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CÂMBIO
Ao contrário do que ocorria, tendência do "black" está próxima da do comercial
Nem crise política anima cotação do dólar paralelo
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de as cotações do dólar
no câmbio comercial e no paralelo serem diferentes, a tendência
das duas operações no mercado
está muito próxima.
Analistas explicam que isso tem
ocorrido porque tanto empresas
quanto pequenos investidores
não estão interessados na moeda
norte-americana neste momento.
O dólar comercial -por onde
passa o grosso do mercado, especialmente exportadores, importadores e bancos- fechou a
R$ 2,357 na sexta-feira.
Nesse segmento, a moeda norte-americana registra desvalorização de 12,06% em 2005 (até 30
de junho).
Já no segmento paralelo, conhecido antigamente como "black", a
moeda encerrou o último dia de
negócios da semana passada a
R$ 2,74. No ano, o dólar paralelo
está com baixa de 8,97% diante do
real (até 30 de junho).
"Mesmo no mercado paralelo, a
procura por dólares tem sido baixa. As pessoas, assim como as empresas, não estão à caça da moeda,
motivadas pela crise política", diz
Mário Battistel, diretor de câmbio
da corretora Novação.
O analista afirma que quem
busca dólares neste momento está muito mais interessado no preço baixo da moeda.
A piora da crise política -não
param de pipocar denúncias envolvendo o governo federal- parece não ser suficiente para fazer
com que o dólar ganhe terreno
diante do real.
Nem mesmo a informação de
que o Tesouro Nacional elevou
sua previsão de compras de dólares em 2005 chegou a empurrar a
cotação da moeda dos EUA para
cima, como era esperado.
Próximo de seu menor patamar
desde abril de 2002, o dólar não
encontra compradores -ao menos não em tamanho suficiente
para barrar a apreciação do real.
Reclamações
Quem não está gostando nem
um pouco do atual cenário do
mercado de câmbio são os exportadores. A reclamação do setor é
de que o real apreciado acaba por
diminuir os ganhos e a competitividade no comércio com o exterior. Mas, como o saldo da balança comercial -a diferença entre o
que é exportado e o que é importado- segue batendo recordes, o
governo não dá sinais de estar
preocupado com as constantes
críticas do setor industrial.
Em junho, o saldo da balança
comercial atingiu US$ 4,031 bilhões, o melhor resultado mensal
já registrado no país.
Dessa forma, e levando em conta que o dólar baixo é favorável ao
arrefecimento da inflação, analistas avaliam que é difícil o Banco
Central entrar no mercado neste
momento e comprar a moeda.
Desde março, o BC deixou de
atuar no mercado de câmbio.
Uma das formas de agir é por
meio da compra de moeda, que
ajuda a evitar desvalorizações
mais fortes no câmbio.
Além do saldo positivo da balança comercial, a entrada de dinheiro estrangeiro no mercado
doméstico tem sido forte há algum tempo. O capital estrangeiro
tem desembarcado por aqui na
tentativa de lucrar com as taxas de
juros recorde praticadas no país.
Esse movimento amplia a disponibilidade de dólares no mercado
em um momento de baixa procura. E quanto mais aumenta a oferta, quando há pouca demanda, a
tendência é de o preço cair.
Após corrigirem um pouco suas
posições na eclosão da atual crise
política, os bancos voltaram a ficar "vendidos" (isso significa que
apostaram na tendência de baixa
do dólar).
Por outro lado, o boletim Focus
-que é uma pesquisa semanal
realizada pelo BC junto às instituições financeiras-, da semana
passada mostrou que a projeção
mediana do mercado é a de que o
dólar esteja a R$ 2,65 no fim de
2005. Isso pode ser interpretado
como uma possibilidade de que a
apreciação do real perderá intensidade.
Na sexta-feira, o dólar registrou
valorização de 0,99%.
(FABRICIO VIEIRA)
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