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POLÍTICA ECONÔMICA
Para presidente, exemplo de oposição é a dos EUA
FHC propõe pacto nacional para dar equilíbrio às contas públicas
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso propôs ontem um
pacto nacional pelo ajuste das
contas públicas, com participação
inclusive de partidos de oposição,
acusados, no mesmo discurso, de
destruírem o país.
"Nós precisamos fazer o que os
países mais avançados já fizeram:
um pacto nacional pelo ajuste fiscal." O apelo de FHC foi feito em
cerimônia no Palácio do Planalto
com cerca de 500 representantes
de cooperativas agrícolas.
FHC elogiou o comportamento
da oposição nos Estados Unidos,
que, segundo sua argumentação,
cobra o ajuste do governo norte-americano.
"Quisera eu que a nossa oposição aqui cobrasse a execução de
um pacto em favor do Brasil em
vez de o tempo todo destruir o que
é bom para o Brasil", afirmou o
presidente, obtendo aplausos da
platéia.
Anteontem, o candidato do PPS
à Presidência, Ciro Gomes, propôs
que todos os candidatos se unissem em torno de um pacto anticrise, alternativa descartada por
FHC.
Em tese, o governo tem maioria
no Congresso, ou seja, teoricamente não depende da oposição
para aprovar as reformas constitucionais ou outras medidas para
equilibrar as contas públicas.
Resistências
O fato é que a própria base governista resiste às mudanças propostas pelo governo na Previdência Social, na administração pública e no sistema de impostos. No
ano passado, por exemplo, o PFL,
principal partido aliado, não aceitou uma proposta de redução de
incentivos fiscais do governo.
Neste ano, o próprio Executivo
descumpriu a maior parte das metas fixadas no pacote fiscal de novembro último, que deveria ser
uma resposta à crise internacional
que agora está muito mais grave.
O resultado foi que o déficit público saltou de 5% para 7% do PIB
(Produto Interno Bruto).
O presidente disse ontem que o
ajuste não será feito por meio de
um pacote porque "isso não resolve". "O Brasil está em um processo progressivo de ajuste fiscal e
continuará neste processo. Esse
processo é um processo (sic), não
é um ato de governo, que não se
exaure no ato do presidente ou do
Executivo. Depende do Congresso
e da compreensão da sociedade."
Como exemplo, o presidente
usou novamente o modelo norte-americano. "Os Estados Unidos, que são os Estados Unidos,
levaram anos para fazer um ajuste
fiscal."
Para o presidente, o ajuste fiscal
"não pode ser visto como uma
imposição, uma mordaça do Executivo sobre o apetite gastador de
quem quer que seja". Segundo ele,
essa reforma tem de ser vista como
"necessidade nacional".
Além dos cooperativistas, estavam presentes à cerimônia o vice-presidente Marco Maciel, o ministro-interino da Fazenda, Pedro
Parente, e os ministros da Agricultura, Francisco Turra, do Trabalho, Edward Amadeo, da Previdência, Waldeck Ornélas, e da Casa Civil, Clóvis Carvalho.
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