São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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MEDICAMENTOS

Após expansão no mercado interno, empresas investem para ganhar participação na União Européia e nos EUA

Genérico cresce no Brasil e mira a Europa

Marcos Peron/Folha Imagem
Linha de produção do laboratório EMS, em Hortolândia (SP)


SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na esteira da expansão da indústria de medicamentos genéricos, que cresceu 41% em agosto em relação a igual período do ano passado, as duas maiores fabricantes do setor -Medley e EMS- estão cruzando fronteiras.
Elas estão fincando suas bandeiras na Europa e se preparam para tentar conquistar também os Estados Unidos. Para as duas empresas, Portugal é a porta de acesso à União Européia. O país movimenta cerca de 200 milhões por ano com a venda de genéricos. A partir de Portugal, a Medley e a EMS poderão atingir os 25 países da União -que consomem US$ 10 bilhões anuais com esses medicamentos.
Para ter acesso a esses exigentes mercados, as empresas brasileiras têm de adaptar-se à legislação local que disciplina a produção e a venda de genéricos.
Isso inclui refazer as formulações, aprovar os produtos e licenciar as fábrica brasileiras nos organismos de controle sanitário dos Estados Unidos e da União Européia.
A EMS -onde o processo de internacionalização está mais avançado- já está licenciando sua fábrica de Hortolândia, na região de Campinas (São Paulo), na Infarmed -a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) portuguesa. Ela abriu uma divisão naquele país, a Germed Ltda., que começou a distribuir seus produtos no mercado português no mês passado.

De olho nos EUA
Inicialmente estão sendo vendidos quatro medicamentos genéricos dos 120 itens do seu portfólio. "Vamos fabricar uma parte dos produtos aqui e outra em Portugal, mediante terceirização da marca a um fabricante local, até que saia o licenciamento da nossa fábrica", diz Carlos Sanchez, presidente da EMS. Ele espera que a aprovação da fábrica brasileira aconteça neste mês.
Os próximos passos, segundo Sanchez, serão a entrada na Espanha, na França, na Itália, na Áustria, na Dinamarca e na Grécia e a expansão do leque de produtos. "A meta é "europeizar" um produto por mês", diz Sanchez.
Segundo ele, o dossiê para a liberação de cada medicamento custa 250 mil. Estão previstos investimentos de 5 milhões para ingressar no mercado europeu.
No próximo ano, a EMS deverá entrar também no mercado americano, inicialmente com um produto apenas. "Em março, vamos pedir a inspeção da fábrica pelas autoridades sanitárias americanas", diz Sanchez.
Para atender a mais esse mercado, que movimenta US$ 10 bilhões anuais, Sanchez diz que terá de aumentar a capacidade de produção da empresa. "No ano que vem, vamos construir uma nova fábrica no complexo industrial de Hortolândia", afirma.
A empresa é a segunda maior fabricante de genéricos, com 19,8% do faturamento do setor. Em agosto, a indústria de genéricos faturou US$ 39,7 milhões, valor 48% superior ao de igual período de 2003, segundo dados do IMS Health, que audita a indústria farmacêutica no país.

Medley
A Medley, líder de mercado, com 25,5% do faturamento do setor, já tem contratos assinados para exportar genéricos para a Venezuela, o México, a Argentina e o Chile. A empresa se prepara para entrar no mercado europeu no próximo ano.
Para isso, já possui um parceiro em Portugal que irá distribuir seus produtos sob licença. "O objetivo é entrar com medicamentos que ainda estão sob proteção de patentes, que têm mais mercado e preço melhor", diz Valdir Barbosa, diretor de marketing e desenvolvimento de negócios da empresa.
A guinada das fabricantes de genéricos para o exterior é resultado dos investimentos de mais de R$ 200 milhões feitos pelas indústrias locais nos últimos quatro anos, segundo Vera Valente, diretora-executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos.
Esses recursos foram destinados só a testes que verificam a eficácia dos produtos -que os compara com os remédios de marca- e à certificação, pela Anvisa, de boas práticas de fabricação.
Os medicamentos que não passam por esses testes de eficácia são classificados como similares aos de marca.

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