São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2000

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TUDO PELO SOCIAL
Banco deve dar prioridade ao social, afirma presidente ao lançar ontem plano estratégico da instituição
BNDES deve espichar o seu "s", afirma FHC

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
O presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do BNDES, Francisco Gros, ontem na sede do banco no Rio de Janeiro


CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, durante a apresentação das linhas gerais do plano estratégico do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o período 2000-2005, que a prioridade do banco é "espichar" o "S" de social. FHC disse também que não há mais espaço no Brasil para o aumento de impostos.
"O "S" do BNDES vai ser um "S" com a perna cada vez mais espichada", disse o presidente, ao realçar que entre as sete prioridades do banco estatal para o próximo quinquênio a social "é a mais importante para a modernização progressista" do país. Segundo FHC, o banco já tem iniciativas importantes nessa área, mas elas "precisam ser generalizadas".
Ao destacar a privatização como outra das prioridades do banco, o presidente disse que não há espaço no Brasil para tributar mais a população. "Hoje nós chegamos a uma carga tributária que não se pode mais falar em impostos, senão, quando possível, em desonerá-los", disse.
Segundo FHC, a privatização é o caminho para se investir em setores para os quais o governo não tem disponibilidade de recursos. Ele destacou a área de energia elétrica como uma daquelas nas quais é preciso avançar.
Atualmente, a privatização dessa área está nas mãos do Ministério das Minas e Energia.
FHC fez um discurso de meia hora, na sede do BNDES, para apresentar as linhas gerais do plano estratégico do banco.
Em tom otimista, afirmando que "há uma conjuntura favorável" ao crescimento e ao que ele chamou de "modernização progressista" do país, FHC disse que o BNDES não pode ser a única alavanca do crescimento. Pregou o desenvolvimento do mercado de capitais como forma de captação de recursos pelas empresas.
Além dos já citados desenvolvimento social e privatização, ele relacionou outras cinco prioridades para o BNDES, todas, como as anteriores, já ressaltadas pelo banco como seus alvos principais.
Uma delas é a "modernização dos setores produtivos", com o objetivo de tornar as empresas brasileiras capazes de competir no mercado globalizado, ressalvando que os recursos do BNDES não serão usados para salvar empresas em dificuldades. "Não estamos aqui para salvar ninguém."
Outra prioridade é a modernização da infra-estrutura do país. Nesse campo, segundo ele, as prioridades, em termos de estradas, energia, telecomunicações e outras, já estão definidas no Plano Plurianual do governo, o chamado "Avança Brasil".
O financiamento às exportações será outra prioridade do banco. Também nessa área, FHC disse que "o BNDES tem papel-chave, mas não é o único (financiador)".
O apoio à micro, à pequena e à média empresa será outra prioridade. Segundo FHC, os anos 70 foram os dos grandes projetos, mas hoje é preciso apoiar a pequena empresa por sua importância na geração de empregos, sem descuidar das grandes.
O outro ponto destacado por FHC foi a atuação regional do BNDES como fator de redução das desigualdades entre as regiões do país. O presidente disse também que o BNDES não vai emprestar dinheiro sem retorno, mas ressalvou que o governo não descarta a possibilidade de subsidiar setores que precisem de recursos para se desenvolver e que não disponham desses recursos.
Hoje à tarde o presidente do BNDES, Francisco Gros, apresentará o detalhamento do plano estratégico do BNDES.



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