São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008

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Bovespa já acumula perda de 8,8% no mês

Bolsa recua mais 3% e atinge menor nível desde 20 de março, abaixo dos 60 mil pontos, ainda sob efeito da alta do petróleo

Ações do setor siderúrgico voltam a sofrer quedas expressivas, assim como as de empresas aéreas; dólar vai a R$ 1,611

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em apenas três dias deste mês, a Bovespa amargou desvalorização de 8,83%. No pregão de ontem, mesmo com a alta registrada pelo mercado norte-americano, a Bolsa de Valores de São Paulo encerrou com baixa de 3%. Com 59.273 pontos, a Bolsa desceu a seu mais baixo nível desde 20 de março.
Como no pregão anterior, ações do setor siderúrgico estiveram entre as maiores perdas do dia. Os papéis, que ainda têm valorizações relevantes no ano, passaram a sofrer com a queda generalizada do mercado. A baixa de Gerdau PN ontem ficou em 5,18%; Usiminas PNA caiu 5,14%; e Siderúrgica Nacional ON recuou 5,09%.
O petróleo não deu trégua ontem e encerrou as operações a US$ 145,29, em alta de 1,20%. A escalada do petróleo é um fator negativo para as economias, pois gera pressões inflacionárias e pode comprometer o crescimento econômico.
Para as ações da Petrobras, a escalada do petróleo, que foi animadora antes, perdeu o efeito positivo. As ações preferenciais da petrolífera perderam 3,25%, e as ordinárias tiveram queda de 3,98% ontem.
O esperado resultado do mercado de trabalho americano, divulgado ontem, se não foi bom, ao menos ficou dentro das projeções do mercado (leia texto nesta página). Com isso, o Dow Jones, índice da Bolsa de Nova York, conseguiu fechar em alta, de 0,65%. Já a Nasdaq recuou 0,27%.
O dia negativo teve reflexo até no mercado de câmbio, que vinha se mantendo relativamente isolado. O dólar registrou elevação de 0,5% ontem, para encerrar R$ 1,611.
Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica, diz que, neste "momento de forte volatilidade, é muito complicado fazer projeções para o índice Ibovespa no fim do ano".
"Uma correção na Bolsa brasileira já poderia ter ocorrido antes, pois estava até com resultados exagerados se comparássemos com o ritmo em que vinha o mercado internacional. Agora que a correção tem se aprofundado, nada impede que a Bolsa vá ainda mais para baixo. O desempenho futuro da economia norte-americana será muito relevante para os mercados", diz o economista.
Com o feriado de hoje nos Estados Unidos, os investidores, especialmente os estrangeiros, preferiram vender volume mais expressivo de ações ontem. Sem a referência do mercado americano, o dia deve ser mais morno no Brasil.
No pregão de ontem, foram movimentados R$ 5,01 bilhões, montante já inferior à média diária do ano (R$ 6,22 bilhões).
A participação dos estrangeiros na ponta vendedora, segundo profissionais do mercado, voltou a ser relevante.
Nas últimas semanas, a saída dos estrangeiros do mercado tem afetado consideravelmente o desempenho da Bolsa. O fluxo dos estrangeiros, responsáveis por 35% das operações, é fundamental para o resultado do mercado acionário. Em junho, o saldo das transações feitas com capital externo mostrou que as vendas bateram as compras em R$ 7,41 bilhões -pior resultado da história.

Mais perdas
O setor aéreo esteve no topo da lista das perdas de ontem. Expectativas de desempenho menos favorável para o segmento, com os combustíveis em alta, levaram as ações preferenciais da Gol a caírem 8,52% e os papéis preferenciais da TAM a recuarem 5,96%.
Mesmo o setor bancário, que tem quebrado recordes de lucros a cada trimestre, não tem conseguido se destacar. No pregão de ontem, a ação PN do Itaú recuou 3,55%, seguida de Bradesco PN (-2,49%) e Banco do Brasil ON (-1,58%).


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