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Indústria freia em maio, diz Ipea
Produção, a ser divulgada hoje pelo IBGE, deve registrar 2ª queda seguida de 0,1% sobre o mês anterior
Instituto diz que é cedo
para falar em inversão de
tendência de crescimento
e credita desaceleração a
impacto do real valorizado
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A indústria perdeu fôlego em
maio, aponta projeção do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplica, ligado ao Ministério do Planejamento), obtida
pela Folha. A produção do setor caiu 0,1% na comparação livre de influências sazonais
com abril, estima o instituto. Já
em relação a maio de 2006, a
expansão prevista é de 2,6%.
Em abril, o IBGE constatou
um crescimento de 6% da indústria ante maio. Em relação a
março, houve redução também
de 0,1%. Os dados de maio do
instituto saem hoje.
As estimativas do Ipea foram
feitas com base em informações já disponíveis de alguns
setores -aço, papelão, veículos
e energia- usados para projetar a trajetória da indústria como um todo.
Segundo José Ronaldo Souza
Jr., economista do Ipea, é cedo
para falar numa "estagnação da
indústria", apesar da previsão
de dois meses seguidos de resultados próximos a zero.
"Não significa que tenha havido uma inversão da tendência de crescimento. O nível de
produção ainda está elevado. O
que há é uma certa desaceleração do ritmo de crescimento."
Pela previsão do Ipea, a produção industrial cresceu 4% de
janeiro a maio, menos do que o
acumulado até abril verificado
pelo IBGE -4,3%.
Por trás de tal movimento de
desaceleração, diz, está o câmbio: "O que está acontecendo é
um certo reflexo de setores que
sofrem com o real sobrevalorizado, na medida em que reduz
a competitividade de produtos
exportados e amplia a concorrência de importados."
De acordo com ele, a demanda do mercado interno está
"muito forte", o que indica que
a desaceleração "está sendo influenciada pelo câmbio".
O fato de a indústria ter crescido com força em maio de
2006 (4,8%) também explica,
em parte, a perda de ritmo da
indústria, segundo Souza Jr. "A
base de comparação é elevada."
Dos indicadores que apontam a tendência global da indústria, o que teve o pior desempenho foi o consumo de energia --0,2% ante abril.
Um dos sinais de ampliação
do consumo interno, diz Souza,
aparece no dado do setor automobilístico, cuja produção subiu 0,8% ante abril e 7,2% em
relação a maio de 2006.
Já a MB Associados prevê
um desempenho mais fraco da
indústria: queda de 0,5% ante
abril. Em relação a maio de
2006, estima uma alta de 2%.
Sérgio Vale, economista da
MB, diz que as previsões foram
revistas para baixo após o
anúncio de queda da produção
de petróleo da Petrobras em
decorrência de paradas programas de plataformas e problemas operacionais em maio. Antes de revisão, a projeção apontava um crescimento de 0,7%
em relação a abril e de 4,4% ante maio de 2006.
O economista considera, porém, que o resultado de maio
será "um ponto fora da curva"
por causa do petróleo (a extração caiu 1% em maio), sem
comprometer a tendência de
expansão da indústria.
Vale crê numa reação já em
junho com impacto positivo no
PIB do segundo trimestre, que
deve crescer 5% ante o mesmo
período de 2006 -a alta foi de
4,3% no primeiro trimestre.
Mais otimista, a LCA prevê
um crescimento de 0,3% da indústria em maio ante o mês anterior.
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