São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FOLHAINVEST

MERCADO FINANCEIRO

Segundo analistas, a depender dos indicadores desta semana, BC pode fazer ajuste mais suave nos juros

Índices devem apontar recuo na inflação


MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os vários índices de inflação que saem nesta semana devem apontar nova desaceleração de preços, segundo prevêem analistas.
Caso esse arrefecimento se confirme, inclusive nos núcleos, o Banco Central pode ser levado a fazer um ajuste mais suave nos juros do que indicaram a ata do Copom e o duro relatório de inflação divulgados recentemente.
Um número crescente de analistas considera a possibilidade de que, firmado um cenário de inflação mais favorável, os juros terminem o ano abaixo de 17% (hoje estão em 16,25%).
"Ao mesmo tempo em que o BC solta um relatório de inflação surpreendentemente áspero, a inflação desacelera e a atividade econômica está um pouco mais fraca na margem. Se os núcleos apontarem queda, o BC precisará olhar com mais calma para essa necessidade de subir muito os juros", diz Carlos Eduardo Gonçalves, professor da USP e economista da consultoria MCM.
Jorge Simino, sócio-diretor da MS Consult, lembra que a desaceleração da inflação já era prevista por alguns analistas.
"O Copom poderia ter esperado mais um mês antes de subir os juros. Essa desaceleração dos índices de preços ajudou a conter as expectativas do mercado, mas ocorrerão mais dois ou três aumentos até o final do ano."
A expectativa dominante no mercado é que os juros básicos fechem o ano em 17%.

Alta dos combustíveis
O esperado reajuste dos combustíveis já está nas projeções do BC. O petróleo, que se firmou em patamar mais alto, fechou na sexta-feira acima de US$ 50 o barril.
O mercado estima que a Petrobras reajustará a gasolina em 10%, o que deve causar alta de 0,4 ponto percentual no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Espera-se um comportamento favorável dos preços nos indicadores que serão divulgados nesta semana, principalmente graças à colaboração dos grupos alimentação e tarifas, segundo o Departamento de Pesquisas e Estudos do Bradesco.
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) da FGV, que sai hoje, e o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe de setembro, que será conhecido amanhã, devem se beneficiar da queda dos preços dos alimentos e também das tarifas públicas -no caso do segundo indicador.
Na quarta, será conhecido outro indicador da FGV, o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) de setembro. Segundo analistas do Bradesco, o IPA (Índice de Preços no Atacado) deverá ficar estável.
A primeira prévia do IGP-M deste mês (Índice Geral de Preços do Mercado), também da FGV, sai na quinta-feira.
O IGP-M desacelerou para 0,69% em setembro e surpreendeu alguns economistas, que não esperavam a queda de 0,53 ponto percentual em relação a agosto.
Os preços dos agropecuários e dos produtos industriais desaceleraram. Neste mês, porém, novos reajustes do aço e de petroquímicos podem pressionar o indicador, segundo analistas.
Na primeira prévia deste mês, porém, o IPA industrial e o IPC não devem atrapalhar o desempenho favorável do índice.
E, na sexta-feira, sai o IPCA do mês passado, importante por ser o indicador que norteia as decisões do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central.
A expectativa é que os preços dos transportes e da alimentação contribuam para que o indicador feche em 0,40%, em queda em relação ao mês anterior.

Texto Anterior: Paulista vence disputa de setembro
Próximo Texto: Efeito colateral: Câmbio restaura substituição de importados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.