São Paulo, sábado, 04 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indianos podem fazer receptor de TV digital

Costa afirma que está em formatação "consórcio" entre indianos e brasileiros para produzir aparelho, que custaria R$ 180

Indústria chegou a estimar preço do produto em R$ 800; ministro das Comunicações afirma que valor deve cair até R$ 100 após isenções

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou ontem, em Belo Horizonte, que está em formatação um "consórcio" entre empresários indianos e brasileiros para a produção no país da caixa receptora do sinal da TV digital. Segundo o ministro, o preço inicial será de R$ 180, com todos os impostos incluídos.
Justamente por estar com os impostos incluídos, disse o ministro, esse preço cairá para R$ 100 em um ano, com a retirada do PIS/Cofins e a negociação com distribuidores de produtos eletroeletrônicos.
Esse é o preço que Costa vinha dizendo que custaria a caixa receptora do sinal da TV digital até que a indústria passou a estimar o valor em R$ 800. Isso assustou as emissoras abertas de TV e as levou a anunciar que poderão ajudar a subsidiar o receptor -sem ele, as TVs atuais (analógicas) não captam o sinal digital.
Agora, com os indianos entrando nesse negócio, Costa voltou a falar do preço. "Aqueles que diziam que a caixinha de TV digital ia custar R$ 800, R$ 900 estão totalmente equivocados. Empresários indianos, acompanhados de empresários brasileiros, vão produzir a caixinha conversora por R$ 180. Daqui a um ano, ela vai custar R$ 100. Vamos permitir que todos os brasileiros tenham acesso à TV digital", disse.
A Folha apurou que Costa considera que a garantia de preço dada pelos indianos deixa em situação frágil de concorrência as indústrias da Zona Franca de Manaus, que, mesmo dispondo de incentivos fiscais, sugerem preço maior.
O ministro disse que três multinacionais já estão trabalhando nessa produção na região de Manaus e acrescentou: "Eles vão dizer o preço. O preço é R$ 200 para baixo. Se eles vierem com uma caixinha de R$ 200 para cima, não vão vender. E esse é o indiano apenas, porque ainda tem o chinês. Se o indiano faz por R$ 200, o chinês faz por R$ 100".
Segundo Costa, o primeiro acerto com os empresários indianos e brasileiros foi firmado na quarta. Ele disse não ser ainda possível revelar as identidades dos envolvidos. Isso será será feito quando estiver acertada a inclusão das ferramentas brasileiras desenvolvidas para compor o receptor indiano. Essa é uma exigência do Fórum da TV digital, de forma que, embora o modelo de TV digital seja asiático, ao sistema será incorporado um software nacional criado por cientistas brasileiros, batizado "Ginga".
O presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus, Wilson Périco, disse que a tentativa de acordo com a Índia para produção do receptor é hostil à indústria brasileira. "Há capacitação humana [em Manaus]. Já se faz esse produto aqui. Não vejo por que Hélio Costa ficar com esse terrorismo, buscando formas de viabilizar a importação."
Segundo Périco, o preço do decodificador fabricado em Manaus sairia por US$ 120 (R$ 228) para o consumidor.


Colaborou FELIPE BÄCHTOLD, da Agência Folha


Texto Anterior: Foco: Ex-sócio do Pactual assume setor de venda de títulos de renda fixa do suíço UBS
Próximo Texto: Ministro lamenta venda da Telemig a estrangeiros
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.