São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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Sindicatos recusam proposta de bancos e ameaçam greve

Assembléias hoje devem aprovar paralisação por tempo indeterminado; em seis capitais, bancários já estão parados

Instituições oferecem reposição da inflação de 12 meses, mas funcionários pleiteiam aumento real


CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Comando Nacional dos Bancários, que representa 400 mil funcionários em campanha salarial no país, recusou a nova proposta de reajuste da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) e orientou os sindicatos da categoria a aprovar greve por tempo indeterminado a partir de amanhã.
A decisão deve ser referendada pelos funcionários dos bancos públicos e privados em assembléias marcadas para ocorrer hoje à noite em todo o país.
A proposta da Fenaban prevê reajuste de 2,85% -percentual que corresponde à inflação medida pelo INPC acumulado nos últimos 12 meses-, além de participação nos lucros e resultados (PLR) de 80% do salário mais R$ 823 fixos.
Também está previsto o pagamento de um adicional de R$ 750 para os funcionários das instituições financeiras que tiverem crescimento do lucro líquido de, no mínimo, 20% em relação ao ano passado.
Na negociação anterior, a federação havia oferecido 2% de reajuste salarial e PLR com adicional de R$ 500 para os bancos que obtivessem lucro de 25% sobre o resultado de 2005.
"A campanha salarial foi pautada no aumento real de salário. Os bancários reivindicam 7,05%, além do INPC. No ano passado, a Fenaban concedeu reajuste acima da inflação após uma greve de seis dias", disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo (CUT).
Para Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT (confederação que informa representar 108 sindicatos filiados à central) e integrante do comando nacional, o aumento de 40% no lucro líquido obtido pelo setor no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2005 permite uma "melhora considerável" na oferta salarial. "Em 2005, além da PLR, houve pagamento de abono de R$ 700", disse.
"Concedemos reposição da inflação e aumentamos o valor da PLR em 50%. Já fizemos duas propostas e não recebemos nenhuma contraproposta", afirmou Magnus Apostólico, coordenador de negociações trabalhistas da Fenaban. "O que eles querem?"
Em São Paulo, onde trabalham 106 mil bancários, a assembléia dos funcionários está marcada para hoje, às 19h.
Apesar de o comando indicar greve a partir de amanhã, várias regiões já fazem paralisações desde a semana passada.
Estão parados funcionários de seis capitais (Rio, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Salvador, Florianópolis), seis Estados (PE, SE, MA, RN, AL, PI) e duas cidades -Campina Grande (PB) e Bauru (SP).
Em Brasília, os bancários fizeram passeata até o Ministério do Planejamento. Em Belo Horizonte, a paralisação atingiu ao menos 87 agências.
Nem Caixa Econômica Federal, nem Banco do Brasil divulgaram ontem o número de agências atingidas pela greve.
A oposição bancária, integrada por sindicalistas do PSTU e do PSOL, vai pedir à Fenaban, ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal para negociar separadamente do comando nacional. O grupo quer ainda a formação de um "comando de base" -formado por sindicatos de oposição.

Serviço
A Fenaban recomenda aos clientes que tiverem dificuldades utilizar os serviços das cerca de 17,5 mil agências do país procurar os 69,5 mil estabelecimentos que realizam operações bancárias (como lotéricas, farmácias e outros), além da internet e serviços telefônicos.


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