São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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POLÍTICA ECONÔMICA
Para presidente, exemplo de oposição é a dos EUA
FHC propõe pacto nacional para dar equilíbrio às contas públicas

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso propôs ontem um pacto nacional pelo ajuste das contas públicas, com participação inclusive de partidos de oposição, acusados, no mesmo discurso, de destruírem o país.
"Nós precisamos fazer o que os países mais avançados já fizeram: um pacto nacional pelo ajuste fiscal." O apelo de FHC foi feito em cerimônia no Palácio do Planalto com cerca de 500 representantes de cooperativas agrícolas.
FHC elogiou o comportamento da oposição nos Estados Unidos, que, segundo sua argumentação, cobra o ajuste do governo norte-americano.
"Quisera eu que a nossa oposição aqui cobrasse a execução de um pacto em favor do Brasil em vez de o tempo todo destruir o que é bom para o Brasil", afirmou o presidente, obtendo aplausos da platéia.
Anteontem, o candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, propôs que todos os candidatos se unissem em torno de um pacto anticrise, alternativa descartada por FHC.
Em tese, o governo tem maioria no Congresso, ou seja, teoricamente não depende da oposição para aprovar as reformas constitucionais ou outras medidas para equilibrar as contas públicas.

Resistências
O fato é que a própria base governista resiste às mudanças propostas pelo governo na Previdência Social, na administração pública e no sistema de impostos. No ano passado, por exemplo, o PFL, principal partido aliado, não aceitou uma proposta de redução de incentivos fiscais do governo.
Neste ano, o próprio Executivo descumpriu a maior parte das metas fixadas no pacote fiscal de novembro último, que deveria ser uma resposta à crise internacional que agora está muito mais grave. O resultado foi que o déficit público saltou de 5% para 7% do PIB (Produto Interno Bruto).
O presidente disse ontem que o ajuste não será feito por meio de um pacote porque "isso não resolve". "O Brasil está em um processo progressivo de ajuste fiscal e continuará neste processo. Esse processo é um processo (sic), não é um ato de governo, que não se exaure no ato do presidente ou do Executivo. Depende do Congresso e da compreensão da sociedade."
Como exemplo, o presidente usou novamente o modelo norte-americano. "Os Estados Unidos, que são os Estados Unidos, levaram anos para fazer um ajuste fiscal."
Para o presidente, o ajuste fiscal "não pode ser visto como uma imposição, uma mordaça do Executivo sobre o apetite gastador de quem quer que seja". Segundo ele, essa reforma tem de ser vista como "necessidade nacional".
Além dos cooperativistas, estavam presentes à cerimônia o vice-presidente Marco Maciel, o ministro-interino da Fazenda, Pedro Parente, e os ministros da Agricultura, Francisco Turra, do Trabalho, Edward Amadeo, da Previdência, Waldeck Ornélas, e da Casa Civil, Clóvis Carvalho.



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