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Alta no aço e no IPI deve deixar carros mais caros
Corretora aponta que siderúrgicas já reajustaram o valor do aço em até 13%
Produto é um dos principais insumos usados na produção dos veículos; para analista, montadoras não conseguirão absorver alta nos custos
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se a competição entre as
montadoras poderia dificultar
o repasse integral do IPI -que
volta a subir a partir de outubro- sobre o preço final dos
carros, o reajuste no valor do
aço acabará provocando impacto no bolso do consumidor.
Relatório da corretora Link
Investimentos que cita fontes
do mercado indicou que a Usiminas elevou, a partir deste
mês, os preços do aço plano entre 10% e 12%. A CSN também
já teria anunciado aos seus
clientes um reajuste de 13%.
O aço plano é um dos insumos mais usados na fabricação
dos veículos. "O reajuste é um
complicador neste momento.
As montadoras estão fazendo
promoções e subsidiando juros. As margens não estão folgadas para absorver um aumento desse nos custos", disse
André Beer, ex-presidente da
Anfavea (Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos
Automotores) e consultor do
setor automotivo.
Procuradas, as siderúrgicas
não confirmaram o aumento.
Em nota, a Usiminas disse apenas que "mantém sua política
de preservar a competitividade
no preço do aço com flexibilidade para negociar, considerando as demandas e as especificidades de cada cliente".
Segundo uma fonte do setor
automotivo, porém, o reajuste
do insumo já foi colocado às
empresas de autopeças e é inevitável que seja cobrado das
montadoras em breve.
Em média, um automóvel
carrega cerca de 600 quilos de
aço, o que representa 58% de
seu peso. A indústria automotiva é a segunda maior compradora do produto, atrás da construção civil, e responde por
20% do consumo nacional.
Com a retomada da demanda, impulsionada pelo retorno
do crédito -já praticamente
nos níveis anteriores à crise-,
as montadoras terão agora
mais chance de repassar o aumento dos custos para o valor
do carro, diz o sócio-diretor da
PricewaterhouseCoopers Marcelo Cioffi. Um fator adicional
que pode pressionar os preços
internamente é a queda nas exportações.
"Com a retração no mercado
externo, as montadoras terão
dificuldade de aumentar os
preços lá fora. Assim, terão de
compensar aqui", diz Cioffi.
De acordo com ele, não é possível estimar o repasse sobre o
preço dos carros, porque a
competição no setor automotivo está "muito acirrada".
A partir do mês que vem, o
IPI começa a subir -a alíquota
vai recuperar um terço do que
foi cortado; em novembro haverá outra alta; e a última será
em dezembro.
"O IPI sozinho não derrubaria as vendas. Agora, com o aumento no aço, os custos sobem
muito", diz Beer.
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