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INVESTIMENTO
Entrada de moeda estrangeira aumenta 10% em 99 no país, 23% na América Latina e 27% no mundo, diz Unctad
Fluxo de dólar cresce, mas menos que na AL
OSCAR PILAGALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O investimento estrangeiro no
Brasil, citado pelo governo como
indício do grau de confiança do
mercado internacional no país, é
relativizado pelo quadro comparativo divulgado ontem pela Unctad, órgão da ONU que trata de
comércio e desenvolvimento.
O fluxo desses dólares para o
Brasil aumentou, mas a um ritmo
mais lento do que o registrado no
mundo, na América Latina e até
em alguns países que concorrem
em condições semelhantes pelo
capital internacional.
A entrada de dinheiro no país
cresceu 10% no ano passado, enquanto os investimentos estrangeiros no mundo todo cresceram
27%, para US$ 865 bilhões.
Limitando-se a comparação à
América Latina, a evolução do
Brasil também pode ser considerada modesta. Os investimentos
estrangeiros na Argentina, por
exemplo, mais do que triplicaram
no mesmo período.
No país vizinho, os números foram inflados pelo investimento
gigantesco de US$ 13,2 bilhões feito pela espanhola Repsol na YPF.
Quanto ao Chile, dobraram para US$ 9,2 bilhões os investimentos feitos por estrangeiros.
Na América Latina, tudo somado, o fluxo foi de US$ 90 bilhões
em 99, um recorde que superou o
resultado de 98 em 23%.
Se a evolução dos investimentos
no Brasil foi pequena em termos
relativos, em números absolutos
o país continuou liderando na região. Com US$ 31,4 bilhões de investimentos, o país foi, pelo quarto ano consecutivo, o que mais
atraiu dólares na região.
O impacto desse dinheiro é
maior em economias de menor
porte do que no Brasil, onde fica
pulverizado em meio ao estoque
de capital já investido.
Na Bolívia, por exemplo, o fluxo
de capital estrangeiro entre 1996 e
1998 é equivalente a quase a metade (47,9%) do estoque de investimentos. O Brasil nem aparece na
lista com as 20 maiores porcentagens. O último país nesse ranking
é a Argentina, com 13%.
O relatório da Unctad, intitulado "World Investment Report-2000", nota que a liderança do
Brasil na região foi mantida apesar da adversa situação econômica, marcada pela instabilidade
que se seguiu à desvalorização,
em 99, e pela estagnação.
A manutenção da forte entrada
de capital estrangeiro no país resulta da adoção de um programa
econômico de orientação liberal.
Ao fazer essa opção já no início
dos anos 90, o Brasil seguiu uma
tendência mundial, agora retratada em números pela Unctad.
Em 1991, por exemplo, 35 países
introduziram, no total, 82 mudanças nos regimes de investimento, a quase totalidade delas
(80) mais favorável aos investimentos estrangeiros. A tendência
foi mantida durante toda a década, como mostra a tabela.
O Brasil foi um dos países que
mais introduziram reformas liberalizantes no período.
Os EUA continuaram a ser o
país que mais atraiu investidores.
Em 99, os estrangeiros colocaram
US$ 233 bilhões em empresas
americanas, comprando-lhes o
controle em megafusões.
É crescente o fluxo de investimentos para os EUA. Em 1997,
em só 7% dos negócios houve
perda do controle acionário por
grupos nacionais. Em 99, essa
participação superou os 25%.
Grande parte desse dinheiro é
transferida da Europa, e essa é
uma das razões pelas quais o euro
está desvalorizado. O interesse
europeu em empresas americanas obriga os investidores a se
desfazer do euro e comprar dólar.
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