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Balança bate recordes, mas saldo comercial recua 22%
Exportações em agosto atingem US$ 15 bilhões, mas importações sobem mais
Superávit até agosto recua 7,5%; governo diz que
movimento é positivo porque traz máquinas
e insumos à indústria
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Impulsionadas pela combinação de dólar barato e crescimento econômico, as importações bateram recorde e levaram a uma queda de 22,4% do
superávit comercial -ainda
que as exportações do mês
também tenham sido as maiores da história.
O saldo caiu dos US$ 4,554
bilhões de agosto do ano passado para US$ 3,535 bilhões, diferença entre os US$ 15,101 bilhões vendidos ao exterior e as
compras externas de US$
11,566 bilhões.
Embora mais aguda em agosto, a tendência de redução do
superávit foi observada ao longo dos oito primeiros meses do
ano, quando a entrada de dólares pela via comercial caiu 7,5%
ante o mesmo período de 2006.
Essas divisas são consideradas o seguro mais eficaz contra
turbulências do mercado financeiro externo porque, diferentemente do capital atraído
pelos juros altos, não deixam o
país tão facilmente nos momentos de incerteza. O governo, porém, argumenta que a
queda do superávit para os US$
27,513 bilhões acumulados de
janeiro a agosto não preocupa.
"Mais de 71% da importação
são bens de capital e matérias-primas, relacionados à indústria, o que permite dar maior
competitividade aos nossos
produtos lá fora", disse o secretário de Comércio Exterior, Armando de Mello Meziat.
Para o economista-chefe do
Iedi (Instituto de Estudos para
o Desenvolvimento Industrial), Edgard Pereira, os dados
não permitem dizer que há só
benefícios. "Se estamos importando bens de capital que são
produzidos no país, está havendo deslocamento da produção
nacional e perda de empregos."
No ano, a importação de bens
de capital (máquinas e equipamentos, sinal de investimento
por parte das empresas) cresceu 27,3%, enquanto a de bens
de consumo subiu 31,8%.
Só no mês passado, cresceu
66,8% a importação de automóveis, principalmente da Argentina e do México. No ano, o
aumento foi de 52,5%. As importações aumentaram de todos os principais parceiros do
país, exceto do Oriente Médio,
de onde as compras caíram 18%
nos primeiros oito meses.
Os EUA continuam sendo o
principal parceiro comercial do
Brasil, de onde foram importados US$ 12,1 bilhões em 2007.
Em seguida, vem a China (US$
7,6 bilhões), que ultrapassou a
Argentina (US$ 6,5 bilhões).
Em quarto e quinto, vêm Alemanha (US$ 5,6 bilhões) e Japão (US$ 3 bilhões).
"Ainda é cedo para saber se
haverá impacto nas exportações" causado pela crise das hipotecas dos EUA, avaliou o secretário de Comércio Exterior.
Ritmo das exportações
O volume recorde de vendas
brasileiras também não representou o fim da desaceleração
das exportações, que cresceram a uma taxa de 15,9% nos
primeiros oito meses, contra
27,8% de aumento das importações. A média de vendas por
dia útil se mantém estagnada
desde o final do ano passado.
O problema das exportações
não é só esse: nos primeiros oito meses do ano, as vendas de
produtos básicos cresceram
24%, contra 11,9% das de industrializados. "Não é que os manufaturados estejam indo mal.
Os básicos é que estão indo
bem", interpretou Meziat.
Só em agosto, porém, houve
queda de 4,5% nas vendas de
automóveis, 12,4% nas de motores para veículos e de 46,6%
nas de aparelhos transmissores
e receptores. Já a alta nas vendas de aviões (12,3%) e motores
e geradores elétricos (36,6%)
minimizou a variação.
A meta do governo é exportar
US$ 155 bilhões até o final do
ano. O secretário de Comércio
Exterior disse ontem que tem
"plena fé" de que o objetivo deverá ser cumprido.
De janeiro a julho, houve
crescimento de 9% no preço
médio pago aos produtos brasileiros e ampliação de 7,6% na
quantidade exportada. Para
Meziat, a evolução significa que
o país vem ganhando mercado.
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