São Paulo, terça-feira, 04 de setembro de 2007

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Balança bate recordes, mas saldo comercial recua 22%

Exportações em agosto atingem US$ 15 bilhões, mas importações sobem mais

Superávit até agosto recua 7,5%; governo diz que movimento é positivo porque traz máquinas e insumos à indústria

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Impulsionadas pela combinação de dólar barato e crescimento econômico, as importações bateram recorde e levaram a uma queda de 22,4% do superávit comercial -ainda que as exportações do mês também tenham sido as maiores da história.
O saldo caiu dos US$ 4,554 bilhões de agosto do ano passado para US$ 3,535 bilhões, diferença entre os US$ 15,101 bilhões vendidos ao exterior e as compras externas de US$ 11,566 bilhões.
Embora mais aguda em agosto, a tendência de redução do superávit foi observada ao longo dos oito primeiros meses do ano, quando a entrada de dólares pela via comercial caiu 7,5% ante o mesmo período de 2006.
Essas divisas são consideradas o seguro mais eficaz contra turbulências do mercado financeiro externo porque, diferentemente do capital atraído pelos juros altos, não deixam o país tão facilmente nos momentos de incerteza. O governo, porém, argumenta que a queda do superávit para os US$ 27,513 bilhões acumulados de janeiro a agosto não preocupa.
"Mais de 71% da importação são bens de capital e matérias-primas, relacionados à indústria, o que permite dar maior competitividade aos nossos produtos lá fora", disse o secretário de Comércio Exterior, Armando de Mello Meziat.
Para o economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Edgard Pereira, os dados não permitem dizer que há só benefícios. "Se estamos importando bens de capital que são produzidos no país, está havendo deslocamento da produção nacional e perda de empregos."
No ano, a importação de bens de capital (máquinas e equipamentos, sinal de investimento por parte das empresas) cresceu 27,3%, enquanto a de bens de consumo subiu 31,8%.
Só no mês passado, cresceu 66,8% a importação de automóveis, principalmente da Argentina e do México. No ano, o aumento foi de 52,5%. As importações aumentaram de todos os principais parceiros do país, exceto do Oriente Médio, de onde as compras caíram 18% nos primeiros oito meses.
Os EUA continuam sendo o principal parceiro comercial do Brasil, de onde foram importados US$ 12,1 bilhões em 2007. Em seguida, vem a China (US$ 7,6 bilhões), que ultrapassou a Argentina (US$ 6,5 bilhões). Em quarto e quinto, vêm Alemanha (US$ 5,6 bilhões) e Japão (US$ 3 bilhões).
"Ainda é cedo para saber se haverá impacto nas exportações" causado pela crise das hipotecas dos EUA, avaliou o secretário de Comércio Exterior.

Ritmo das exportações
O volume recorde de vendas brasileiras também não representou o fim da desaceleração das exportações, que cresceram a uma taxa de 15,9% nos primeiros oito meses, contra 27,8% de aumento das importações. A média de vendas por dia útil se mantém estagnada desde o final do ano passado.
O problema das exportações não é só esse: nos primeiros oito meses do ano, as vendas de produtos básicos cresceram 24%, contra 11,9% das de industrializados. "Não é que os manufaturados estejam indo mal. Os básicos é que estão indo bem", interpretou Meziat.
Só em agosto, porém, houve queda de 4,5% nas vendas de automóveis, 12,4% nas de motores para veículos e de 46,6% nas de aparelhos transmissores e receptores. Já a alta nas vendas de aviões (12,3%) e motores e geradores elétricos (36,6%) minimizou a variação.
A meta do governo é exportar US$ 155 bilhões até o final do ano. O secretário de Comércio Exterior disse ontem que tem "plena fé" de que o objetivo deverá ser cumprido.
De janeiro a julho, houve crescimento de 9% no preço médio pago aos produtos brasileiros e ampliação de 7,6% na quantidade exportada. Para Meziat, a evolução significa que o país vem ganhando mercado.


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