durante períodos fracos de aumento
de empregos.
Marcha lenta
Mas a duração dessa desaceleração econômica surpreendeu quase todos os economistas, e alguns
começaram a dizer que existe
uma probabilidade significativa
de que a economia não elimine o
déficit de empregos até o final de
2004. A Economy.com situa as
probabilidades disso ocorrer em
33%, a Global Insight em 25% e a
Macroeconomic Advisers em
20%. Os postos teriam de aumentar em 120 mil por mês, em média,
para que até o final do próximo
ano a força de trabalho voltasse a
seu tamanho de janeiro de 2001.
Embora a diferença entre números positivos e negativos possa
ser um tanto arbitrária, as estatísticas provavelmente terão um papel central nos discursos da campanha de 2004, segundo estrategistas políticos e economistas.
A deputada da Califórnia Nancy
Pelosi, líder democrata na Câmara, começou a resumir o histórico
econômico de Bush como "US$ 3
trilhões de dívida a mais, 3 milhões de empregos a menos". (Enquanto as folhas de pagamento do
setor privado diminuíram em
mais de 3 milhões, o declínio geral
foi de 2,4 milhões, devido às contratações pelo governo.)
A nova redução de impostos, de
US$ 350 bilhões, beneficia principalmente a pessoas de alta renda,
que pagam mais tributos. Além
disso, o crescimento econômico
foi mais lento nos últimos meses
do que as autoridades esperavam,
e geralmente as empresas só contratam trabalhadores depois que
os executivos se convencem de
que uma recuperação saudável
está em curso.
Azar
Membros do governo atribuíram o torpor econômico à bolha
dos preços das ações e de investimentos empresariais nos anos 90,
aos escândalos contábeis e à incerteza causada pelas guerras no
Afeganistão e no Iraque. Economistas de fora concordam predominantemente que a queda de
contratações, a pior em 20 anos e
a mais longa desde antes da Segunda Guerra Mundial, não é basicamente culpa de Bush.
"Ele não teve sorte", disse John
H. Makin, um estudioso residente
no Instituto Americano de Empresas, um grupo de pesquisa
conservador de Washington.
""Diria que a bolha foi culpa dos
democratas. As pessoas ficaram
animadas demais."
A principal discussão é se Bush
fez tudo o que podia para mitigar
a desaceleração. Seus assessores
dizem que, sem os três cortes fiscais aprovados desde o início de
2001, a redução de empregos teria
sido ainda pior. Ao diminuir os
impostos sobre ganhos de capital
e dividendos, haveria aumento
nos investimentos, incentivando
as empresas a expandir-se, segundo os assessores.
Alternativas
Democratas (de oposição) afirmam que há maneiras mais eficazes de estimular a economia do
que cortes fiscais concentrados
nos ricos. Sugeriram mandar dinheiro para os governos estaduais, que agora estão cortando
programas para anular seus grandes déficits orçamentários, e dar
maiores cortes de impostos às famílias pobres e da classe média.
Juntamente com a sorte, medidas semelhantes são um dos motivos pelos quais os seis presidentes com melhor histórico de geração de empregos desde 1933 são
todos democratas. É o que dizem
alguns membros do partido.
Mas tanto democratas quanto
republicanos concordam que as
chances de reeleição de Bush aumentarão se seu histórico de empregos ficar em algum ponto entre os de Gerald Ford e Ronald
Reagan, assim como distante do
de Herbert Hoover.
Tradução de Luiz Roberto Gonçalves
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