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TAM contrata diretor que ajudou a fundar a Gol
Com imagem abalada após acidente em São Paulo, aérea tira da concorrente David Barioni, vice-presidente técnico
Gol não se pronuncia sobre saída de executivo, que deve levar com ele para
a concorrente dois membros de sua equipe
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos executivos que participaram da fundação da Gol, o
vice-presidente técnico da
companhia aérea, David Barioni Neto, considerado peça importante na estratégia da empresa, foi contratado pela concorrente TAM, com sérios problemas de imagem após o acidente deste ano, a peso de ouro.
O anúncio foi feito ontem pela companhia aérea. Barioni,
segundo a Folha apurou, deve
levar com ele dois membros de
sua equipe, e a avaliação no setor aéreo e na própria Gol é que
sua perda foi um golpe duro para a empresa.
Fernando Rockert de Magalhães, que trabalhava desde janeiro de 2004 com Barioni na
companhia, assumirá o cargo.
No setor aéreo, entretanto, a
avaliação é que a TAM está levando, além do know-how do
executivo, seus conhecimentos
estratégicos sobre a Gol, praticamente sua única concorrente. Hoje, a TAM possui 50,6%
dos vôos domésticos. A Gol e a
Varig (recém-adquirida pela
empresa) têm, juntas, cerca de
40% do mercado.
Para a TAM, a chegada do
executivo, pouco mais de um
mês depois do acidente em
Congonhas, acontece em um
momento de crise interna na
empresa. Sua imagem já estava
abalada desde o apagão do Natal do ano passado, quando seis
aviões seus pararam para manutenção não-programada e
causaram caos nos aeroportos.
A avaliação no setor é que a
companhia também não soube
gerir bem as conseqüências da
tragédia sobre sua imagem.
A companhia afirmou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que a negociação para
levar Barioni estava acontecendo desde antes do acidente.
A Gol não se pronunciou sobre a saída de Barioni. Limitou-se a soltar uma nota. "Para nós,
é uma grande satisfação contar
com a experiência e a capacidade de gestão do comandante
Rockert para uma área importante da companhia num momento de transição do mercado brasileiro", afirma o presidente da empresa, Constantino
Júnior, no texto à imprensa.
O executivo, segundo a Folha apurou, foi atraído pela
TAM por uma série de benefícios. Além disso, ele, que começou como piloto da Vasp, estaria insatisfeito, por motivos financeiros, com a família Constantino Júnior, dona da Gol.
Hoje, haveria insatisfação na
TAM com o relacionamento da
vice-presidência operacional
com a tripulação (a vice-presidência de operações inclui a
coordenação de comandantes e
co-pilotos). Com a tragédia, a
empresa sofreu críticas por não
ser tão rigorosa quanto poderia
em suas normas para pouso no
aeroporto paulistano, inclusive
por seus próprios pilotos.
Mau momento
A situação financeira das empresas já foi melhor. Os atrasos
e cancelamentos, que se tornaram rotineiros no primeiro semestre, fizeram com que as
empresas aéreas tivessem que
reduzir tarifas para tentar
atrair passageiros e aumentassem gastos, como combustível
e hotel e alimentação para passageiros de vôos atrasados.
A TAM anunciou, para o período entre abril e junho, seu
primeiro prejuízo trimestral
desde o segundo trimestre de
2005. A companhia aérea divulgou resultado negativo de
R$ 28,6 milhões de abril a junho deste ano, ante lucro de R$
97,1 milhões no mesmo período do ano passado.
Já a Gol informou prejuízo
de R$ 35,37 milhões (pelo padrão americano) no segundo
trimestre, ante lucro de R$
106,68 milhões em 2006.
A expectativa de analistas especializados no setor aéreo é de
melhoria até o final do ano.
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