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Indianos podem fazer receptor de TV digital
Costa afirma que está em formatação "consórcio" entre indianos e brasileiros para produzir aparelho, que custaria R$ 180
Indústria chegou a estimar preço do produto em R$ 800; ministro das Comunicações afirma que valor deve cair até R$ 100 após isenções
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou ontem, em Belo Horizonte, que
está em formatação um "consórcio" entre empresários indianos e brasileiros para a produção no país da caixa receptora do sinal da TV digital. Segundo o ministro, o preço inicial
será de R$ 180, com todos os
impostos incluídos.
Justamente por estar com os
impostos incluídos, disse o ministro, esse preço cairá para R$
100 em um ano, com a retirada
do PIS/Cofins e a negociação
com distribuidores de produtos
eletroeletrônicos.
Esse é o preço que Costa vinha dizendo que custaria a caixa receptora do sinal da TV digital até que a indústria passou
a estimar o valor em R$ 800. Isso assustou as emissoras abertas de TV e as levou a anunciar
que poderão ajudar a subsidiar
o receptor -sem ele, as TVs
atuais (analógicas) não captam
o sinal digital.
Agora, com os indianos entrando nesse negócio, Costa
voltou a falar do preço. "Aqueles que diziam que a caixinha de
TV digital ia custar R$ 800, R$
900 estão totalmente equivocados. Empresários indianos,
acompanhados de empresários
brasileiros, vão produzir a caixinha conversora por R$ 180.
Daqui a um ano, ela vai custar
R$ 100. Vamos permitir que todos os brasileiros tenham acesso à TV digital", disse.
A Folha apurou que Costa
considera que a garantia de
preço dada pelos indianos deixa em situação frágil de concorrência as indústrias da Zona
Franca de Manaus, que, mesmo dispondo de incentivos fiscais, sugerem preço maior.
O ministro disse que três
multinacionais já estão trabalhando nessa produção na região de Manaus e acrescentou:
"Eles vão dizer o preço. O preço
é R$ 200 para baixo. Se eles
vierem com uma caixinha de
R$ 200 para cima, não vão vender. E esse é o indiano apenas,
porque ainda tem o chinês. Se o
indiano faz por R$ 200, o chinês faz por R$ 100".
Segundo Costa, o primeiro
acerto com os empresários indianos e brasileiros foi firmado
na quarta. Ele disse não ser ainda possível revelar as identidades dos envolvidos. Isso será
será feito quando estiver acertada a inclusão das ferramentas brasileiras desenvolvidas
para compor o receptor indiano. Essa é uma exigência do
Fórum da TV digital, de forma
que, embora o modelo de TV
digital seja asiático, ao sistema
será incorporado um software
nacional criado por cientistas
brasileiros, batizado "Ginga".
O presidente do Sindicato
das Indústrias de Aparelhos
Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus, Wilson Périco,
disse que a tentativa de acordo
com a Índia para produção do
receptor é hostil à indústria
brasileira. "Há capacitação humana [em Manaus]. Já se faz
esse produto aqui. Não vejo por
que Hélio Costa ficar com esse
terrorismo, buscando formas
de viabilizar a importação."
Segundo Périco, o preço do
decodificador fabricado em
Manaus sairia por US$ 120 (R$
228) para o consumidor.
Colaborou FELIPE BÄCHTOLD, da Agência Folha
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