São Paulo, terça-feira, 04 de setembro de 2007

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TAM contrata diretor que ajudou a fundar a Gol

Com imagem abalada após acidente em São Paulo, aérea tira da concorrente David Barioni, vice-presidente técnico

Gol não se pronuncia sobre saída de executivo, que deve levar com ele para a concorrente dois membros de sua equipe

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos executivos que participaram da fundação da Gol, o vice-presidente técnico da companhia aérea, David Barioni Neto, considerado peça importante na estratégia da empresa, foi contratado pela concorrente TAM, com sérios problemas de imagem após o acidente deste ano, a peso de ouro.
O anúncio foi feito ontem pela companhia aérea. Barioni, segundo a Folha apurou, deve levar com ele dois membros de sua equipe, e a avaliação no setor aéreo e na própria Gol é que sua perda foi um golpe duro para a empresa.
Fernando Rockert de Magalhães, que trabalhava desde janeiro de 2004 com Barioni na companhia, assumirá o cargo. No setor aéreo, entretanto, a avaliação é que a TAM está levando, além do know-how do executivo, seus conhecimentos estratégicos sobre a Gol, praticamente sua única concorrente. Hoje, a TAM possui 50,6% dos vôos domésticos. A Gol e a Varig (recém-adquirida pela empresa) têm, juntas, cerca de 40% do mercado.
Para a TAM, a chegada do executivo, pouco mais de um mês depois do acidente em Congonhas, acontece em um momento de crise interna na empresa. Sua imagem já estava abalada desde o apagão do Natal do ano passado, quando seis aviões seus pararam para manutenção não-programada e causaram caos nos aeroportos.
A avaliação no setor é que a companhia também não soube gerir bem as conseqüências da tragédia sobre sua imagem.
A companhia afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a negociação para levar Barioni estava acontecendo desde antes do acidente.
A Gol não se pronunciou sobre a saída de Barioni. Limitou-se a soltar uma nota. "Para nós, é uma grande satisfação contar com a experiência e a capacidade de gestão do comandante Rockert para uma área importante da companhia num momento de transição do mercado brasileiro", afirma o presidente da empresa, Constantino Júnior, no texto à imprensa.
O executivo, segundo a Folha apurou, foi atraído pela TAM por uma série de benefícios. Além disso, ele, que começou como piloto da Vasp, estaria insatisfeito, por motivos financeiros, com a família Constantino Júnior, dona da Gol.
Hoje, haveria insatisfação na TAM com o relacionamento da vice-presidência operacional com a tripulação (a vice-presidência de operações inclui a coordenação de comandantes e co-pilotos). Com a tragédia, a empresa sofreu críticas por não ser tão rigorosa quanto poderia em suas normas para pouso no aeroporto paulistano, inclusive por seus próprios pilotos.

Mau momento
A situação financeira das empresas já foi melhor. Os atrasos e cancelamentos, que se tornaram rotineiros no primeiro semestre, fizeram com que as empresas aéreas tivessem que reduzir tarifas para tentar atrair passageiros e aumentassem gastos, como combustível e hotel e alimentação para passageiros de vôos atrasados.
A TAM anunciou, para o período entre abril e junho, seu primeiro prejuízo trimestral desde o segundo trimestre de 2005. A companhia aérea divulgou resultado negativo de R$ 28,6 milhões de abril a junho deste ano, ante lucro de R$ 97,1 milhões no mesmo período do ano passado.
Já a Gol informou prejuízo de R$ 35,37 milhões (pelo padrão americano) no segundo trimestre, ante lucro de R$ 106,68 milhões em 2006.
A expectativa de analistas especializados no setor aéreo é de melhoria até o final do ano.


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