São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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"CUSTO-BRASIL"

Fiorina diz que "ambiente no país deve mudar"

Presidente da HP defende em SP "regras claras" para investimentos

BRUNO GARATTONI
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um discreto puxão de orelha ao governo, a presidente mundial da HP (Hewlett-Packard), Carly Fiorina, 49, fechou sua agenda de aparições públicas no país. Durante encontro ontem, em São Paulo, com um grupo de cerca de 200 empresários, a executiva disse que o "ambiente [no país] tem de mudar" e afirmou que "há necessidade de transparência, regras claras e responsabilidade" para investir.
Questionada pelos empresários sobre como foi o contato com o governo brasileiro, anteontem, ela disse: "Apresentamos propostas muito claras [a respeito dos projetos da HP no Brasil] e de como o ambiente aqui tem de mudar", afirmou. Na avaliação dela, para um país se tornar competitivo, há determinadas ações que precisam ser tomadas e, entre elas, está a reforma tributária.
"Há etapas demais da produção com tributação excessiva por aqui. Além disso, nós temos de enfrentar no Brasil um mercado negro [de equipamentos de informática] que precisa ser olhado."
Carly foi a mulher que liderou uma das maiores aquisições corporativas na história da indústria de tecnologia: a compra da Compaq pela HP, em 2002. Ela teve, na segunda, encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em seu discurso, ela listou quatro pontos relevantes para um país conseguir competir na área de tecnologia. São eles: decidir que quer competir, investir em educação, criar um "ambiente certo" para o empresariado poder aplicar recursos e, em quarto lugar, investir em tecnologia.
Pouco antes do encontro com empresários, em entrevista coletiva, a executiva apontou tendências tecnológicas, avaliou o mercado brasileiro e criticou empresas do setor de informática.
Segundo Fiorina, as câmeras digitais são um dos principais mercados para o setor de informática. Ela lembrou que a popularização dos celulares com câmera pode afetar a privacidade das pessoas.
Questionada sobre a repercussão da abertura de capital do site de busca Google, líder mundial nesse ramo (www.google.com), que poderá movimentar US$ 40 bilhões nas próximas semanas, Fiorina fez uma referência negativa à bolha de crescimento que o setor de tecnologia experimentou na década passada.
"Não acho que [a oferta] se trate de um acontecimento extremamente importante. O mercado precisa aprender com os erros dos anos 90. Quando uma coisa parece boa demais para ser verdade, ela geralmente é [inverídica]."
A executiva também criticou a gigante de mídia AOL Time Warner: "A idéia convencional era que a fusão deles [da AOL com a Time Warner] era brilhante, e a nossa fusão [da HP com a Compaq, comandada por Fiorina em 2001] iria fracassar. Hoje vemos uma história diferente".
Questionada se o fato de ser uma mulher num setor tradicionalmente dominado por homens influiu em seu trabalho, a executiva foi irônica: "É difícil responder. Eu nunca fui homem".


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