São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2007

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Indústria freia em maio, diz Ipea

Produção, a ser divulgada hoje pelo IBGE, deve registrar 2ª queda seguida de 0,1% sobre o mês anterior

Instituto diz que é cedo para falar em inversão de tendência de crescimento e credita desaceleração a impacto do real valorizado

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A indústria perdeu fôlego em maio, aponta projeção do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplica, ligado ao Ministério do Planejamento), obtida pela Folha. A produção do setor caiu 0,1% na comparação livre de influências sazonais com abril, estima o instituto. Já em relação a maio de 2006, a expansão prevista é de 2,6%.
Em abril, o IBGE constatou um crescimento de 6% da indústria ante maio. Em relação a março, houve redução também de 0,1%. Os dados de maio do instituto saem hoje.
As estimativas do Ipea foram feitas com base em informações já disponíveis de alguns setores -aço, papelão, veículos e energia- usados para projetar a trajetória da indústria como um todo.
Segundo José Ronaldo Souza Jr., economista do Ipea, é cedo para falar numa "estagnação da indústria", apesar da previsão de dois meses seguidos de resultados próximos a zero.
"Não significa que tenha havido uma inversão da tendência de crescimento. O nível de produção ainda está elevado. O que há é uma certa desaceleração do ritmo de crescimento."
Pela previsão do Ipea, a produção industrial cresceu 4% de janeiro a maio, menos do que o acumulado até abril verificado pelo IBGE -4,3%.
Por trás de tal movimento de desaceleração, diz, está o câmbio: "O que está acontecendo é um certo reflexo de setores que sofrem com o real sobrevalorizado, na medida em que reduz a competitividade de produtos exportados e amplia a concorrência de importados."
De acordo com ele, a demanda do mercado interno está "muito forte", o que indica que a desaceleração "está sendo influenciada pelo câmbio".
O fato de a indústria ter crescido com força em maio de 2006 (4,8%) também explica, em parte, a perda de ritmo da indústria, segundo Souza Jr. "A base de comparação é elevada."
Dos indicadores que apontam a tendência global da indústria, o que teve o pior desempenho foi o consumo de energia --0,2% ante abril.
Um dos sinais de ampliação do consumo interno, diz Souza, aparece no dado do setor automobilístico, cuja produção subiu 0,8% ante abril e 7,2% em relação a maio de 2006.
Já a MB Associados prevê um desempenho mais fraco da indústria: queda de 0,5% ante abril. Em relação a maio de 2006, estima uma alta de 2%.
Sérgio Vale, economista da MB, diz que as previsões foram revistas para baixo após o anúncio de queda da produção de petróleo da Petrobras em decorrência de paradas programas de plataformas e problemas operacionais em maio. Antes de revisão, a projeção apontava um crescimento de 0,7% em relação a abril e de 4,4% ante maio de 2006.
O economista considera, porém, que o resultado de maio será "um ponto fora da curva" por causa do petróleo (a extração caiu 1% em maio), sem comprometer a tendência de expansão da indústria.
Vale crê numa reação já em junho com impacto positivo no PIB do segundo trimestre, que deve crescer 5% ante o mesmo período de 2006 -a alta foi de 4,3% no primeiro trimestre.
Mais otimista, a LCA prevê um crescimento de 0,3% da indústria em maio ante o mês anterior.


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