São Paulo, domingo, 04 de julho de 2004

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Exportadores querem adido agrícola

DA AGÊNCIA FOLHA

Exportadores consideram que o Brasil se tornou alvo no mercado global do agronegócio e, por isso, precisa aumentar seus investimentos e cuidados sanitários, a fim de evitar a imposição de barreiras aos seus produtos.
O presidente da Sociedade Rural Brasileira, João Almeida Sampaio Filho, sugere a criação de adidos agrícolas nas representações brasileiras no exterior. "Só no mês de junho, recebi adidos agrícolas dos Estados Unidos, do Canadá, da França e da Itália. Eles se preocupam com isso. Está na hora de ajudarmos o Itamaraty com adidos agrícolas", disse.
Para ele, o Ministério das Relações Exteriores sempre "foi excelente politicamente, mas deixa a desejar em termos comerciais".
A proposta de adido agrícola não é nova. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), ela já era defendida em reuniões da iniciativa privada com o Ministério da Agricultura.
Os maiores defensores da idéia eram os agora ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Roberto Rodrigues (Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Na época, Rodrigues, então presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), criticava o "bloqueio" do Ministério das Relações Exteriores à idéia.
Em nível interno, é consenso entre exportadores e representantes de produtores ouvidos pela Agência Folha a necessidade de melhora nos padrões sanitários vegetal e animal. Sampaio Filho lembra que a defesa agropecuária nacional tem o mesmo quadro de funcionários há dez anos, período em que a produção de grãos e carne no país teve uma salto de qualidade e quantidade.
O surto de aftosa no Estado do Pará evidenciou o problema da falta de recursos.
"Hoje a sanidade [animal] é usada comercialmente", disse o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, Laucídio Coelho Neto.
Ele declarou que a febre aftosa "é um perigo constante", que torna as exportações vulneráveis.
Na opinião do vice-presidente da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Gedeão Pereira, que cria gado e cultiva arroz e soja, "quanto mais o Brasil cresce e fica forte, vencendo os subsídios europeus e norte-americanos, mais picuinhas eles [os estrangeiros] criam para nos tirar do páreo".
O consultor de negócios Pedro Carlos Calgaro disse que o produtor brasileiro de algodão está mais preocupado com a qualidade do produto, para não perder os mercados asiático e europeu.

Fazendas de camarão
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão, o Brasil vem crescendo de forma significativa no setor. No ano passado, ocupou a sexta posição no ranking mundial de produção do crustáceo em fazendas, com pouco mais de 90 mil toneladas. Em 1998, essa produção era de 7.250 toneladas. A China, no topo, produziu 370 mil toneladas em 2003.
Na opinião de Emerson Barbosa, diretor-presidente da Costa Dourada Camarões Ltda., uma das maiores produtoras e beneficiadoras de camarão no país, é uma "tendência normal" a possibilidade de retaliações em razão do potencial e do crescimento do país no setor.
"Hoje ainda nem atingimos os patamares de produção dos asiáticos e já estamos sofrendo retaliação com um processo recente de antidumping, com outros cinco maiores exportadores, nos Estados Unidos. Eu acho essa tendência normal", disse.
(JOSÉ MASCHIO, EDUARDO DE OLIVEIRA, HUDSON CORRÊA E LÉO GERCHMANN)

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