São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EXUBERÂNCIA NACIONAL

Resultado do banco no 1º semestre foi 46% maior que o do concorrente; alta sobre 2003 chega a 22,4%

Itaú lucra R$ 1,825 bilhão e supera Bradesco

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro do banco Itaú Holding Financeira, de R$ 1,825 bilhão no primeiro semestre deste ano, foi 46% superior ao do Bradesco, que divulgou resultados na segunda-feira. Assim como seu concorrente, o Itaú aumentou seu lucro líquido apesar da queda dos juros -cresceu 22,4% na comparação com o primeiro semestre de 2003.
A direção do banco atribui o bom desempenho no período à expansão da área de crédito e à valorização do dólar, de 7% no semestre. Esses fatores contrabalançaram a queda dos juros.
"O resultado foi impulsionado, principalmente, pelo aumento de 9,3% no total de empréstimos concedidos pelo banco", diz Silvio de Carvalho, diretor de controladoria do Itaú.
Na realidade, o aumento do lucro foi causado por um conjunto de fatores, segundo Carlos Coradi, presidente da EFC -Engenheiros Financeiros & Consultores. "Houve crescimento do estoque da carteira de crédito e das receitas com essas operações, uma forte evolução nos ganhos com títulos e valores -de 665%- e redução das despesas com provisões devido à recuperação de créditos lançados como prejuízos."
Ele diz que ficou particularmente impressionado com o aumento dos financiamentos com mais de um ano de prazo. Esses empréstimos totalizam R$ 9,4 bilhões e cresceram 24,8% em relação ao primeiro semestre de 2003. A expansão dos financiamentos às pequenas e médias empresas pode explicar o alongamento dos prazos. Segundo Carvalho, essa linha de financiamento foi a que mais cresceu no semestre (62%).
Para Gustavo Pedreira, analista da ABM Consulting, os resultados do Itaú devem ser atribuídos ao aumento das receitas, que totalizaram R$ 12,76 bilhões no semestre passado -um crescimento de 60% em relação ao primeiro semestre de 2003. "Todas as receitas cresceram: com concessão de empréstimos, com títulos e valores mobiliários e com prestação de serviços", diz.
Acompanhando a expansão da carteira de crédito, que hoje totaliza R$ 48,7 bilhões, o banco viu suas receitas com essas operações crescerem 153% na comparação dos dois primeiros semestres. Elas totalizaram R$ 5,4 bilhões no semestre passado.
"Como o banco opera com juros médios de 62,4% ao ano nos empréstimos à pessoa física e de 29,7% ao ano, para pessoa jurídica os ganhos dessa carteira compensam de longe a redução da taxa básica, a Selic, que reduz os ganhos com títulos públicos", explica o analista.
Segundo Pedreira, o resultado do banco também foi bastante influenciado pela variação cambial. "O Itaú é um banco que opera bastante no mercado financeiro internacional. No primeiro semestre do ano passado, o dólar se desvalorizou 20% ante o real; agora, subiu 7% no semestre. Isso impactou positivamente as receitas do banco", diz Pedreira.
O reflexo da variação cambial pode ser visto nos resultados com títulos e valores mobiliários. Eles saltaram de R$ 450 milhões, no primeiro semestre do ano passado, para R$ 3,44 bilhões neste ano. "O dólar caiu muito no ano passado, e as receitas ficaram negativas, e as despesas, positivas; neste ano, não houve a mesma turbulência", explica Carvalho.

Margem financeira
A queda dos juros básicos da economia, segundo Carvalho, afetou a margem financeira do Itaú, que caiu 10%. "Isso, porém, não afetou o lucro do banco, pois foi compensado pelo maior volume de empréstimos e pela redução nos provisionamentos -o que mostra a melhoria da qualidade do crédito", diz o executivo.
A margem financeira, explica Pedreira, da ABM Consulting, é o "spread" bancário, o que o banco ganha entre o que paga para captar recursos e cobra para emprestar. O Itaú obteve no primeiro semestre de 2003 R$ 5,5 bilhões de margem financeira, enquanto neste ano registrou R$ 4,9 bilhões.
A queda da margem financeira, entretanto, afetou o resultado operacional da instituição, que caiu de R$ 3,2 bilhões no primeiro semestre do ano passado para R$ 3 bilhões neste ano. Carvalho diz que o resultado operacional do primeiro semestre de 2003 foi maior porque o banco amortizou o ágio pago na compra do banco Fiat, o que não ocorreu agora.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Correntista pode economizar, por ano, R$ 550 com tarifas de bancos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.