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Calote sobe no Bradesco, mas lucro cresce
Carteira de crédito para de aumentar, inadimplência também se eleva, mas ganhos no semestre crescem 2,8%, a R$ 4 bi
Inadimplência acima de 90
dias foi de 3,4% no fim de
2008 para 4,5% em junho;
banco prevê que neste mês ela vá a 4,9% e se estabilize
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O balanço do Bradesco no segundo trimestre mostrou claramente os reflexos da crise. O
crédito, motor do setor bancário ao menos desde 2006, ficou
estagnado, enquanto a inadimplência teve destacada elevação. De qualquer forma, o lucro
líquido no primeiro semestre
de 2009 se manteve bastante
alto, atingindo os R$ 4,02 bilhões -cifra 2,8% maior que a
do mesmo período de 2008.
No segundo trimestre, o lucro do banco atingiu os R$
2,297 bilhões, resultado 14,7%
maior que o número registrado
entre abril e junho do ano passado. Mas o segundo trimestre
deste ano teve eventos particulares -como a venda da participação acionária na VisaNet e o
aumento expressivo das provisões adicionais-, que tiveram
impacto líquido de aproximadamente R$ 460 milhões.
Um dos destaques do resultado foi o salto de 118,9% na PDD
(provisão para devedores duvidosos) em 12 meses, que atingiu R$ 4,42 bilhões no segundo
trimestre. A PDD representa os
recursos reservados para os riscos de calote. Segundo o banco,
um dos motivos para o aumento expressivo da PDD foi a "manutenção de níveis elevados de
inadimplência no segundo trimestre, que é resultado da retração econômica sobre a capacidade de pagamento".
O aumento da PDD não mostra apenas uma maior cautela
por parte do Bradesco. Os níveis de inadimplência subiram
de um modo geral. Para a pessoa física, os pagamentos em
atraso há mais de 90 dias alcançaram 7,5% da carteira no trimestre. Em dezembro, esse índice estava em 6,1%.
O segmento no qual a inadimplência mais subiu foi no de
pequenas e médias empresas:
foi de 2,7% do total em dezembro para 4,5% em junho. Se for
considerada a carteira total do
Bradesco, houve um aumento
de 3,4% no fim de 2008 para
4,5% em junho. Na avaliação do
banco, a inadimplência total
pode ainda ter subido um pouco até agosto, alcançando 4,9%,
antes de se estabilizar. "Mas estamos gradativamente observando uma melhora", afirmou
Luiz Carlos Trabuco Cappi,
presidente do Bradesco.
A carteira de crédito do Bradesco teve pequeno recuo entre
o primeiro e o segundo trimestres, indo de R$ 212,99 bilhões
para R$ 212,77 bilhões. Até o
fim de 2008, a expansão da carteira vinha ocorrendo de forma
acelerada e contínua. Em 2008,
a carteira de crédito cresceu
33,4%. Em 2007, havia tido expansão de 38,9%.
Mudança gradativa
"O segundo trimestre refletiu bastante a crise, o medo de
conceder crédito. Mas vejo que
a realidade tem mudado gradativamente desde lá. Neste terceiro trimestre a tendência é
vermos melhora no crédito e
queda na PDD", diz Luis Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Rating.
Para o ano, o banco reviu sua
previsão de crescimento do
crédito para uma faixa entre
8% e 12%. A projeção anterior
apontava entre 13% e 17%.
Essa mudança fez com que a
participação do crédito no resultado do banco saísse de 23%
do total nos primeiros seis meses de 2008 para 17% neste ano.
Na outra ponta, o segmento
de títulos e valores mobiliários
elevou sua participação. Subiu
de 7% do total para 13% no período. O segmento responde
pelas operações de tesouraria
-basicamente os títulos nos
quais a instituição aplica.
"Os bancos represaram o crédito, o que favoreceu a destinação do dinheiro que captaram
para aplicações em títulos. O
segmento se tornou, ao menos
temporariamente, mais relevante", diz Santacreu.
Sem aquisições de porte em
vista, o Bradesco parece que
deixou em segundo plano a disputa do posto de maior banco
privado do país, que ocupou
por um bom tempo. A fusão do
Itaú com o Unibanco deixou o
Bradesco em desvantagem. "A
liderança não é uma obsessão",
afirmou o presidente do Bradesco na entrevista de apresentação dos resultados.
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