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"CUSTO-BRASIL"
Fiorina diz que "ambiente no país deve mudar"
Presidente da HP defende em SP "regras claras" para investimentos
BRUNO GARATTONI
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com um discreto puxão de orelha ao governo, a presidente mundial da HP (Hewlett-Packard),
Carly Fiorina, 49, fechou sua
agenda de aparições públicas no
país. Durante encontro ontem,
em São Paulo, com um grupo de
cerca de 200 empresários, a executiva disse que o "ambiente [no
país] tem de mudar" e afirmou
que "há necessidade de transparência, regras claras e responsabilidade" para investir.
Questionada pelos empresários
sobre como foi o contato com o
governo brasileiro, anteontem,
ela disse: "Apresentamos propostas muito claras [a respeito dos
projetos da HP no Brasil] e de como o ambiente aqui tem de mudar", afirmou. Na avaliação dela,
para um país se tornar competitivo, há determinadas ações que
precisam ser tomadas e, entre
elas, está a reforma tributária.
"Há etapas demais da produção
com tributação excessiva por
aqui. Além disso, nós temos de
enfrentar no Brasil um mercado
negro [de equipamentos de informática] que precisa ser olhado."
Carly foi a mulher que liderou
uma das maiores aquisições corporativas na história da indústria
de tecnologia: a compra da Compaq pela HP, em 2002. Ela teve, na
segunda, encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em seu discurso, ela listou quatro pontos relevantes para um
país conseguir competir na área
de tecnologia. São eles: decidir
que quer competir, investir em
educação, criar um "ambiente
certo" para o empresariado poder
aplicar recursos e, em quarto lugar, investir em tecnologia.
Pouco antes do encontro com
empresários, em entrevista coletiva, a executiva apontou tendências tecnológicas, avaliou o mercado brasileiro e criticou empresas do setor de informática.
Segundo Fiorina, as câmeras digitais são um dos principais mercados para o setor de informática.
Ela lembrou que a popularização
dos celulares com câmera pode
afetar a privacidade das pessoas.
Questionada sobre a repercussão da abertura de capital do site
de busca Google, líder mundial
nesse ramo (www.google.com),
que poderá movimentar US$ 40
bilhões nas próximas semanas,
Fiorina fez uma referência negativa à bolha de crescimento que o
setor de tecnologia experimentou
na década passada.
"Não acho que [a oferta] se trate
de um acontecimento extremamente importante. O mercado
precisa aprender com os erros dos
anos 90. Quando uma coisa parece boa demais para ser verdade,
ela geralmente é [inverídica]."
A executiva também criticou a
gigante de mídia AOL Time Warner: "A idéia convencional era
que a fusão deles [da AOL com a
Time Warner] era brilhante, e a
nossa fusão [da HP com a Compaq, comandada por Fiorina em
2001] iria fracassar. Hoje vemos
uma história diferente".
Questionada se o fato de ser
uma mulher num setor tradicionalmente dominado por homens
influiu em seu trabalho, a executiva foi irônica: "É difícil responder.
Eu nunca fui homem".
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