MARCELO DIEGO
da Reportagem Local

Agosto registrou a maior saída de dinheiro dos investidores estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo em 1999. O saldo do mês (entradas menos saídas de recursos) ficou negativo em R$ 627,752 milhões.
No ano, só janeiro havia registrado saldo negativo, de R$ 178,477 milhões. Em dezembro, o saldo foi negativo em R$ 1,234 bilhão. A entrada de recursos estrangeiros se dá pela compra de ações. A saída, pela venda.
Em agosto, as compras totalizaram R$ 1,850 bilhão. As vendas foram de R$ 2,452 bilhões.
No ano, o saldo acumulado é positivo, em R$ 2,653 bilhões. "Agosto foi um mês atípico, muito radicalizado pelos problemas políticos. O enfraquecimento do presidente (Fernando Henrique Cardoso) trouxe fragilidade ao mercado e pressionou o dólar. O investidor saiu da Bolsa", disse Roberto Dotta, da Tudor Asset Management.
As aplicações em Bolsa renderam 1,18% em agosto. A saída dos estrangeiros contribuiu para que o mês tivesse o pior volume financeiro do ano. Em média, o giro diário foi de R$ 478,172 milhões -0,67% a menos do que janeiro.
"O investidor estrangeiro precisa ter mais confiança em que as ações que comprar irão se valorizar. Ele precisa de fatos concretos, que não existem", disse MauroMazzaro, analista da Planner.
Para Nicolas Balafas, do Banco BNP, agosto teve dois momentos distintos. "No início, com os índices de popularidade do presidente despencando, com o ACM falando sobre imposto para pobres e com a perspectiva da "Marcha dos 100 Mil", criou-se uma percepção muito ruim", afirmou.
"Depois, FHC manteve uma posição firme com os ruralistas e criou um fato político com o lançamento do Plano Plurianual", disse. Mesmo assim, completou, o estrangeiro que havia saído em agosto não voltou à Bolsa.



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