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São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2003

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ESCALADA DAS AÇÕES

Bolsa paulista bate recordes e acumula ganhos em dólares de 86% em 2003, segundo agência

Bovespa tem maior alta do mundo no ano

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o avanço da reforma tributária no Senado e a divulgação de indicadores positivos da economia norte-americana, aumentaram ainda mais as compras de ações de empresas brasileiras. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) bateu recordes ontem e já é, em dólares, a mais valorizada do mundo, com alta acumulada de 86% neste ano.
Em reais, a valorização da Bolsa, bateu 51,65% no ano, melhor desempenho registrado desde 1999 para o mesmo período.
"Os indicadores de melhora no nível de emprego nos Estados Unidos foram fundamentais para o ótimo desempenho do mercado ontem", diz Alan Gandelman, sócio da corretora Ágora Sênior.
Segundo Gandelman, a recuperação do mercado de trabalho norte-americano tende a vir acompanhado de uma melhoria no nível de consumo do país:
"O bastião da economia norte-americana é o consumo que, por sua vez, depende do desempenho do mercado de trabalho que não vinha melhorando.

Juros nos EUA
Segundo analistas, a tendência é que os juros nos EUA se mantenham muito baixos e que os lucros das empresas aumentem. Tudo isso torna o mercado de ações escolha atrativa para os investidores.
Movidas por essa expectativa, as Bolsas norte-americanas subiram bastante ao longo do dia ontem. O Dow Jones encerrou o pregão com alta de 0,89% e a Nasdaq, Bolsa que reúne ações do setor de tecnologia, registrou valorização de 2,42%.
Esse movimento incentivou ainda mais o otimismo em relação aos mercados emergentes, que representam opções de alta rentabilidade em tempos de juros baixos nos países desenvolvidos.
A Bovespa foi uma das beneficiadas. Subiu 1,16% ontem, alcançando, com isso, 17.089 pontos, maior nível desde 14 de fevereiro de 2001 (17.120). O volume negociado também voltou a ser alto: R$ 1,142 bilhão.
Na semana, a Bovespa teve valorização de 8,08% e 51 papéis, dos 54 que compõem o índice do pregão paulista, fecharam em alta.

No mundo
A forte procura por ações de empresas brasileiras conduziu a Bolsa paulista ao posto de mais valorizada do mundo, com alta de 86% em dólares no ano, à frente de Venezuela (83,4%) e Argentina (83,35%). Os dados são da agência "Bloomberg", que pesquisa diariamente informações das principais Bolsas globais.
Apesar do forte empurrão do mercado externo, a notícia de avanços favoráveis ao governo no trâmite da reforma tributária também favoreceram o desempenho da Bovespa ontem.
"As notícias indicam que, embora longe do ideal, a reforma tributária começa a ter chances de sair melhor do que vínhamos esperando", afirma Clive Botelho, diretor de tesouraria do Banco Santos.
No Brasil, a expectativa de continuação na trajetória das taxas de juros é outro motor do mercado acionário.
Analistas têm se surpreendido, inclusive, com a forte demanda de pessoas físicas por ações. Dados divulgados ontem pela Bovespa revelam que, em setembro, esse grupo foi responsável por 26,5% do volume total negociado na Bolsa, percentual maior que os 24,7% de agosto.
Com isso, as pessoas físicas continuam na vice-liderança entre os grupos que mais operam na Bovespa, só perdendo para os investidores institucionais.

Até quanto?
Apesar do recente desempenho da Bolsa, analistas se perguntam até que nível o mercado pode subir. Há quem acredite que a Bovespa pode chegar a mais de 20.000 pontos até dezembro. Outros, como Gandelman da Ágora Sênior, são mais cautelosos: "Acho que a Bolsa atinge 18.000 pontos, mas pára por aí".


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