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EXUBERÂNCIA NACIONAL
Resultado do banco no 1º semestre foi 46% maior que o do concorrente; alta sobre 2003 chega a 22,4%
Itaú lucra R$ 1,825 bilhão e supera Bradesco
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O lucro do banco Itaú Holding
Financeira, de R$ 1,825 bilhão no
primeiro semestre deste ano, foi
46% superior ao do Bradesco, que
divulgou resultados na segunda-feira. Assim como seu concorrente, o Itaú aumentou seu lucro líquido apesar da queda dos juros
-cresceu 22,4% na comparação
com o primeiro semestre de 2003.
A direção do banco atribui o
bom desempenho no período à
expansão da área de crédito e à
valorização do dólar, de 7% no semestre. Esses fatores contrabalançaram a queda dos juros.
"O resultado foi impulsionado,
principalmente, pelo aumento de
9,3% no total de empréstimos
concedidos pelo banco", diz Silvio de Carvalho, diretor de controladoria do Itaú.
Na realidade, o aumento do lucro foi causado por um conjunto
de fatores, segundo Carlos Coradi, presidente da EFC -Engenheiros Financeiros & Consultores. "Houve crescimento do estoque da carteira de crédito e das receitas com essas operações, uma
forte evolução nos ganhos com títulos e valores -de 665%- e redução das despesas com provisões devido à recuperação de créditos lançados como prejuízos."
Ele diz que ficou particularmente impressionado com o aumento
dos financiamentos com mais de
um ano de prazo. Esses empréstimos totalizam R$ 9,4 bilhões e
cresceram 24,8% em relação ao
primeiro semestre de 2003. A expansão dos financiamentos às pequenas e médias empresas pode
explicar o alongamento dos prazos. Segundo Carvalho, essa linha
de financiamento foi a que mais
cresceu no semestre (62%).
Para Gustavo Pedreira, analista
da ABM Consulting, os resultados
do Itaú devem ser atribuídos ao
aumento das receitas, que totalizaram R$ 12,76 bilhões no semestre passado -um crescimento de
60% em relação ao primeiro semestre de 2003. "Todas as receitas
cresceram: com concessão de empréstimos, com títulos e valores
mobiliários e com prestação de
serviços", diz.
Acompanhando a expansão da
carteira de crédito, que hoje totaliza R$ 48,7 bilhões, o banco viu
suas receitas com essas operações
crescerem 153% na comparação
dos dois primeiros semestres.
Elas totalizaram R$ 5,4 bilhões no
semestre passado.
"Como o banco opera com juros médios de 62,4% ao ano nos
empréstimos à pessoa física e de
29,7% ao ano, para pessoa jurídica os ganhos dessa carteira compensam de longe a redução da taxa básica, a Selic, que reduz os ganhos com títulos públicos", explica o analista.
Segundo Pedreira, o resultado
do banco também foi bastante influenciado pela variação cambial.
"O Itaú é um banco que opera
bastante no mercado financeiro
internacional. No primeiro semestre do ano passado, o dólar se
desvalorizou 20% ante o real; agora, subiu 7% no semestre. Isso impactou positivamente as receitas
do banco", diz Pedreira.
O reflexo da variação cambial
pode ser visto nos resultados com
títulos e valores mobiliários. Eles
saltaram de R$ 450 milhões, no
primeiro semestre do ano passado, para R$ 3,44 bilhões neste ano.
"O dólar caiu muito no ano passado, e as receitas ficaram negativas,
e as despesas, positivas; neste ano,
não houve a mesma turbulência",
explica Carvalho.
Margem financeira
A queda dos juros básicos da
economia, segundo Carvalho,
afetou a margem financeira do
Itaú, que caiu 10%. "Isso, porém,
não afetou o lucro do banco, pois
foi compensado pelo maior volume de empréstimos e pela redução nos provisionamentos -o
que mostra a melhoria da qualidade do crédito", diz o executivo.
A margem financeira, explica
Pedreira, da ABM Consulting, é o
"spread" bancário, o que o banco
ganha entre o que paga para captar recursos e cobra para emprestar. O Itaú obteve no primeiro semestre de 2003 R$ 5,5 bilhões de
margem financeira, enquanto
neste ano registrou R$ 4,9 bilhões.
A queda da margem financeira,
entretanto, afetou o resultado
operacional da instituição, que
caiu de R$ 3,2 bilhões no primeiro
semestre do ano passado para R$
3 bilhões neste ano. Carvalho diz
que o resultado operacional do
primeiro semestre de 2003 foi
maior porque o banco amortizou
o ágio pago na compra do banco
Fiat, o que não ocorreu agora.
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